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Será que podem passar no perfil da TomlisonWife e espreitar a nova fic dela? Obrigado :)

Alguns dias passaram, desde a data em que fui presa, quase morri congelada e fiquei doente- tudo no mesmo dia. Olhando para trás agora, tenho vontade de me rir. Aquela deveria ter sido uma sexta-feira 13, numa outra realidade paralela.

Desde então, a minha vida tem sido bastante calma. Passo os dias na livraria, onde Andrew aparece para almoçar comigo e, nos últimos dias, Harry tem passado cá várias horas, no cantinho da leitura. Em vez de ler, ele trás consigo o computador, um caderno e uma caneta e fica ali horas a fio a trabalhar.

É óbvio que já tentei que ele me dissesse no que está a trabalhar, mas ele nunca o faz. A minha mente até já me levou a conspirar teoria de que ele poderia trabalhar para o FBI ou algo do género, mas, rapidamente descartei essa possibilidade porque, afinal de contar, é só o Harry, o meu amigo.

A nossa amizade tem sido bastante tranquila e agradável. Talvez o facto de ter ficado doente e Harry ter cuidado de mim tenha ajudado bastante nisso, pois agora, como agradecimento, todas as manhãs lhe compro um donut e, a meio da tarde, enquanto ele trabalha, ofereço-lhe uma caneca de café, que descobri que ele tanto gosta. Enquanto isso, Harry faz questão de me trazer sempre algum doce para sobremesa, depois do seu almoço.

Quanto a Andrew, as coisas com o avô estão bem mais calmas. Eles estão a tentar reconstruir a relação que tinham e até me convidaram para ir esquiar com eles no fim de semana. Ainda não decidi se vou ou não, afinal não me quero intrometer e arruinar o propósito de eles irem.


Harry: Aqui tens- disse enquanto me entregava uma caixa com a sobremesa de hoje

Eu: Sabes, se continuares assim vais ter que me pagar também o ginásio- brinquei

Harry: Como correu o almoço com o Andrew? - perguntou curioso

Eu: Bem- estranhei- Porque não te juntas a nós em vez de ires para um restaurante sozinho? - convidei

Harry: Não é preciso, deixa estar- recusou educadamente- E se o fizesse, quem te traria sobremesas depois? - brincou

Eu: Podemos sempre encomendar- pisquei-lhe o olho- Vá lá, ao menos junta-te a nós amanhã- insisti- Vais ver que vamos tornar o teu almoço bem mais interessante

Harry: Vou pensar no assunto- disse e fez um meio sorriso


Já estava habituada a este Harry simpático e bem humorado, quando estávamos sozinhos. Esperava que, em breve, Harry fosse assim no seu dia a dia, e que começasse a ver as pessoas em geral com outros olhos, que lhes começasse a dar uma hipótese de demonstrarem que nem todos o querem magoar e enganar.


Eu: Harry? - chamei-o quando me lembrei de algo

Harry: Alexa? - respondeu divertido

Eu: És bom a descobrir coisas sobre pessoas? - perguntei não querendo ir direta ao assunto

Harry: Depende de quem seja a pessoa e o que queiras saber- disse intrigado

Eu: Naquele livro que te mostrei, falava de um George Clark, queria saber se ele é relacionado comigo de alguma forma- expliquei

Harry: E queres que eu investigue isso? - perguntou confuso

Eu: É só que a tua mãe pode saber de algo- disse meio envergonhada

Harry: Da última vez que remexi em coisas do passado, por causa desse livro, o Andrew saiu magoado. Não quero que te aconteça o mesmo


Por mais que aquelas palavras me tenham tocado, e até mesmo feito corar um pouco, continuava curiosa em relação ao assunto, e não queria desistir assim tão facilmente.


Eu: Por favor? - insisti

Harry: Vou perguntar-lhe sobre o assunto- suspirou em derrota


Saltei de trás do balcão e abracei-me ao pescoço de Harry enquanto dava pulos de alegria e lhe agradecia uma e outra vez. Afastei Harry de repente e comecei a encher o seu rosto de leves beijos, fazendo com que ele se risse.


Harry: Tenho mesmo que voltar ao trabalho- disse enquanto me afastava ligeiramente

Eu: Desculpa- disse envergonhada


A nossa conversa foi interrompida por um fornecedor que entrou pela loja adentro e eu tive que ir falar com ele, para me certificar de que o que quer que ele trazia, era para mim e estava tudo correto. Depois de assinar tudo o que tinha a assinar, o estafeta foi-se embora e eu acabei por ir ligar para todas as pessoas que me tinham encomendado o mais recente livro de Hudson. Algumas prometeram passar logo na manhã seguinte, o que significava que não me poderia atrasar.

Passei o resto da tarde a tratar das encomendas, mas, de vez em quando, ia trocando alguns olhares com Harry, que estava a trabalhar.


Harry: Agora é a minha vez de perguntar algo- disse e eu saltei de susto, por não esperar que ele estivesse tão próximo de mim

Eu: Diz- disse quando me acalmei

Harry: Porque é que tenho a sensação que tu e os teus pais não se falam? - perguntou pensativo

Eu: Porque achas isso? - perguntei curiosa

Harry: Só acho estranho que me peças ajuda, quando podias sempre recorrer aos teus pais, que, de certeza que seriam uma ajuda muito maior que eu- disse calmamente

Eu: A resposta à tua pergunta é a seguinte, eu e os meus pais éramos bastante chegados, até que decidi que não queria seguir a carreira que eles queriam para mim, ser cirurgiã ou advogada, pois são os empregos em que eles acham que eu teria um ordenado melhor, logo, também uma vida melhor.

Harry: Então vocês afastaram-se por algo tão idiota? - perguntou admirado

Eu: Quando lhes disse que queria algo mais banal como abrir o meu próprio negócio, de preferência esta livraria, foi horrível. Discutimos durante vários dias, até que simplesmente decidi vir-me embora e, desde então, não voltei a falar com eles.

Harry: Eles não tentaram ligar-te, para saberem onde estás ou como estás? - perguntou surpreso

Eu: Eles sabem onde estou, obviamente, só não querem saber mais que isso.

Harry: Lamento- disse e notei que estava a ser sincero


A minha relação com os meus pais, neste momento, está bastante complicada. Os meus pais têm uma mentalidade bastante rígida, e então, para eles, os únicos empregos possíveis, para eles, que eu poderia ter, era aqueles que me garantissem um futuro cheio de sucesso e lucro. Quando isso não aconteceu, os meus pais tentaram de tudo para me fazerem mudar de ideias. Uma vez que isso não aconteceu, decidi seguir aquilo que realmente queria e eles limitaram o contacto que tínhamos, numa tentativa de me punirem e me fazerem arrepender. No entanto, pais não deixam de ser pais, e não deixam de se preocupar, então continuam constantemente a mandar-me dinheiro, com medo que eu precise de algo e não lhes peça com vergonha.

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