40 Pós apocalipse

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Bea

O despertar foi como acordar de um pesadelo, ao mesmo tempo que parecia uma vitória tão nossa, o ar havia mudado, como se a cidade toda sentisse o mesmo ar que nós, um ar sem a opressão que costumava reinar.

Eu podia sentir a liberdade de um recomeço, e sentia que ali, e ao lado dele, era o meu lugar, o meu porto, o lugar onde eu criaria raízes. Onde o ensinaria a ser livre, a confiar nas pessoas, a ter uma vida comum. Com desafios, mas pela primeira vez, de verdade.

Ele acordou, me vendo observá-lo, piscando os olhos com um sorriso nos lábios.

⸻ Você está bem? ⸻ perguntei tocando seu rosto em um afago.

Sua mão segurou a minha sobre sua bochecha. ⸻ Estou. Acho que nunca dormi tanto. E tão bem.

Me inclinei para ele lhe dando um beijo no lugar onde minha mão ocupara segundos antes.

⸻ E é a só a primeira... Vamos dormir bem por muitas noites ainda, amor.

Fazendo um esforço, ele se agarrou a minha mão para se sentar. Os ferimentos foram mesmo muito superficiais, graças a Deus ele estava bem.

Durante algum tempo, nossos olhares paermaneceram grudados, parecia que tínhamos tanto a dizer, mas nada saía.

⸻ Faz um favor por mim? ⸻ disse ele com uma voz séria, que me deixou totalmente perdida. Assenti sem graça. ⸻ Ali, debaixo do tapete em frente ao sofá... Tem uma coisa para você.

Arregalei os olhos ⸻ O que? Para mim?

Ele assentiu ainda sério e me encorajou a ir até lá.

Saí do quarto, olhando para o chão desconfiada, não sabia o que pensar. Me abaixei diante do tapete, joguei parte dele para o lado e olhei para as placas de madeira que revestiram o chão bonito. Uma delas não parecia estar fixa, dei batidinhas nos cantos, vendo que ela estava realmente solta. Com as pontas dos dedos consegui levanta-la, e debaixo havia um grande espaço, uma bolsa preta de couro estava dentro do buraco. A puxei com dificuldade, ela estava bem presa ali. Olhei atordoada para aquilo, pensei em arrumar tudo e voltar para o quarto antes de ver o que havia dentro, mas não consegui, a curiosidade me venceu.

Abri o zíper vendo... A bolsa estava abarrotada de euros em malotes, cheia até a boca, deveria ter...

⸻ Quinhentos mil euros. ⸻ disse ele atrás de mim, segurando o abdômen apoiado no batente da sala.

Baixei os olhos para o dinheiro sentindo meu rosto ficando quente e as lágrimas querendo escapar de mim.

⸻ Mas o que... O que você quer com isso? ⸻ falei já chorado. ⸻ Luca... Eu...

Fazendo careta de dor, ele caminhou até mim, parando na minha frente, e se abaixando para me encarar, Abriu um bolso lateral pegando um saquinho.

⸻ Aqui. ⸻ me mostrou na altura dos olhos.

Coloquei a bolsa sobre o sofá e segurei o saquinho com as mãos trêmulas já estava quase desmaiando...

Estava tudo ali, carteira de motorista, identidade, CPF, passaporte... Tudo, eu nem conseguia acreditar.

⸻ Quando... Quando você...

⸻ Quando estava com Pietro, usei a velha diplomacia dos Donatti para conseguir tudo mais rápido.

⸻Eu... Nem sei o que dizer... Por que está me dando isso agora? Você...

Ele percebeu meu nervosismo e segurou meu rosto delicadamente ⸻ Por que você parece assustada?

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