11. A Linha de Massas

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O povo, e só o povo, constitui a força motriz na criação da história universal.

As massas são os verdadeiros heróis, enquanto que frequentes vezes nós somos de uma ingenuidade ridícula. Se não compreendermos isso, ser-nos-á impossível adquirir até os conhecimentos mais elementares.

As massas populares dispõem de um poder criador ilimitado. Elas podem organizar-se e marchar para todos os lugares e setores de trabalho onde possam dar livre curso à sua energia. Elas podem orientar-se para a produção, tanto em profundidade como em extensão, criando para si próprias um número crescente de obras de bem-estar.

A expansão atual do movimento camponês constitui um acontecimento colossal. Em muito pouco tempo, nas províncias do Centro, Sul e Norte da China, várias centenas de milhões de camponeses hão-de levantar-se como um poderoso furacão, uma tempestade, uma força tão vertiginosa e violenta que nenhum poder, por maior que seja, poderá deter. Eles quebrarão todas as cadeias que os acorrentam e lançar-se-ão no caminho da libertação. Sepultarão todos os imperialistas, caudilhos militares, funcionários corrompidos, déspotas locais e maus nobres. Todos os partidos revolucionários e todos os camaradas revolucionários serão postos à prova pelos camponeses, sendo aceites ou rejeitados segundo a escolha que tiverem feito. Há três alternativas: marchar à frente dos camponeses e dirigi-los? Ficar atrás deles, gesticulando e criticando? Erguer-se diante deles para combatê-los? Cada chinês está livre para escolher dentre essas três alternativas, e os acontecimentos forçarão toda a gente a fazer rapidamente a escolha.

Atualmente, o auge da transformação social no campo, o auge da cooperativização, atingiu já algumas localidades de abarcará em breve o conjunto do país. Trata-se de um vasto movimento revolucionário socialista que envolve uma população rural de mais de quinhentos milhões de indivíduos, e que tem um enorme significado à escala mundial. Nós devemos dirigir esse movimento de maneira ativa, entusiástica e planificadamente, e nunca fazê-lo voltar atrás, seja por este ou por aquele processo. Certos desvios são inevitáveis no decurso desse movimento; isso é compreensível, e não constituirá coisa difícil de corrigir. Os defeitos ou erros dos quadros e dos camponeses podem ser superados ou corrigidos desde que os ajudemos ativamente.

As massas têm um entusiasmo potencial inesgotável pelo socialismo. Aqueles que, mesmo num período revolucionário, não sabem mais do que seguir a velha rotina, são absolutamente incapazes de perceber tal entusiasmo. Estão cegos, tudo é escuridão para eles. Por vezes, chegam a ir tão longe que confundem o certo com o errado e apresentam aquilo que é preto como branco. Acaso são poucas as pessoas desse tipo com que nos temos encontrado? Os que apenas seguem a velha rotina subestimam invariavelmente o entusiasmos popular. Assim que aparecer uma coisa nova eles precipitam-se a desaprová-la e a fazer-lhe oposição. Mas tarde, têm de dar-se por vencidos e fazem um pouco de autocrítica. Contudo, na vez seguinte, logo que alguma coisa nova volta a aparecer, eles tornam a recorrer ao mesmo processo. Esse é o seu modo de agir frente a tudo quanto seja novo. Os indivíduos assim permanecem sempre passivos, nunca avançam no momento crítico e necessitam sempre que se lhes dê uma forte palmada nas costas para que deem um passo em frente.

Durante mais de vinte anos o nosso Partido vem realizando um trabalho de massas diário, e desde há mais de dez anos que vem falando quotidianamente na linha de massas. Nós temos sempre sustentado que a revolução deve apoiar-se nas massas populares, contar com a participação de todos, e temos sempre combatido a simples confiança num punhado de indivíduos que ditam ordens. Contudo, no trabalho de alguns camarada, a linha de massas não está ainda a ser aplicada integralmente; eles ainda confiam apenas num punhado de indivíduos que trabalham num frio e quieto isolamento. Uma das razões disso é que, façam o que fizerem, eles têm sempre relutância em dar explicações às pessoas que dirigem e não sabem como dar livre curso à iniciativa e energia criadora destas. Subjetivamente, eles também desejam que todos participem no trabalho, mas não dizem que todos participem no trabalho, mas não dizem aos outros o que se deve e como se deve fazer. Sendo assim, como pode esperar-se que todos se ponham em movimento e as coisas sejam bem feitas? Para resolver esse problema, o essencial é, naturalmente, dar uma educação ideológica sobre a linha de massas, devendo-se, ao mesmo tempo, ensinar a esses camaradas muitos dos métodos concretos de trabalho.

