Capítulo 2

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Algumas semanas depois do jantar na casa dos Stilinki's, Derek percebeu que ele próprio era o único que de fato se mantinha afastado. Até sua irmãzinha, Cora havia começado a se dar bem com os outros adolescentes, não que ela fosse toda sorrisos e abraços, mas pelo menos ela se esforçava pra fazer parte da conversa. Quero dizer, até mesmo seu tio, Peter, que até um tempo atrás era odiado por todo mundo parecia ter seu lugar ali no meio deles, e isso fez Derek se sentir mal. Tipo, ele era o Alfa no pack e mesmo assim seus betas não pareciam a vontade ao seu lado. Eles riam mais quando ele não estava por perto, e não é como se ele não tivesse percebido como todos eles tentavam se manter juntos um dos outros, Derek viu como eles estavam sempre tentando tocar uns aos outros, os joelhos tocando ou então quando eles deitavam um por cima das costas dos outros. Meu Deus, o xerife, até o xerife parecia confortável sentado no sofá e rindo de Peter que estava sentado no chão entre suas pernas, enchendo o saco dos adolescentes, dizendo-os que até mesmo uma criança de cinco anos entenderia a explicação mais rápido que Scott enquanto recebia uma almofada na cabeça como resposta. Sim, Derek estava se divertindo em ver todos eles se dando bem daquela forma, ele estava feliz em ver que seu tio havia sido aceito entre seus betas mesmo depois de tudo –apesar de ele ter a ligeira impressão de que eles só estão bem com Peter por causa de Stiles, mas enfim -, eles estavam começando a parecer um pack de verdade, eles pareciam finalmente ter começado a entender que eles precisavam ficar juntos, não apenas andarem juntos por aí algumas vezes, mas sim ficarem juntos como uma família, é claro que eles não poderiam ficar um deitado em cima do outro no meio da escola mas, esses momentos em que eles se permitem um entrar no espaço pessoal do outro é importante, isso os ajuda a ter mais confiança uns nos outros, e confiança é uma das coisas mais importantes num pack. Mas ao que parece, Derek não era a pessoa mais confiável por ali. É claro que Derek não vai sair por aí exigindo um abraço diário a cada membro de seu pack, mas deu pra entender pra onde o pensamento dele o está levando, não é? Só é realmente difícil ver que ele não tem espaço em seu próprio pack.

Derek deixou um suspiro cansado escapar antes de voltar seu olhar para a caneca cheia de café em suas mãos.

Ele estava sozinho em casa, Isaac estava na escola e Cora havia ido ao shopping – aparentemente ela estava precisando de roupas-, Peter, ao que parece, precisava comprar alguma coisa no supermercado e saiu, Erica, Boyd, Lydia, Jackson, Alisson, Scott e Stiles não moravam com ele, mas passavam bastante tempo na casa, porém assim como Isaac, também estavam na escola, então ele estava sozinho, e isso era uma coisa que ele não gostava. Talvez se fosse a dois anos atrás, ele até iria preferir o silêncio, mas depois de ter conhecidos esses adolescentes que ele chama de pack, Derek começou a odiar o silêncio, fazia ele se sentir sozinho, fazia ele se lembrar de como era depois do incêndio que acabou com sua família. Derek se lembrava do silêncio que era o apartamento que Laura havia alugado para eles em New York, Derek se lembrava de como ele se sentia sozinho sem as risadas de seus primos e irmãos pequenos brincando, a risada de Peter quando Laura vencia Derek em alguma luta pra ver quem ficava com o controle da TV, ou então a voz animada de Cora enquanto contava para sua mãe o que ela havia aprendido na escola e sua mãe sempre paciente tentava acompanhar as milhares de palavras por minuto que saiam da boca dela, as marteladas insistentes de seu pai que tentava consertar pela milionésima vez a cadeira de balanço preferida de sua mãe.

Derek odiava ficar sozinho, porque o fazia lembrar de como sua vida era, o fazia imaginar como sua vida teria sido se ele não tivesse sido idiota a caído na conversa de Kate. Talvez todos seus familiares ainda estivessem vivos, talvez Peter não tivesse surtado e mordido Scott virando a vida do adolescente de cabeça pra baixo, talvez Cora continuasse sendo a garota falante cheia de energia que ela era. Existiam vários “e se's” e ele odiava ficar imaginando todos eles, porque o fazia sentir culpado. Culpado por ter estragado tudo, culpado por ter sido o motivo da morte de sua família, culpado por ter metido adolescentes inocentes no meio dessa bagunça toda que era o sobrenatural. Lobisomens? Kanima? Druidas? Darach? Sério? Eles deveriam estar preocupados com quem levar a próxima festa de Halloween da Lydia, e não estar treinando para vencer o próximo monstro que vai surgir na cidade e começar mais um assassinato em série.

Battle CryWhere stories live. Discover now