Capítulo 1

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Finalmente a reforma da antiga mansão Hale estava completa. Não estava igual à antes porque Derek e Cora acharam melhor mudar algumas coisas e aumentarem outras, não queriam uma casa igual à de antes do incêndio, eles queriam uma nova casa para um novo começo, uma nova vida e novas escolhas. E entre essas escolhas estava a mais difícil de todas, não que fosse realmente difícil, era só... Difícil.

Okay, Derek estava nervoso. Ele conversou com Cora, disse tudo o que tinha de dizer e pediu a opinião dela. Estava cansado de não fazer nada, de guardar segredo. Ele só queria poder falar e gritar tudo o que sentia demonstrar o que queria, mas não era tão fácil assim. Claro que não, nada na vida de Derek era fácil realmente, tudo tinha um preço e ás vezes o preço era alto demais. Mas ele estava disposto a pagar por isso, estava disposto a se doar mais uma vez e tinha certeza de que essa seria única e diferente, porque era Stiles. Aquele adolescente que conseguia fazer Derek reagir de uma forma que ninguém mais conseguia. Derek sentia isso, alguma coisa dentro dele dizia que dessa vez as coisas seriam diferentes, que tudo iria dar certo. Talvez demorasse a começar a dar certo, mas, eventualmente iria ocorrer, ele só tinha de tentar, tinha de abrir a boca e falar. Porém, ao que parece, falar não era uma de suas habilidades, quer dizer, ele sabe falar, mas não do jeito que era preciso, geralmente ele grunhia antes de algumas sílabas e outras vogais, mas dessa vez ele precisava de mais do que isso, ele precisava falar.

E era nisso que ele estava pensando enquanto cruzava os braços em frente ao peito, e olhava para agora reformada mansão. Ele ficou ali observando Cora e Isaac levando algumas cadeiras pra dentro da casa, os dois jovens animados com a casa nova, os moveis novos, e agora cada um tinha seu próprio quarto. Eles estavam animados com o novo início e apesar de todas as lembranças tristes, Derek também estava feliz, apesar de sua expressão séria estava animado. Sério, ver a sua irmãzinha ali consigo e rindo depois de tudo o que aconteceu, o fazia feliz. O fato de que apesar de tudo o que aconteceu ainda ter uma família, e agora tem um pack, ele faz parte de um pack! “Stiles” foi o nome que passou pela mente de Derek quando ele pensou em pack, em família. Lembrou o cheiro do garoto, o cheiro de chuva e flores, que ele descobriu serem algumas das coisas que o rapaz mais adorava. O cheiro de papel dos livros e dos quadrinhos que o garoto colecionava e passava o dia lendo, o cheiro sutil de perfume masculino misturado ao sabonete que o garoto escolhia com cuidado para que não fosse tão forte ao ponto de irritar os narizes dos lupinos com quem ele passava os dias, e o cheiro que Derek mais gostava o cheiro de família, de casa, o cheiro de segurança.

E então voltamos ao início de quando Derek percebeu que tinha de aprender a falar. Ele precisava tentar. Precisava falar a Stiles tudo o que ele sentia, porque ele sentia várias coisas pelo garoto, e estava desesperado. Desesperado ao ponto de pedir concelhos a sua irmã mais nova, desesperado ao ponto de ouvir os conselhos de seu Tio psicopata. É, estava mesmo desesperado, não fazia ideia de como iria dizer tudo, de como iria lidar com a rejeição, porque se tinha uma coisa da qual tinha certeza, era de que seria rejeitado. Derek sabia que Stiles não gostava dele da mesma forma que gostava do garoto, sabia que Stiles não o via com os mesmos olhos que via o garoto, a prova disso tudo é que nunca sentiu nenhuma diferença no cheiro do garoto, nenhuma mudança no ritmo do batimento cardíaco, nada. As únicas vezes em que ele percebe mudanças no garoto é quando ele esteve assustado, com medo, ou quando ele conseguiu mostrar que o que havia dito estava certo.... Se bem que parando para pensar, houve um tempo em que ele conseguia sentir o cheiro da excitação de Stiles toda vez que o garoto vinha assistir aos treinos do pack, e Derek acabava sem a camisa. Mas de um tempo pra cá, isso parou, Stiles não dava mais sinais de que achava Derek interessante. Não tem olhares, não tem toques “acidentais”, não tem bochechas coradas ou pupila dilatada, não tem nada. E isso era totalmente frustrante e desencorajador, quer dizer, era obvio que não era correspondido, e isso o fazia parar pra pensar se queria mesmo falar, talvez continuar resmungando e respondendo tudo com monossílabas fosse melhor.

Battle CryWhere stories live. Discover now