4 - Alegria de pobre

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Dorothy Parker

Estou me arrumando da melhor maneira possível, para ir ao apartamento do senhor Colin, e formalizar como ele disse, nosso contrato de trabalho.
Mamãe está muito feliz, o salário é bom poderei ajudar, mas ela já me disse que agora tenho que entrar em uma faculdade. Dona Eloá Parker não se perdoa por não conseguir meu ingresso para universidade. Tudo custa caro e nunca pudemos gastar mais do que o necessário. Meu padrasto ajuda como se fosse pai de verdade, mas a oficina não  é  uma  fonte de dinheiro, tem lucros e gastos, e como ele é  extremamente honesto por vezes fica com um lucro bem baixo, por não  adiar as contas e nunca explorar clientes. 
_____ Coloco a calça de lã e uma polaina as botas e o meu melhor sobretudo, meu velho cachecol que só agora me incomoda ao pensar em como o senhor Colin é um homem fino... gostaria de estar com roupas melhores que essas de segunda mão do brechó da esquina. Suspiro e chacoalho a cabeça para dispersar minha melancolia, devo sorrir e agradecer, e como mamãe sempre diz.
" Reclamar não enche a barriga de ninguém"
Por fim penteio meus cabelos e guardo a escova na penteadeira antiga que era da minha avó, agora coisa velha é chamada de retrô, pois bem reformei ela e agora tenho uma peça retrô, digamos que tornei meu quarto chique.

Olho no relógio e percebo que se não correr perco o metrô e meu novo emprego, pego minha bolsinha com as economias e corro o mais depressa que consigo, chego na estação esbaforida, mas alcanço.

Chego no endereço marcado e observo o imponente prédio a minha frente, e leio sua anotação, uma letra bonita e impressionante como ele.
" Meu deus Dorothy, para de pensar besteira" digo a mim mesma em pensamento.  Leio novamente o papel rasgado em minhas mãos.

Edifício Lunar palace; apto 501. Peça para falar com Dr. Hills.

Sinto um tremor inevitável nas mãos e as palmas suadas, que enxugo no casaco. Ergo a cabeça e me aproximo.
Há um porteiro ereto e sério usando terno na entrada, coisa que me intimida bastante, até o porteiro tem classe.
_____ Bo...bom dia, sou Dorothy Parker e vim para falar com o Dr. Hills.

O homem arqueia a sobrancelha mas fora isso mantém seu tom neutro.
_____ Aguarde um instante por favor senhorita.
Senhorita?! Credo será que o metrô me devolveu no século XVIII. Sufoco um riso idiota fora de hora.
_____ Pode entrar ele está a sua espera senhorita; sexto andar . Não resisti e o reverencio segurando a barra do casaco como se fosse um vestido rodado do século passado e ele faz um movimento de repuxar os lábios para o lado entendendo minha referência. Saio rápido antes que ele me chute o traseiro.
Tomo o elevador e aperto o sexto andar. Não demora e chego exatamente a sua porta, pois parece que o apartamento ocupa o andar inteiro, meu coração fica descompassado com o impacto do luxo desse ambiente, comparado a minha casa simples no Brooklin. Quando paro de babar percebo que ele já abriu a porta e me aguarda com ambas as mãos nos bolsos do terno caro, e está absolutamente lindo, minha boca fica seca e perco a coragem, é ele a estender a mão e me receber educadamente.
______ Bom dia Dorothy, seja bem vinda.
______ Bom dia, é...dr. Hills?
______ Oh não Dorothy, para você só Colin mesmo, afinal teremos um vínculo mais família, você vai viver aqui, e cuidar do meu garotinho seria estranho você ficar me chamando de doutor aqui...doutor ali.
Acho que meu cérebro travou em vai viver aqui; pois fiquei chocada e amedrontada, um pouco triste também por saber que meu salário gordo teria o preço da minha liberdade. Alegria de pobre dura pouco mesmo.
______ Eu disse algo que a incomodou? Ele agora tem um traço de culpa em seu rosto.
______ Desculpe senhor Colin, eu só não sabia que teria que morar aqui, isso nem me passou pela cabeça.
______ Olha não estou te propondo nada indecente, é só para cuidar do Kalel mesmo, eu trabalho bastante então quando for requisitado em horários inusitados como sou muitas vezes, não teria que fazer você vir de lá até aqui no meio da madrugada. Claro que se isso acontecer você receberá horas extras dobradas, eu preciso muito de você Dorothy, por favor aceite.
_____ não sei o que me fez ficar mais propensa a aceitar, se a sua honestidade garantindo que me pagaria as horas extras, coisa que nunca vi um patrão fazer, ou as palavras encarecidas  preciso muito de você, por favor aceite, pode parecer boba da minha parte, mas fiquei balançada.
_____ Vou ter um papel com essas garantias Sr Colin?
_____ Claro Dorothy, falar assim até me ofende, sou um advogado, conheço e respeito as leis, jamais empregaria alguém sem ser devidamente registrado e remunerado, tenho dezessete funcionários com você serão dezoito não há ninguém sendo negligenciado perante a lei, isso eu garanto.
Me sinto uma idiota e abaixo a cabeça para murmurar um pedido de desculpas.
______ Tudo bem, você está certa em perguntar, afinal sou um estranho para você, não é mesmo? Afirmo com um gesto.
______ Eu aceito o emprego Sr. Colin, só gostaria de saber se posso sair aos sábados a noite, gosto de cinema. Digo e me arrependo, por parecer uma garotinha de onze anos.
Seu sorriso e divertido, e ele confirma.
______ Sim Dorothy claro, eu não esperava que uma jovem cheia de energia como você  ficasse só em casa, pode passear com Kalel também, ir ao shopping, as praças ou parques, apenas me avise para que eu peça ao meu motorista e segurança para levar vocês. Porque essas duas últimas falas me fazem pensar em um livro que li há algum tempo. A doce vingança.

Meu sorriso se alarga e apertamos as mãos, sinto borboletas no estômago ao seu toque, e me pergunto se elas não estão voando para pessoa errada, nunca sinto isso com meu namorado, que estranho.

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Ela e nós dois ( Série Clichês apaixonantes) Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora