3. Socialismo e Comunismo

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O comunismo é simultaneamente um sistema completo de ideologia proletária e um novo regime social. Esse sistema e esse regime diferem de qualquer outro sistema ideológico ou regime social, e são os mais completos, progressistas, revolucionários e racionais da história da humanidade. O sistema ideológico e o regime social do feudalismo já entraram no museu da história. O sistema ideológico e o regime social do capitalismo também se converteram já numa peça de museu, em certa parte do mundo (na União Soviética), enquanto que nos demais países se assemelham a "um moribundo que declina rapidamente, tal como o sol por trás das colinas do ocidente". Em breve entrarão igualmente no museu. Só o sistema ideológico e o regime social do comunismo estão plenos de juventude e vitalidade, propagando-se pelo mundo inteiro com a impetuosidade da avalancha e a força do raio.

O sistema socialista acabará por substituir o sistema capitalista; essa é uma lei objetiva, independente da vontade do homem. Por muito que os reacionários tentem impedir o avanço da roda da história, tarde ou cedo a revolução se fará e conquistará inevitavelmente a vitória.

Nós, comunistas, jamais dissimulamos as nossas aspirações políticas. Está bem definido, não cabe a menor dúvida, que o nosso programa de futuro, o nosso programa máximo, é fazer avançar a China para o socialismo e para o comunismo. Tanto o nome do nosso Partido como a nossa concepção marxista do mundo apontam inequivocamente para esse ideal supremo de futuro, para esse ideal incomparavelmente belo e radioso.

Visto no seu conjunto, na China, o movimento revolucionário dirigido pelo Partido Comunista é um movimento integral que abrange duas etapas, isto é, a revolução democrática e a revolução socialista, que são dois processos revolucionários essencialmente diferentes, sendo que o segundo processo só pode ser realizado depois que o primeiro tenha sido concluído. A revolução democrática é a preparação necessária para a revolução socialista e a revolução socialista é a tendência inevitável da revolução democrática. O objetivo último por que se batem todos os comunistas é a instauração definitiva de uma sociedade socialista e comunista.

A revolução socialista visa a libertação das forças produtivas. A transformação da propriedade individual em propriedade coletiva socialista na agricultura e no artesanato, e a transformação da propriedade capitalista em propriedade socialista na indústria e no comércio privados, provocarão inevitavelmente uma libertação, considerável das forças produtivas. Assim, ter-se-ão criado as condições sociais para uma tremenda expansão da produção agrícola e industrial.

Atualmente, nós realizamos uma revolução não apenas no sistema social, transformação da propriedade privada em propriedade pública mas também na técnica, transformação da produção artesanal em grande produção mecanizada moderna. Essas duas revoluções estão ligadas entre si. Na agricultura, dadas as condições do nosso país, a cooperativização deve preceder o emprego das grandes máquinas(nos países capitalistas a agricultura desenvolve-se numa via capitalista). Assim, em nenhum caso devemos tratar a indústria e a agricultura, a industrialização socialista e a transformação socialista da agricultura, como duas coisas separadas e isoladas, e de nenhuma maneira devemos destacar uma e rebaixar a outra.

O novo sistema social acaba apenas de ser estabelecido e requer um certo tempo para que se consolide. Não se deve pensar que o novo sistema pode ser completamente consolidado logo após a sua instauração, pois isso não é possível. Há que consolidá-lo passo a passo. Para se concluir a consolidação definitiva, é necessário não somente realizar a industrialização socialista do país e preservar na revolução socialista sobre a frente econômica, mas também realizar uma luta revolucionária e uma educação socialistas constantes e árduas, quer na frente política quer na frente ideológica. Além disso, torna-se necessária ainda a contribuição de diversos fatores internacionais.

No nosso país, a luta para consolidar o sistema socialista, a luta que decidirá da vitória do socialismo ou do capitalismo, há de entender-se ainda por um longo período histórico. Contudo, é preciso que todos compreendamos que o novo sistema socialista há de indubitavelmente consolidar-se. Nós poderemos seguramente construir um Estado socialista dotado de um indústria, agricultura, ciência e cultura modernas.

São muito poucos os intelectuais hostis ao nosso Estado. Eles não gostam do nosso Estado de ditadura do proletariado, e suspiram pela velha sociedade. Sempre que surge uma oportunidade, fomentam desordens, tentam derrubas o Partido Comunista e restaurar a velha China. Entre a via proletária e a via burguesa, entre a via socialista e a capitalista, esses indivíduos obstinam-se em querer segui a última via. Como na realidade tal caminho é impossível, eles estão efetivamente prontos a capitular frente ao imperialismo, feudalismo e capitalismo burocrático. Tais indivíduos encontram-se nos círculos políticos, industriais, comerciais, culturais, educacionais, científicos, tecnológicos e religiosos, e são reacionários ao extremo.

