Ela e nós dois ( Série Clichês apaixonantes) Livro 1

1 - Prólogo

______ Bombons senhor?
Apenas um aceno em negativa, mais um dia gélido, em que a neve castiga meu corpo, em busca de alguns dólares para comprar o presente das crianças, Bela, Nicholas e Sue; as pessoas que amo com tudo de mim, meus irmãos. Bela tem seis aninhos e foi eu quem cuidou dela para mamãe fazer faxina, Nicholas tem nove e um coração de ouro já faz uns bicos entregando jornais e panfletos o tipo de menino de ouro e Sue a minha sonhadora garotinha miss universo, vaidosa sonha em seu modelo, torço por ela mas aos quatorze anos só pode sonhar e ajudar com o organização e limpeza da casa. Meu padrasto é um bom homem, trabalha na oficina do Seu Jorge mas a remuneração é de acordo com os carros que concerta.
Mamãe continua na faxina, aos quarenta e dois ainda esbanja saúde e beleza, sim ela é uma mulher linda, forte e guerreira, sempre me ensina a ser honesta e boa para os outros, seu ditado é: " tudo que vai volta dobrado, então melhor fazer o bem"
E pensando na minha família, sigo firme com meu propósito, preciso vender mais alguns bombons e conseguirei os cento e cinquenta dólares, que preciso.

Olho rapidamente para meu telefone e vejo uma mensagem do meu namorado Phill.

" Preciso te ver gatinha, tenho novidades, ah não esquece de trazer meu cigarro, beijos morena"

Leio e reviro os olhos, sei que somos da periferia, não sei se é minha compulsão por livros nas horas vagas, mas a linguagem de Phill me incomoda bastante, na verdade as vezes me sinto uma serviçal dele, mas ele é legal ou era antes de dar um de adulto resolvido e adquirir alguns vícios e costumes de rico. As vezes penso em largar dele, mas como nos vemos pouco, e seja minha única oportunidade de sair para um cinema ou uma festa vou levando, as vezes temos brigas sérias, tudo porque não me senti a vontade para ter a minha primeira vez. Ele me acusa de não amá-lo, e nem contesto porque pelo que ouço do amor fico em dúvida mesmo.

Termino os bombons e apesar do frio cada vez pior, resolvo passar no mercado comprar mais chocolate para produzir meus bombons. Mas aqui nesse bairro nobre onde compro um chocolate de melhor qualidade, infelizmente tudo é muito caro e só vou poder levar a barra de chocolate mesmo. Bem que gostaria de um pedaço de bolo mas não vai dar hoje.

Caminho a passos lentos já cansada do trabalho, e no corredor de itens higiênicos observo um homem, alto, bonito e confuso, porque já pegou três pacotes de fraldas mas claramente não sabe o qual deve comprar. Prática mente criei a Bela então eu entendo de tamanho, preço e qualidade.
______ Com licença moço. Peço educadamente com um sorriso amigável. E parece que ele até solta o ar dos pulmões, tamanho é seu desespero. Ele se vira, e quase saio correndo, esconder minha aparência desmanzelada. Um lindo espécime tia Mary diria.
_____ Algum problema?
_____ Todos, moça; não sei qual tamanho ou marca, se levo talco ou pomada e também preciso de toalhas umedecidas. Seu desespero é tanto que é tocante. Será que a mãe do bebê não pode ajudar?
______ Entendi, eu posso ajudá-lo se sua esposa não tiver objeção por marcas é claro. Digo gentilmente para não parecer uma assanhada.
______ Não, ele não tem mãe.
Sua revelação cai como chumbo nós meus ouvidos, e fico mais compadecida da situação.
______ Sinto muito. Ele dispensa meus sentimentos, tamanha a pressa de comprar.
_____ Qual o tamanho do bebê.
_____ Kalel tem dois meses.
Oh um quase recém nascido! Engulo minha surpresa e ajudo-o.
_____ Ele deve usar tamanho P ainda e leve o talco você usa nas trocas para manter ele seco, e a pomada se mesmo assim ele ficar assado. Eu prefiro toalhas mais grossas porque são econômicas, porém são mais caras. Algo mais?
_____ Ele está fazendo muito xixi a noite.
_____ Leve um pacote de fraldas noturnas, elas suportam mais tempo.
______ Poxa moça muito obrigado, eu não sei como fazer isso. Sou Colin e você?
______ Sou Dorothy, disponha Colin.
______ Só mais uma pergunta...
Espero que fale e ele pondera, decidindo se faz ou não.
______ Você tem filho?
______ Oh não, só sei disso tudo porque minha família é grande e sou a mais velha dos quatro, acabei meio que criando os dois mais novos.
_____ Ual, quatro irmãos! Pela cara dele me sinto mais pobre ainda e tento sair de fininho. Quando me afasto o suficiente, sinto uma mão segurar a minha.
_____ Espera Dorothy. Estaco no lugar, de alguma forma sinto que devo dar atenção a esse pai desesperado, há um magnetismo nele, e uma luz de bondade em seu olhar. Me viro em sua direção e ele fica um pouco sem graça e afasta rapidamente dua mão da minha.

_____ Você trabalha em quê?

Ai céus é complicado falar de mim para estranhos, as pessoas me julgam por não ir a faculdade e optar por vender bombons, mas não é uma opção é uma necessidade. Suspiro ganhando tempo e ele aguarda pacientemente.

_____ Vendo bombons.

_____ Gostaria de fazer uma proposta pra você, posso cobrir a oferta do seu patrão, quanto ele te paga por mês?

Uma proposta de emprego, que ótimo!

____ ganho cinquenta dólares por dia em média e não venho aos sábados e domingo.

_____ Pago cem dólares por dia mais adicionais de alimentação e transporte, por trinta dias uma folga por semana.

Pacientemente explico...

____ Senhor Colin, não tenho graduação, nem cursos de nada, minha vida é difícil, eu só sei cuidar de criança e vender doces na rua, minha experiência em empregos é zero.

Seu sorriso espontâneo me diz que é exatamente isso que ele precisa, então se esse doido quer me empregar, eu vou abraçar com as duas mãos.

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