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Quem é que vocês imaginam como sendo a Alexa e o Andrew?


Lucy: Geneticamente não, mas a tua bisavó Elsa casou com um senhor chamado George e o filho dela decidiu adotar o seu apelido, depois de o pai verdadeiro os ter abandonado- a minha mãe explicou amavelmente

Eu: E a bisavó Elsa é a avó do pai? - perguntei juntando a informação que tinha acabado de obter

William: Exato- concordou- George era como um avô para mim mas não o era de sangue

Eu: E vocês sabem se ele alguma vez cometeu algum crime? - perguntei tentando descobrir mais


Ambos os meus pais me ficaram a encarar, sem perceber o porquê de tantas perguntas e a minha súbita curiosidade, então resolvi explicar.


Eu: Quando me mudei para Rye, num dos dias em que estava a passar algum tempo com Andrew, de quem já vos falei, ele mostrou-me um diário do avô, que falava de um polícia chamado George Clark que tinha sido exilado da cidade por suspeitarem que ele era o autor de vários crimes diversos. No diário não voltam a falar do assunto, então fiquei curiosa se seria alguém da nossa família, apesar do apelido Clark ser bastante comum

William: Que eu saiba, George nunca foi policia- disse pensativo

Eu: Vocês não têm fotos dele? - pedi

Lucy: Deve haver alguns álbuns antigos com fotos em que ele esteja, se quiseres amanhã posso ajudar-te a procurar

Eu: Não tens que ir trabalhar? - perguntei confusa

Lucy: O trabalho pode esperar- sorriu


Era a primeira vez em anos que a minha mãe me metia à frente de toda a sua agenda de trabalho, o que me deixou completamente sem palavras e a sorrir sem parar. Acho que afastar-me de casa durante uns tempos me fez muito bem, e aos meus pais também. William e Lucy pareciam ter uma postura mais afetuosa.

Continuámos a conversar durante mais algum tempo, mesmo depois de termos terminado a refeição, mas tudo em que me conseguia focar era no que tinha descoberto em tão pouco tempo, desde que tinha regressado.

Pelos vistos a minha bisavó Elsa foi casada e teve o meu avô, que após o abandono do pai, decidiu uns anos depois, quando a mãe se voltou a casar, que mudaria o seu apelido para Clark, ou seja, para o apelido de George. No entanto, o meu pai não se lembra de George, que passou a ser considerado seu avô, alguma vez ter mencionado ter sido policia, ou até de ele ter vivido em Rye. 

Esta história fica mais complicada a cada tentativa que faço de a desvendar.


William: Vou deitar-me que amanhã tenho de acordar bastante cedo, para trabalhar, mas conto estar em casa pouco depois da hora do almoço- disse despedindo-se


O meu pai deu um beijo tanto na minha testa como na da minha mãe e dirigia-se para o quarto, quando me lembrei de lhe perguntar algo.


Eu: Importas-te que vá até ao teu escritório? - perguntei sabendo que ele ainda me conseguiria ouvir

William: Força- sorriu- Há gomas na gaveta de cima- piscou-me o olho


Desde pequena que era viciada em gomas. Tinha apanhado esse vicio, provavelmente do meu pai. Apesar de o meu pai ser médico cirurgião e saber o quão mal as gomas poderiam fazer, fazia sempre questão de ter um pacote ou dois de gomas na gaveta da sua secretária, pois sabia que quando eu fugia para o escritório e ficava a jogar no seu computador, adorava comê-las.

Depois de ajudar a minha mãe a arrumar tudo e ela se ir deitar também, segui para o escritório do meu pai, onde tinha a impressão de ter visto um álbum de fotos há uns anos. Assim que entrei fui preenchida por um sentimento de nostalgia pois tudo permanecia exatamente igual. Na verdade, toda a casa tinha permanecido na mesma, era quase como se nem tivesse nunca ido embora. 


Sentei-me na confortável cadeira de couro, de frente para o computador do meu pai e em vez de o ligar, como teria feito em algumas outras ocasiões, comecei por abrir as gavetas e procurar o seu conteúdo. A primeira coisa que me saltou à vista foram as gomas que o meu pai tinha mencionado anteriormente. 

Abri o pacote e ia comendo algumas gomas enquanto analisava os papéis e outras coisas que ali se encontravam. No fundo de uma das últimas gavetas, finalmente encontrei o álbum que tanto procurava. Este tinha um aspeto bastante velho e parecia que se ia desfazer a cada página que eu mexia, mas a minha curiosidade não me deixou não bisbilhotar nas fotos.

Reconheci algumas das pessoas das fotos, mas havia também completos estranhos que nunca tinha visto na vida, por sorte, quem tinha preparado aquela coletânea de fotos, fez questão de identificar não só as datas e os locais onde tinham sido tiradas, como também os seus intervenientes.

Estava quase no final, quando finalmente surgiram algumas fotos de Elsa e George. Pelas fotos, tudo o que eu poderia dizer é que pareciam bastante apaixonados e felizes. Observei a figura de George durante demasiado tempo e, quanto mais observava, menos acreditava que ele fosse o mesmo George de Rye, ou até, que tivesse cometido algum crime em toda a sua vida.

Fiquei encantada com algumas das fotos, Elsa e George pareciam ter vivido um daqueles romances que só se viam nos filmes...

A última foto era do meu pai, em bebé. Do que me parecia, o álbum estava organizado mais ou menos de forma cronológica, o que tornava completamente normal não conter qualquer foto minha. 


Desculpem o capítulo de hoje ser ligeiramente mais pequeno, mas espero que gostem na mesma. Deixem as vossas opiniões e votos, são importantes :)

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