O problema sério é a educação dos camponeses. A economia camponesa é dispersa e a socialização da agricultura, a julgar pela experiência da União Soviética, requererá muito tempo e um trabalho minucioso. Sem socialização da agricultura não pode haver socialismo completo, consolidado.

Nós devemos ter confiança em que, primeiro, as grandes massas camponesas estão dispostas a avançar passo a passo, sob a direção do Partido, pela via do socialismo; segundo, o Partido é capaz de dirigir os camponeses ao longo dessa via. Esses dois pontos constituem a essência da questão e a corrente principal.

Nas cooperativas, os órgãos dirigentes devem assegurar, no seu seio, a predominância dos camponeses pobres atuais e dos novos camponeses médios da camada inferior, tendo como força auxiliar os antigos camponeses médios da camada inferior e os antigos ou novos camponeses médios da camada superior. Só assim se poderá em conformidade com a política do Partido, alcançar a unidade entre os camponeses pobres e os médios, consolidar as cooperativas, expandir a produção e realizar corretamente a transformação socialista de toda a zona rural. De outro modo, a unidade entre os camponeses médios e pobres é impossível, assim como é igualmente impossível a consolidação das cooperativas, a expansão da produção e a transformação socialista da totalidade das regiões rurais.

É essencial unirmo-nos aos camponeses médios. Seria um erro não agir assim. Mas em que deve apoiar-se a classe operária e o Partido Comunista nas regiões rurais, para conseguir-se a unidade com os camponeses médios a realizar-se a transformação socialista da totalidade do campo? Seguramente em mais ninguém a não ser nos camponeses pobres. Foi o que passou quando se desencadeou a luta contra os senhores de terras e se realizou a reforma agrária, sendo igualmente esse o caso de hoje, ao travarmos a luta contra os camponeses médios vacilaram na fase inicial. Só depois de verem claramente a tendência geral dos acontecimentos e aproximação do triunfo da revolução é que os camponeses médios se colocaram do lado desta. Os camponeses pobres devem agir entre os camponeses médios e conquista-los, de maneira que a revolução possa ampliar-se dia a dia, até à vitória final.

Existe uma séria tendência para o capitalismo entre os camponeses abastados. Essa tendência alarga-se-á se relaxarmos num mínimo que seja o nosso trabalho político entre os camponeses, durante o movimento de cooperativização ou mesmo durante um longo período depois disso.

O movimento de cooperativização agrícola tem sido, desde o início,uma séria luta ideológica e política. Nenhuma cooperativa pode ser estabelecida sem que se passe por essa luta. Antes que um sistema social completamente novo possa ser construído no lugar de um velho, é preciso limpar primeiramente o terreno. Invariavelmente, os resíduos das velhas ideias que refletem o velho sistema permanecem no espírito dos homens durante muito tempo, e não desaparecem facilmente. Depois de estabelecida, uma cooperativa tem ainda que passar por muitas lutas antes que possa consolidar-se. E mesmo depois dessa consolidação ela ainda pode fracassar, se relaxar por um momento seus esforços.

Nos últimos anos, no campo, a tendência espontânea para o capitalismo tem estado a desenvolver-se diariamente, com os novos camponeses rico a surgirem por toda a parte e muitos camponeses médios abastados a esforçarem-se  por transformar-se em camponeses ricos. Por outro lado, muitos camponeses pobre ainda continuam a viver na miséria por falta de suficientes meios de produção, endividados uns, e outra vendendo ou arrendando a terra de que dispõem. Se essa tendência continuar sem reparo, a polarização nas regiões rurais agravar-se-á inevitavelmente, dia a dia. Os camponeses que perderam a terra e os que ainda continuam na pobreza queixar-se-ão de nada termos feito para savá-los da ruína ou para ajudá-los a vencer as dificuldades; e nem os camponeses médios abastados que estão a avançar na direção capitalista ficarão contentes conosco, já que em nenhum caso poderemos satisfazer os seus pedidos a não ser que queiramos seguir a via capitalista. Poderá então, nessas circunstâncias, continuar a manter-se firme a aliança operário-camponesa? Claro que não. Não há solução para tal problema a não ser numa nova base, isto é, realizar passo a passo a transformação socialista do conjunto da agricultura, juntamente com a realização gradual da industrialização socialista e da transformação socialista do artesanato, do comércio e da indústria capitalista. Por outras palavras, isso significa realizar a cooperativização eliminar a economia dos camponeses ricos e a economia individual nas regiões rurais, de tal maneira que toda a população do campo se sinta conjuntamente mais desafogada. Nós sustentamos que essa é a única via para consolidar a aliança dos operários e camponeses.

Por planificação geral nós entendemos uma planificação que toma em considerações os interesses dos nossos seiscentos milhões de habitantes. Ao elaborarmos os planos, gerirmos os negócios ou pensarmos nos problemas, devemos partir sempre do fato de que a China tem uma população de seiscentos milhões de indivíduos; em caso nenhum devemos esquecer desse ponto.

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