12. O Trabalho Político

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Naquele tempo [durante a Primeira Guerra Civil Revolucionária de 1924-1927] foi instituído no exército o sistema de representantes do Partido e de departamento políticos, sistema desconhecido até então na história da China e que mudou totalmente a fisionomia do exército. Tanto o Exército Vermelho, a partir de 1927, como o atual VIII Exército herdaram e desenvolveram esse sistema.

Foi na base da guerra popular e dos princípios de unidade entre o exército e o povo, de unidade entre os comandantes e os combatentes, e de desintegração das forças inimigas que o Exército Popular de Libertação realizou um vigoroso trabalho político revolucionário, o qual constitui um fator importante na conquista da vitória sobre o inimigo.

Este exército elaborou um sistema de trabalho político indispensável à guerra popular e que visa a realizar a unidade dentro das suas próprias fileiras, a unidade com os exércitos amigos, a unidade com o povo, a desagregação das forças inimigas e a garantir a vitória nos combates.

O trabalho político é vital para todo o nosso trabalho econômico. Isto é particularmente verdadeiro num período em que o sistema social e econômico está registrando uma mudança fundamental.

"As células do Partido são organizadas na base da companhia"; essa é uma das razões importantes pelas quais o Exército Vermelho tem sido capaz de manter-se indestrutível num combate tão árduo.

O trabalho político do VIII Exército guia-se por três princípios fundamentais:
1) Primeiro, o princípio de unidade entre oficiais e soldados, significando liquidação das práticas feudais no exército, proibição de bater e insultar, instauração duma disciplina consciente e adoção dum tipo de vida em que oficiais e soldados compartilham alegrias e penas, em resultado do que o exército inteiro se encontra estreitamente unido.
2) Segundo, o princípio de unidade entre exército e povo, o que significa a observação duma disciplina que não tolera a mais pequena violação dos interesses populares, a realização duma propaganda entre as massas, a organização e o armamento das massas, a diminuição das cargas econômicas destas e a repressão dos traidores e dos traidores à pátria, que prejudicam o exército e o povo, em resultado do que o exército se encontra estreitamente unido ao povo e é bem recebido por este em toda a parte.
3) Terceiro, o princípio de desintegração das forças inimigas e tratamento clemente aos prisioneiros de guerra. A nossa vitória não depende apenas das operações militares, ela depende também da desintegração das forças do inimigo.

As nossas tropas devem observar princípios corretos que comandam as relações entre o exército e o povo, entre o exército e o governo, entre o exército e o Partido, entre os oficiais e os soldados, entre o trabalho militar e o trabalho político, bem como a relação entre os quadros, em caso nenhum devendo cair nos vícios do caudilhismo militar. Os oficiais devem preocupar-se pelos soldados, não ser indiferentes com relação a estes nem recorrer a ofensas corporais. O exército deve amar o povo e nunca violar os seus interesses. O exército deve respeitar o governo e o Partido e nunca "reclamar independência" com relação a este.

A nossa política com relação aos prisioneiros, quer provenham das forças japonesas, fantoches ou anticomunistas, é pô-los em liberdade, excetuando-se os que incorreram no ódio profundo das massas e devem sofrer a pena capital, uma vez que as respectivas sentenças de morte tenham sido ratificadas pelas instâncias superiores. Entre os prisioneiros, aqueles que foram obrigados a integrar-se nas forças reacionárias, mas que se inclinam mais ou menos em favor da revolução, devem ser ganhos em massa para o serviço no nosso exército; todos os demais prisioneiros devem ser postos em liberdade; e se, voltando a combater-nos, tornam a cair prisioneiros, devemos pô-los mais uma vez em liberdade. Nós não devemos insulta-los, apoderar-nos dos seus bens pessoais ou tentar arrancar-lhes retratações, mas antes tratá-los com sinceridade, com afabilidade, e isso sem qualquer exceção. Essa deve ser a nossa política, por mais reacionários que eles sejam. Isso constitui um meio muito eficaz para o isolar o campo reacionário.

As armas são um fator importante na guerra, mas não são o fator decisivo. A correlação de forças não é apenas uma correlação de poder militar e econômico, ela é também uma correlação, de recursos humanos e força moral. O poder militar e econômico está necessariamente dominado pelo homem.

A bomba atômica é um tigre de papel que os reacionários norte-americanos utilizam para amedrontar as pessoas. Parece terrível, mas na realidade não o é. Claro que a bomba atômica é uma arma de matança em grande escala, mas o resultado de um guerra é decidido pelo povo e não por uma ou duas armas de novo tipo.

Os soldados são a base de um exército. Enquanto eles não estiverem imbuídos de um espírito político progressista, e enquanto esse espírito não lhes for inculcado através de um trabalho político progressivo, torna-se impossível alcançar uma autêntica unidade entre oficiais e soldados, despertar-lhes um máximo de entusiasmo pela Guerra de Resistência, assim como se torna impossível garantir uma boa base para obter a máxima eficácia da nossa técnica e das nossas táticas.

