Bea
O despertar foi como acordar de um pesadelo, ao mesmo tempo que parecia uma vitória tão nossa, o ar havia mudado, como se a cidade toda sentisse o mesmo ar que nós, um ar sem a opressão que costumava reinar.
Eu podia sentir a liberdade de um recomeço, e sentia que ali, e ao lado dele, era o meu lugar, o meu porto, o lugar onde eu criaria raízes. Onde o ensinaria a ser livre, a confiar nas pessoas, a ter uma vida comum. Com desafios, mas pela primeira vez, de verdade.
Ele acordou, me vendo observá-lo, piscando os olhos com um sorriso nos lábios.
⸻ Você está bem? ⸻ perguntei tocando seu rosto em um afago.
Sua mão segurou a minha sobre sua bochecha. ⸻ Estou. Acho que nunca dormi tanto. E tão bem.
Me inclinei para ele lhe dando um beijo no lugar onde minha mão ocupara segundos antes.
⸻ E é a só a primeira... Vamos dormir bem por muitas noites ainda, amor.
Fazendo um esforço, ele se agarrou a minha mão para se sentar. Os ferimentos foram mesmo muito superficiais, graças a Deus ele estava bem.
Durante algum tempo, nossos olhares paermaneceram grudados, parecia que tínhamos tanto a dizer, mas nada saía.
⸻ Faz um favor por mim? ⸻ disse ele com uma voz séria, que me deixou totalmente perdida. Assenti sem graça. ⸻ Ali, debaixo do tapete em frente ao sofá... Tem uma coisa para você.
Arregalei os olhos ⸻ O que? Para mim?
Ele assentiu ainda sério e me encorajou a ir até lá.
Saí do quarto, olhando para o chão desconfiada, não sabia o que pensar. Me abaixei diante do tapete, joguei parte dele para o lado e olhei para as placas de madeira que revestiram o chão bonito. Uma delas não parecia estar fixa, dei batidinhas nos cantos, vendo que ela estava realmente solta. Com as pontas dos dedos consegui levanta-la, e debaixo havia um grande espaço, uma bolsa preta de couro estava dentro do buraco. A puxei com dificuldade, ela estava bem presa ali. Olhei atordoada para aquilo, pensei em arrumar tudo e voltar para o quarto antes de ver o que havia dentro, mas não consegui, a curiosidade me venceu.
Abri o zíper vendo... A bolsa estava abarrotada de euros em malotes, cheia até a boca, deveria ter...
⸻ Quinhentos mil euros. ⸻ disse ele atrás de mim, segurando o abdômen apoiado no batente da sala.
Baixei os olhos para o dinheiro sentindo meu rosto ficando quente e as lágrimas querendo escapar de mim.
⸻ Mas o que... O que você quer com isso? ⸻ falei já chorado. ⸻ Luca... Eu...
Fazendo careta de dor, ele caminhou até mim, parando na minha frente, e se abaixando para me encarar, Abriu um bolso lateral pegando um saquinho.
⸻ Aqui. ⸻ me mostrou na altura dos olhos.
Coloquei a bolsa sobre o sofá e segurei o saquinho com as mãos trêmulas já estava quase desmaiando...
Estava tudo ali, carteira de motorista, identidade, CPF, passaporte... Tudo, eu nem conseguia acreditar.
⸻ Quando... Quando você...
⸻ Quando estava com Pietro, usei a velha diplomacia dos Donatti para conseguir tudo mais rápido.
⸻Eu... Nem sei o que dizer... Por que está me dando isso agora? Você...
Ele percebeu meu nervosismo e segurou meu rosto delicadamente ⸻ Por que você parece assustada?
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Infame
Romance(+18) Beatriz e sua melhor amiga vivem uma vida nômade, sobrevivendo de cidade em cidade dando golpes em homens ricos por onde passam. Porém ao chegar ao sul da Itália sua amiga desparece, deixando poucas pistas para seguir Luca é o mais jovem e dis...