A experiência dos últimos vinte e quatro anos mostra-nos que toda a tarefa, toda a política e estilo de trabalho corretos correspondem invariavelmente às exigências das massas num momento e num lugar dados, e reforçam os nossos laços com estas; ao passo que as tarefas, as políticas e os estilos de trabalho incorretos nunca correspondem às exigências das massas do dado momento e lugar, afastando-nos invariavelmente delas. A razão por que os males como o dogmatismo, empirismo, dirigismo, seguidismo, sectarismo, burocratismo e atitude arrogante no trabalho são absolutamente nocivos e intoleráveis, e os que disso sofrem devem fazer tudo por eliminá-los, está no fato de tais males nos afastarem das massas.

Para ligar-se às massas importa agir de acordo com as necessidades e aspirações das massas. Todo o trabalho para as massas deve partir das necessidades destas, e não do desejo deste ou daquele indivíduo, ainda que bem-intencionado. Acontece frequentes vezes que, objetivamente, as massas necessitam de certa mudança mas, subjetivamente, não estão ainda conscientes dessa necessidade, não a desejam ou ainda não estão determinadas a realizá-la. Nesse caso devemos esperar pacientemente. Não devemos realizar tal mudança senão quando, em virtude do nosso trabalho, a maioria das massas se tenha tomado consciente dessa necessidade e esteja desejosa e determinada a realizá-la. Doutro modo, isolamo-nos das massas. Enquanto as massas não estão conscientes e desejosas, toda a espécie de trabalho que requer a sua participação resulta em mera formalidade e termina num fracasso (...) Há dois princípios aqui: um, é o das necessidades reais das massas, e não aquilo que imaginamos serem as suas necessidades; o outro, é o do desejo livremente expresso pelas massas, as decisões que estas tomam por si próprias, e não as decisões que nós tomamos em seu lugar.

O nosso congresso deve apelar para que o Partido inteiro seja vigilante e vele por que nenhum camarada, em qualquer posto de trabalho, se aparte das massas populares. É necessário ensinar cada camarada a amar as massas populares e a ouvir-lhes atentamente a voz; a identificar-se com as massas onde quer que se encontre e, em vez de colocar-se acima delas, penetrar profundamente no seu seio, despertá-las, elevar-lhes a consciência política de acordo com o seu nível atual e ajudá-las, passo a passo e segundo o princípio da plena voluntariedade, a organizar-se e a travar todos os combates essenciais permitidos pelas circunstâncias internas e externas de cada momento e lugar.

Se tentássemos passar à ofensiva quando as massas ainda não estivessem despertadas, isso seria aventureirismo. Se insistíssemos em levas as massas a fazer alguma coisa contra a sua própria vontade, o resultado seria, inevitavelmente, um fracasso. Se nós não avançássemos quando as massas pedissem que se avançasse, isso seria oportunismo de direita.

O autoritarismo é errôneo, seja em que tipo de trabalho for, porque ultrapassa o nível de consciência política das massas e viola o princípio da ação voluntária destas; é uma manifestação daquele mal chamado precipitação. Os nossos camaradas não devem pensar que tudo o que eles compreendem é também compreendido pelas grandes massas. Só penetrando no seio das massas, e fazendo investigações, se pode descobrir se estas compreendem ou não um assunto e estão ou não prontas a passar à ação. Se procedermos assim, poderemos evitar o autoritarismo. Seja em que tipo de trabalho for, o seguidismo é igualmente errôneo, já que se mantém abaixo do nível de consciência política das massas e viola o princípio de dirigi-las no seu avanço; é uma manifestação daquele outro mal chamado lentidão. Os nossos camaradas não devem pensar que as massas não compreendem aquilo que eles próprios ainda não compreenderam. Frequentes vezes acontece que as grandes massas nos ultrapassam e estão ansiosas por avançar um passo, enquanto os nossos camaradas são incapazes de atuar como dirigentes destas, refletem as opiniões de certos elementos atrasados, tomam-nas erradamente pelas opiniões das grandes massas, e põem-se assim a reboque desses elementos atrasados.

