6. Sábado.

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Dorothy Parker

Kalel está cada vez mais espertinho, seu sorriso com furinhos me deixa toda boba, sigo com ele alimentado até a sala, onde Colin continua trabalhando nos processos, mesmo sendo dia de ficar em casa; não aprovo acho que ele precisa ter mais tempo com o Kalel.
______ Bom dia. Cumprimento de forma simpática e ele retribuí não tão simpático, parece nervoso.
_______ É sua folga Dorothy, não podia estar trabalhando, eu sempre esqueço que você não é da família e precisa descansar, perdoe minha falha, devia ter levado você para casa ontem a noite.
_______ Não tem problema Colin, eu já estou indo, mas também me preocupo com Kalel, e você parece estar sempre cheio de trabalho, enfim gosto de cuidar dele.
_______ Posso te dar uma carona? É o mínimo que posso fazer.
Penso que combinei de ir ao shopping com meu namorado, que quer uma camiseta nova e pra variar eu quem vai pagar. Tenho vontade de negar, um sentimento estranho de que ser levada por Colin a casa do Phill não é correto. Empurro essa sensação ridícula e aceito.

Coloco Kalel no bebê conforto, e sento no banco ao lado de Colin. Observo seu olhar vazio para a rua, o vinco de preocupação sempre ali, um homem jovem, bonito e bom que não tem namorada, é quase estranho, mas talvez seja melhor assim, uma madrasta poderia me afastar do bebê.

Chegamos a calçada da casa do Phill e me viro para agradecer.
______ Obrigada, vou morrer de saudade de... Fico sem graça, é estranho dizer que vou sentir saudade do pai e do filho? Eu acho que sim, mas é como me sinto.
Sua mão livre toca meu ombro e seus olhos me atingem profundamente.
______ Se cuida garota, tem meu telefone, se precisar não exite em me chamar, estaremos de bobeira lá em casa, voltamos correndo, se precisar; mas desejo que se divirta. Tchau.

Sorrio em agradecimento, borboletas voam meu estômago e tenho quase certeza que não é pelo meu namorado que aguarda no portão.

_____ Obrigada, tchau.. tchau bebê.

Kalel chora, e meu coração se aperta. Colin pede num sinal mudo que eu o deixe, porque quanto mais rápido o carro voltar a andar mais rápido ele esquece. Entendo e me afasto com um desejo insano de voltar com eles; moro a quatro meses naquela casa, e já me sinto parte da família.

Fico parada olhando para o carro desaparecer na rua. De repente sinto mãos grandes e possessivas puxando me pelo braço.
______ Ei gatinha, que saudades de você, vem cá. Phill me dá um beijo e luto bravamente para não limpar a boca ou cuspir. O gosto de nicotina que nunca me incomodou me dá repulsa, e noto seu olho roxo.
_____ Oi Phill, se machucou? O que houve?
______ Nada demais, fui numa balada e tive uns problemas com os caras.
Phill era legal, mas parece um fora da lei hoje, suas atitudes estão estranhas.

Respirei profundamente e seguimos pegar um metrô para ir ao shopping.

Passeamos por lá e compro umas roupas, pago a camiseta para o Phill que nem agradece, passo a refletir e já não sinto nada por ele, nem carinho de amigos. Ele mudou, eu mudei e resolvo conversar com ele.

______ Podemos sentar e conversar Phill?
______ Claro, mas se inventaram que sai com outra na balada é mentira, a Ema só ...
_____ Não me importo Phill. Corto o sempre soube que ele saia com outras para transar, erroneamente achava normal. Não tem nada normal nisso.
______ O que quer dizer?
______ Eu não quero mais namorar com você.
Ele ri da minha cara como se eu tivesse dizendo uma piada.
_______ É sério, quero terminar com você Phill.
Os olhos dele se enchem de cólera e ele fica enfurecido.
______ Porque você quer terminar comigo Dorothy? Anda dormindo com o patrão? Eu vi como olha pra ele sua vagabunda, não seja idiota, homens como ele só usam garotas idiotas como você. Acha uma babá pobre e sem graça como você vai ser correspondida por um homem que dirige um carro como aquele?

Phill me ofende, humilha aos gritos me sinto tão pequena, e insignificante como pude namorar esse rapaz maldoso?

Ele deixa na praça de alimentação, chorando, sozinha e humilhada. Alguém me oferece um copo de água e respiro fundo. Passa um pouco das oito da noite, eu quero voltar para casa com Kalel, com Colin. Pego meu aparelho e disco o número dele. Atende no primeiro toque.

_______ Dorothy, algum problema? Onde você está?
______ No shopping, pode vir me buscar?
______ Em dez minutos eu chego.

Pego as sacolas e sigo para o hall de entrada, me sentindo péssima mas também com uma pontinha de esperança de ser mais feliz agora livre do Phill. Ajeito a alça da bolsa no ombro e quando ergo a cabeça para observar a chegada de um carro vejo Colin descendo do carro, camisa social, barba feita, cabelo arrumado sinto um misto de alívio e boca seca.
_____ Dorothy, o que aconteceu? Ele me olha cheio de preocupação e sinto aquela vontade de chorar tudo outra vez porque alguém percebeu que estou triste igual as crianças fazem. Colin vem ao meu encontro e sem pensar me jogo em seus braços, como se ele fosse o herói e eu a mocinha indefesa, estou tão vulnerável que não me dou conta de que ele é meu patrão.

______ Calma, está tudo bem agora, shhhi, passou.Ele me envolve em seus braços sem se preocupar com nada nem ninguém, fico grata por seu senso de humanidade comigo.

______ Podemos ir Dorothy? afirmo e ele recolhe gentilmente minhas sacolas e coloca no banco de trás.

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Obrigada por ler Ela e nós dois 😘

Ela e nós dois ( Série Clichês apaixonantes) Livro 1Where stories live. Discover now