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🔷️TAILA

Julia estava deitada nos meus pés.

Ela tinha levado uma mão até a minha canela ao pedir misericórdia e eu sentia seu aperto folgando até sua mão cair para o lado.

Seu rosto estava irreconhecível e eu não sentia nada alem de agonia por ver aquilo e uma imensa satisfação por ter feito aquilo.

Rei - Vamos. - Ele leva a mão no meu ombro e desce a mão alisando meu braço até a minha mão, entrelaça nossos dedos e me puxa, me arrastando para fora daquele inferno.

Ele permanece me arrastando até o carro e eu sigo no automático, olhando toda a destruição que tem em volta.

Vários corpos no chão, a casa que estava em perfeito estado já não está mais, vários buracos de tiro, paredes caídas por causa das bombas um verdadeiro banho de sangue.

Caian abre a porta de um carro que estava parado por lá, eu entro e eu sento no banco do carona, coloco o cinto e encosto minha cabeça no banco, fecho meus olhos e deixo meus pensamentos tomarem conta.

Não estou feliz por estar me sentindo tão satisfeita por ter matado Julia, mas eu sei que a satisfação que eu estou sentindo vai ser muito maior quando eu fizer Caio pagar.

Caian arrasta com o carro em silencio, a mão dele está sobre a minha mão e ele só tira dali quando precisa trocar de marcha. Talvez ele esteja de alguma forma tentando demonstrar apoio.

Taila - Ele me estuprou. - Eu digo em um tom baixo, com os olhos fechado, proibindo a mim mesma de lembrar das cenas, condenando a mim mesma por não ter lutado mais, por ter sido tão fraca, me condenando por não ter evitado toda essa situação.

Ele aperta a minha mão, mas permanece em silencio.

Acho que finalmente ele realmente sabe quais atitudes tomar, qual a hora de falar, acho que talvez ele tenha realmente melhorado como homem.

Taila - Eu lutei, mas não foi o suficiente. É como se eu ainda conseguisse sentir o peso dele em cima de mim, ele dentro de mim. - Respiro fundo e abro meus olhos. - É como se ele nunca tivesse terminado, como se não tivesse fim. - Viro meu rosto pra olhar Caian e ele está concentrado olhando a via enquanto dirige.

Finalmente dizer essas palavras para alguém me deu uma sensação breve de alivio, eu estava com a sensação de que iria explodir a qualquer momento.

Da pra ouvir a cabeça dele trabalhando, tentando imaginar tudo o que eu passei em apenas um dia, mas ele nunca conseguiria.

Rei - Eu não quero matar ele agora. - Ele finalmente olha para mim quando pronuncia as palavras.

Taila - Como assim? - Eu puxo a minha mão da sua e encaro seu rosto.

Rei - Eu quero torturar ele e quando ele estiver quase desfalecido, curar ele pra torturar de novo. Quero ver ele implorar pela morte, quero que ele sinta tanta dor que vai chegar um momento que já não vai mais sentir, ai eu vou matar ele.

Ele fala enquanto sobe o morro em alta velocidade. Eu não consigo ver seus olhos, mas eu consigo sentir sua raiva, eu consigo sentir o seu ódio e o seu desespero em tornar a vida de Caio a pior que alguém poderia ter.

AO ACASO  | MORRO Onde histórias criam vida. Descubra agora