O ponto de vista puramente militar está muito difundido entre uma parte dos camaradas do Exército Vermelho. Esse ponto de vista manifesta-se do modo seguinte:
1. Veem-se como opostos os assuntos militar e os assuntos políticos e não se quer reconhecer que os assuntos militares são apenas um dos meios para a realização das tarefas políticas. Alguns chegam mesmo ao ponto de dizer que "se as coisas vão bem no plano militar, necessariamente vão bem no plano político, e que se vão mal no plano militar, não podem ir bem no plano político", o que é ir ainda mais longe, dando aos assuntos militares uma posição de comando sobre a política.

A educação ideológica é a chave que importa dominar na realização da unidade do conjunto do Partido com vista às grandes lutas políticas. Enquanto não se consegue isso, o Partido não pode cumprir nenhuma das suas tarefas políticas.

Nestes últimos tempos, tem-se verificado uma quebra no trabalho ideológico e político entre os intelectuais e os jovens estudantes, e surgiram certos desvios. A algumas pessoas parece que já não é necessária a preocupação pela política, pelo futuro da Pátria, e pelos ideais da humanidade. Parece-lhes que o marxismo, tão na moda em certas época, já não o está tanto agora. Para enfrentar tal situação é necessário reforçar o nosso trabalho ideológico e político. Tanto os intelectuais como os jovens estudantes devem aplicar-se a fundo. Além do estudo das suas especialidades, eles devem fazer progressos, tanto ideológica como politicamente, isto é, devem estudar o marxismo, os problemas da atualidade e as questões políticas. Não possuir um ponto de vista político correto é como não ter alma (...) Todos os departamentos e organizações devem assumir as suas responsabilidades de trabalho ideológico e político. Isso aplica-se tanto ao Partido Comunista, como à Liga da Juventude, aos departamentos governamentais encarregados desse trabalho e, em especial, aos diretores e professores dos estabelecimentos de ensino.

Depois que receberam uma educação política, todos os soldados do Exército Vermelho ganharam consciência de classe e adquiriram noções gerais a respeito da distribuição das terras, estabelecimento do poder político, armamento dos operários e camponeses, etc, e sabem que estão lutando para si mesmos, para a classe operária e a classe camponesa. Assim, eles podem suportar sem queixar-se dos rigores desta dura luta. Cada companhia, cada batalhão ou regimento tem o seu comitê de soldados, o qual representa os interesses destes e executa o trabalho político e o trabalho no seio das massas populares.

O desenrolar correto do movimento de apresentação das queixas (denúncia dos sofrimentos impostos ao povo trabalhador pela velha sociedade e pelos reacionários) e do movimento das três verificações (verificação da origem de classe, cumprimento das tarefas e vontade de luta) elevou consideravelmente a consciência política dos comandantes e combatentes de todo o exército na luta pela emancipação das massas trabalhadoras exploradas, pela reforma agrária em todo o país e pela destruição do inimigo comum do povo, a quadrilha de Tchiang Kai-Chek. Ao mesmo tempo, esse movimento reforçou consideravelmente a já firme unidade existente entre os comandantes e combatentes sob a direção do Partido Comunista. Nessa base, o exército conseguiu uma maior pureza nas suas unidades, reforçou a disciplina, expandiu o movimento de massas para a instrução militar e desenvolveu ainda mais a democracia política, econômica e militar, segundo uma via bem orientada e ordenada. Desse modo, o exército uniu-se como um só homem, contribuindo cada membro com as suas ideias e a sua energia; é um exército que não teme sacrifícios, sabe vencer as dificuldades materiais e dá provas de intrepidez e heroísmo coletivos na destruição do inimigo. Um exército assim é invencível.

Nos últimos meses, quase todas as unidades do Exército Popular de Libertação utilizaram os intervalos entre as batalhas para um vasto trabalho de instrução e consolidação. Esse trabalho tem sido realizado com orientação. Esse trabalho tem sido realizado com orientação perfeita e de maneira ordenada e democrática. Com isso estimulou-se o fervor revolucionário da grande massa de comandantes e combatentes, habilitando-os a compreender claramente o objetivo da guerra, eliminaram-se certas tendências ideológicas incorretas e certas manifestações indesejáveis no seio do exército, educaram-se os quadros e os combatentes, e elevou-se enormemente a capacidade de combate do exército. Daqui em diante, temos de continuar a realizar esse novo tipo de movimento de educação ideológica no exército, um movimento que apresenta um caráter democrático e de massas.

A política de ensino, da Academia Militar e Política Anti-Japonesa, consiste em cultivar a firmeza e a correção da orientação política, a tenacidade e simplicidade do estilo de trabalho e a flexibilidade e agilidade da estratégia e da tática. Esses são os três princípios indispensáveis à formação de um combatente revolucionário anti-japonês. É de acordo com esses três princípios que o pessoal administrativo e os professores prosseguem o seu trabalho e, os alunos, os seus estudos.

A nossa nação teve sempre um estilo de luta dura que nós devemos desenvolver (...) O Partido Comunista preconizou sempre uma orientação política firme e correta (...) Tal orientação está inseparavelmente ligada a um estilo de dura luta. Sem uma orientação política firme e correta é impossível promover esse estilo de luta. E sem um estilo de luta dura é impossível manter uma orientação política firme e correta.

Unidade, dinamismo, seriedade e vivacidade.

O que conta realmente no mundo é ser consciente; é nesse sentido que se esforça particularmente o Partido Comunista.



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