CAPÍTULO 14

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— Está se sentindo melhor? — Kaique indaga preocupado, segurando em uma de suas mãos uma xícara que vaporizava um líquido amarelado. Põe a xícara sobre sua mesa de vidro e se senta ao meu lado. — Você chegou aqui tão assustada, chorando. Antes de entrar, disse que iria morrer, porque? Pego a xícara com as duas mãos e desloco até meus lábios, antes de tomar um gole, faço biquinho a fim de assoprar a xícara. Kaique olha para mim e percebia o quão nervosa eu estava. Eu não queria falar que tinha poucos meses de vida, isso destruiria com sua vida.

— Chá de camomila, eu estava precisando. — Digo depois de tomar um pouco do chá e colocar a xícara novamente sobre a mesa de vidro. — Muito obrigada por me receber, Kaique.

— Vai me contar o que houve, ou não? — Seu olhar sério e Penetrador se forma, minha reação se fecha. Kaique coloca sua mão direita sobre minha coxa, ainda me olhando. — Você sabe que pode contar comigo.

— Eu sei. É que... Eu briguei com minha mãe.

— Você brigou com sua mãe? Posso saber o motivo?

— Ela não quer que eu saiba sobre o meu passado, sobre o meu pai. — Profiro alto.

— Vocês duas sempre foram sozinhas, Nicolly. Quando uma precisa, a outra ajuda. Porque você quer saber do seu pai e do seu passado?

— Por que eu preciso saber antes de eu... — Grito levantando-me do tapete em que meu corpo se encontrava. Kaique faz o mesmo.

— Antes que você o que?

Cesso a gritaria, ficando imóvel e paralisada diante ao corpo de Kaique. — Por favor! Não me tormenta mais com esse assunto. — Digo colocando minhas duas mãos sobre o rosto, secando as lágrimas que escorriam sobre minhas bochechas. Kaique encosta minha cabeça em seu peitoral e me enlaça entre seus braços, tentando me acalmar.

— Calma querida, ficará tudo bem. — Sussurra depositando beijos em minha testa. Eu estava bastante cansada, pedi para Kaique me levar até o seu quarto para descansar, ele assente com a cabeça e me transporta em seus braços até o seu quarto. Kaique chega em seu quarto e abre a porta com uma de suas mãos, ainda me segurando em seus braços. Sou colocada na cama lentamente, era como se eu estivesse em um filme romântico, onde os casais sempre tem um final feliz. Ele levanta minha cabeça e arruma a almofada com a intenção de me acomodar. Assim que termina, vai até o seu guarda-roupa e pega um pano. Me cobre até o pescoço e liga o ar condicionado. — Vou lá fora colocar o seu carro dentro de minha garagem e quando voltar, farei algo para você comer. Talvez esteja morrendo de fome. — Deposita mais beijos em minha testa e se retira. Fecho meus olhos com a intenção de dormir, mas aquela dor de cabeça insuportável não me deixava descansar. Viro de lado e coloco o meu celular sobre o criado-mudo de Kaique. Ouço a garagem sendo aberta.

Minutos se passaram e nada dessa dor de cabeça cessar. Viro para o lado direito resmungando. Meu celular começa a tocar, mas não faço esforços para pegá-lo. Talvez fosse mamãe, e eu não estava disposta a ter mais uma briga com ela. A porta do quarto de Kaique é destrancada.

— Voltei, linda! — A voz grossa e encantadora de Kaique ecoa por todo o seu quarto. Fecho os meus olhos e finjo estar dormindo. — Nicolly? — Indaga colocando algo sobre algum cômodo de seu quarto. Vem até a cama onde eu me encontrava e se senta ao meu lado. — Poxa! Ela dormiu... Como você é linda, pena que não me dá uma chance. — Kaique sussurra num tom melancólico. Sinto sua respiração e o calor de sua boca sendo encostada à minha. Viro para o lado ainda fingindo sono. — Bom, acho melhor eu ir tomar um banho. — A porta do quarto é aberta e fechada, restando apenas eu, na imensidão do seu quarto. Sento-me em sua cama e sorrio ao perceber que no criado-mudo havia uma prateleira com torradas e um copo de achocolatado. Pego a primeira torrada e tiro um pedaço. Tomo um gole do achocolatado enquanto penso em Kaique. Eu estaria sendo tola se eu desse uma chance a ele? Ele parece ter mudado. Sou tirada dos pensamentos com o toque do meu celular mais uma vez, encaro-o colocando mais uma torrada na minha boca. — Não vou atender. — Penso.

Talvez Não Exista Um "amanhã".Where stories live. Discover now