Recolher as ideias das massas, concentrá-las e levá-las de novo às massas a fim de que estas as apliquem firmemente, e chegar assim a elaborar ideias justas de direção. Tal é o método fundamental de direção.

Em todo o trabalho prático do nosso Partido, toda a direção correta é necessariamente "das massas para as massas". Isso significa recolher as ideias das massas (ideias dispersas, não sistemáticas), concentrá-las (transformá-las por meio do estudo em ideias sintetizadas e sistematizadas), ir de novo às massas para propagá-las e explicá-las de maneira que as massas as tomem como suas, persistam nelas e as traduzam em ação; e ainda verificar a justeza dessas ideias no decorrer da própria ação das massas. Depois é preciso voltar a concentrar as ideias das massas e levá-las outra vez às massas, para que estas persistam nelas e as apliquem firmemente. Sucessivamente, repetindo-se infinitamente esse processo, as ideias vão-se tornando cada vez mais corretas, mais vivas e mais ricas. Tal é a teoria marxista do conhecimento.

Devemos ir ao seio das massas, aprender com elas, sintetizar as suas experiências e deduzir destas princípios e métodos ainda melhores e sistemáticos, explicá-los então às massas (fazer propaganda) e chamá-las a pô-los em prática, de maneira que resolvam os seus problemas e alcancem a libertação e felicidade.

Em certas localidades, nos nosso órgãos de direção há pessoas que pensam ser suficiente que apenas os dirigentes conheçam a política do Partido, não se tornando necessário dá-la a conhecer às massas. Essa é uma das razões fundamentais por que uma parte do nosso trabalho não podido realizar-se bem.

Em todos os movimentos de massas devemos proceder a uma investigação e análise básica do número de partidários ativos, de opositores e dos que se mantêm numa posição intermédia, e não decidir sobre os problemas de uma maneira subjetiva e sem fundamento.

Em qualquer lugar, as massas compõem-se geralmente de três categorias de indivíduos: os que são relativamente ativos, os intermediários e os que são relativamente atrasados. Assim, os dirigentes devem saber unir à volta da direção o pequeno número de elementos ativos e apoiar-se neles para elevar o nível dos elementos intermédios e conquistar os elementos atrasados.

Saber converter a política do Partido em ação das massas, saber conseguir que os quadros dirigentes e também as grandes massas compreendam e dominem cada movimento e cada luta que fazemos, isso é arte de direção marxista-leninista. Ela é também a linha divisória que permite determinar se cometemos ou não erros no nosso trabalho.

Por muito ativo que seja o grupo dirigente, a sua atividade reduzir-se-á a esforço infrutífero dum punhado de indivíduos se não for combinada com a atividade das grandes massas. Por outro lado, se apenas as grandes massas são ativas, e não há um forte núcleo dirigente que organize adequadamente essa atividade, ela não poderá ser mantida por muito tempo, não poderá avançar na justa direção nem atingir nível mais elevado.

Produção pelas massas, interesses das massas, experiência e estado de ânimo das massas - eis ao que os quadros dirigentes devem prestar uma constante atenção.

Devemos prestar uma profunda atenção aos problemas da vida das massas, desde os problemas da terra e do trabalho aos problemas dos combustíveis, do arroz, dos óleos de cozinha e do sal (...) Todos esses problemas que dizem respeito à vida das massas devem ser postos na nossa ordem do dia. Devemos discuti-los, tomar decisões e aplicá-las, controlando osrespectivos resultados. Devemos fazer com que as grandes massas compreendam que nós representamos os seus interesses, que respiramos o mesmo ar que elas. Devemos ajudá-las a, partindo dessas realidades, chegar à compreensão das tarefas mais elevadas que temos proposto, as tarefas da guerra revolucionária, de maneira que apoiem a revolução, a estendam pelo país inteiro, respondam aos nossos apelos políticos e lutem até ao fim pela vitória da revolução.


O Livro Vermelho - Citações do Presidente Mao TsetungWhere stories live. Discover now