Destruída

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LUNA TOGATA

Acordei ofegante, prendendo o grito na garganta. Toda a vez que durmo é sempre o mesmo sonho, ou melhor, pesadelo: o campo, a aldeia em chamas e Akantha, por fim, me matando com sua katana. Já perdi a conta de quantas vezes tive esse mesmo sonho ou quanto tempo se passou desde que eu fui jogada nessa cela. Toda a vez que tento contar o tempo, eu caio no sono, logo após a comida - se é que se pode chamar assim -, é servida. O que me fez chegar a conclusão de que minha comida está sendo drogada.

Mas por que Akantha precisa me manter descordada?

Desde o dia que tentei arrancar algumas informações de Twice, quem traz as bandejas é Dabi e, algumas vezes, Toga. O moreno sempre fica de vigia, apenas me observando. Quando termino, o vilão retira a bandeja e saí. E aí caio no sono. Essa é a rotina.

A comida que servem quase não tem nutrientes, o que me fez ter uma perda de peso e fez minhas forças caírem quase pela metade. Tentei parar de comer a refeição, mas por mais ruim que a comida seja, tenho ciência que preciso de alguma força para sair daqui. No entanto, não consigo me manter acordada por mais do que alguns minutos após comer. Eu preciso contornar essa situação, antes que seja tarde demais e eu perca uma chance de escapar.

De repente, ouço passos vindo. Apoio meu corpo na parede, à espera de quem quer que seja. Dabi entra na sala da cela e eu suspiro, antes de repetir tudo novamente e dormir por mais algumas horas...

*•*•*•*•*

NAOMI

Pela terceira vez, eu olho o canal do jornal. Nenhuma notícia diz o paradeiro de Luna, ou se alguém encontrou-a. Faz mais de 3 meses que os vilões levaram ela e nada me faz pensar que foi por minha causa que a capturaram. Quando acordei no hospital e contei para papai Hiroshi o que aconteceu, e que tinha sido minha culpa Luna ter sido levada, ele negou e disse que a culpa não era minha. Mas nada tira da minha mente que se eu não tivesse sido capturada, Luna estaria aqui, bem e segura.

-- Naomi, já está na hora de ir dormir.- papai Hiroshi sentou perto de mim no sofá. -- Sem notícias dela, não é?

Neguei com a cabeça. Desde o sequestro de Luna, não ouvi o papai Hiroshi dizer o nome dela. Mesmo sem usar o meu poder, consigo sentir a dor dele e seu medo de nunca mais ver Luna novamente.

-- Vá dormir! Se tiver alguma notícia, eu te acordo.- mesmo naquelas simples palavras eu conseguia sentir o medo dele.

Assinto com a cabeça e subo até meu quarto, uma porta antes do quarto dela. Antes de entrar em meu quarto, sinto-me atraída ao quarto de Luna e entro no lugar. Sua atmosfera me parece muito diferente da última vez que vim aqui, quando eu vim explorar o quarto da minha heroína. Nesse mesmo dia, ela foi levada... Hoje, nada parece como antes. Parece mais como um santuário para a memória de Luna.

Olho para todos os lados e tento me recordar de tudo: o violão, as fotos, a estante, a escrivaninha, o aroma... Por fim, vejo a cama. Subo nela e me cubro com o grosso edredom. Me aninho na cama e nas cobertas, e pego uma boneca de cama que pertence a Luna, e por fim, deixo as lágrimas caírem e a saudade e o medo se afloram em meu peito até eu cair no sono.

• • •

Abro os olhos e me encontro num lugar estranho. É úmido e fedido. Olho ao redor e vejo uma cela, e consigo ver a silhueta de alguém pelas grades. Me aproximo com cuidado, com medo do que ou de quem possa estar do outro lado. Quando chego perto o suficiente, vejo quem está do outro lado e o meu coração quase para... é Luna.

𝐇𝐄𝐑𝐎𝐄𝐒 𝐒𝐓𝐈𝐋𝐋 𝐂𝐑𝐘 • 𝐁𝐍𝐇𝐀Onde as histórias ganham vida. Descobre agora