29 Meu Italiano

1.4K 211 263
                                    

Bea

Fechei os olhos sentindo a água cair sobre mim, as gotas quentes pareciam me abraçar. Pietro havia me "vendido" da maneira mais horrível que alguém poderia fazer. Por um momento, enquanto ouvia a conversa dos dois, senti uma repulsa tão grande que jamais imaginei sentir. Vi um lado até mesmo do Luca que não deveria ter visto, e já não sabia ao certo no que eu havia me metido. Se Alice estava morta mesmo, o que mais eu poderia fazer? O que me prendia ali?

Baixei a cabeça nas mãos sentindo um profundo vazio. Ela sempre me disse que eu não teria estômago para lidar com aquelas coisas, e como sempre, ela estava certa.

Ouvi batidas na porta do banheiro e me assustei.

⸻ Beatriz? Você está bem?

Engoli em seco, a voz dele era doce outra vez, não aquela de negociador de mercadorias.

Fechei o chuveiro, me enrolei na toalha e abri a porta, dando de cara com ele parado no batente.

⸻ Quer conversar? ⸻ disse ele resignado.

Assenti. ⸻ Posso me vestir? Já te encontro na sala.

⸻ Claro... Eu...

Ele desistiu de falar, se virou e foi embora. Peguei uma calça legging, e uma blusa tipo segunda pele de gola alta. Estava me sentindo mais exposta que o normal.

Arrumei os cabelos molhados com os próprios dedos, e de braços cruzados, caminhei até a sala. Ele estava sentado no sofá, de cabeça baixa, e me sentei ao lado dele.

⸻ Obrigada... Eu...

Ele balançou a cabeça me interrompendo ⸻ Beatriz, eu percebi naquela festa o quanto eu errei em deixar que você ficasse com ele...

⸻ Você deu a ideia, eu fui porque quis, você me avisou que ele era perigoso, mas eu arrisquei mesmo assim. Mas agora... Ele diz que Alice está morta, você também acha isso... O que eu devo fazer agora? Por que eu ainda estou no meio disso, afinal?

Ele suspirou, se virou para mim, e assim como antes, segurou uma das minhas mãos. ⸻ Você me disse que sentia que sua amiga estava viva... Isso mudou?

Baixei os olhos ⸻ Eu não sei! Não sei mais.

⸻ Beatriz, eu te prometo que nós vamos encontrá-la. Pietro vai ajudar, ele baixou a guarda quando me meti na briga de vocês, ele sabe que estou falando sério. Já fui amigo dele, eu sei o que ele mais deseja.

Balancei a cabeça negativamente
⸻ Não... Ele não vai parar, ele não vai se contentar só com a sua família, ele quer destruir todos, Luca... Vai embora daqui, seja livre... Você nunca vai conseguir ser quem é estando aqui, no meio disso tudo.

⸻ Eu não posso, o único jeito de eu ser livre é acabando com a minha família, com o poder deles, eu não posso simplesmente ir embora, eles encontrariam formas de me trazer de volta.

Cada vez mais eu ficava indignada que alguém como ele, em pleno século vinte e um, não pudesse ser livre para ser quem quisesse. Chegava a ser cruel.

⸻ Me conte sobre a namorada de Pietro... ⸻ pedi.

Ele não titubeou, me encarou e eu via em seu rosto o quanto ele precisava contar. ⸻ Ela me beijou em uma festa... Não tive o que fazer, eu não queria problemas com ele, eu não a beijaria... Não sei como ele soube, mas no outro dia quando voltei para o meu quarto no colégio, ela estava desacordada na minha cama, machucada e sem roupa. Tentei acordá-la, chamei o socorro, constataram o abuso. Eu responderia, mas colheram material genético nela, não havia nada meu... Ela saiu do colégio, ele de alguma forma, a silenciou. Ele voltou para a Itália E eu fiquei lá. Pouco depois, fiquei sabendo que havia ocorrido um escândalo envolvendo nossas famílias, o pai dele sempre foi responsável por matérias que exibiam várias acusações sobre a igreja, não era segredo que ele buscava um jeito de derrubar o império de meu pai. Mas o escândalo da vez, foi a morte do pai dele, e que isso havia acontecido na noite em que a namorada dele me beijou...

Infame Where stories live. Discover now