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DESCULPEM A DEMORA AMORES

A minha viagem por Londres foi bastante curta. Apesar de a minha vontade ser ficar mais uns dias, sabia que agora tinha responsabilidades e não as podia adiar para sempre, ainda que Andrew me garantisse que não teria problema se ficasse mais um dia ou dois, para passar algum tempo com os meus pais.

A verdade era que também estava muito mais aliviada, agora que sabia como Harry me tinha encontrado e não tinha tanto medo de o encarar, visto que ele tinha sido honesto comigo.

Em vez de apanhar transportes até Rye, os meus pais pediram a Ethan que me trouxesse, o que me deixou super feliz, pois fomos a falar durante toda a viagem. Dei-lhe as indicações para que me levasse até casa e, mal chegámos, fiz questão de lhe fazer uma tour pela mesma. Como se não bastasse, ainda o levei até à livraria para lhe mostrar e para lhe apresentar Andrew.

Andrew: Olhem só quem está de volta- disse alegre mal me vou entrar pela porta

Eu: Ethan, este é o meu amigo Andrew. Andrew, este é o Ethan

Andrew: É um prazer conhecê-lo senhor Clark

Eu: O Ethan não é meu pai - disse a rir- É um amigo de longa data da família

Ethan: Também é um prazer conhecê-lo, menino- disse para Andrew e em seguida olhou para mim- Menina, tenho que voltar. Os seus pais podem precisar de algo

Eu: Tinha esperança de que pudesses ficar mais algum tempo- disse enquanto o abraçava- Tinha imensas saudades vossas!

Ethan: Nós também tínhamos suas, menina. Tem que nos ir visitar mais vezes- sorriu e deu-me um beijo na testa

Eu: Vocês podem sempre vir cá, assim ficavam a conhecer o local onde moro

Trocámos mais algumas frases de despedida e em seguida Ethan acabou por ter de regressar a Londres. Fiquei com Andrew na livraria e ele contou-me como tinham sido os seus dias, apesar de ter noção de que ele estava impaciente para saber o que se tinha passado entre mim e Harry.

Eu: O Harry tem aparecido por cá? - perguntei mudando o assunto

Andrew: De vez em quando, senta-se a trabalhar e ao fim de umas horas acaba por ir embora- explicou

Eu: Ele já esteve cá hoje? - perguntei curiosa

Andrew: Já, mas acho que veio mais para ver se já tinhas voltado do que qualquer outra coisa

Eu: Então?

Andrew: Mal entrou e me viu aqui, revirou os olhos e voltou a sair. Afinal, o que se passou?

Eu: Lembraste da viagem com o teu avô? - perguntei e ele acenou afirmativamente- Nós nessa viagem decidimos ficar amigos coloridos e, quando voltámos, ele decidiu que queria que eu fosse com ele numa viagem de trabalho, a Paris, para passarmos mais tempo juntos e me mostrar a cidade

Andrew: Então foram sozinhos para a cidade do amor? - perguntou divertido

Eu: Sim, mas correu tudo mal- suspirei

Andrew: O que pode ter corrido mal, se estavam sozinhos?

Eu: Então, no primeiro dia passámos a manhã a passear e estivemos a ver a cidade. Fomos almoçar. E até comprámos bilhetes para irmos ao teatro nessa mesma noite. Então como ele tinha ido na viagem em trabalho, depois do almoço teve que ir para uma reunião, mas garantiu que essa seria a única a que teria de ir e que depois de jantar iríamos ver o espetáculo, como tínhamos planeado.

Andrew: E não foram? - tentou adivinhar o que se seguia

Eu: Passei a tarde por minha conta e até fiz o jantar para que quando ele chegasse fosse só comer e arranjar-se para irmos, mas, olha a minha surpresa, quando ele chegou e disse que tinha surgido algo de última hora e teria que trabalhar depois de jantar também. Tentei compreender e depois dele sair, decidi que iria aproveitar o teatro na mesma, mas, quando tentei entrar com os bilhetes que tínhamos comprado, eles já tinham sido usados

Andrew: O Harry foi ao teatro sem ti? - perguntou surpreendido

Eu: E com outra rapariga! - quase gritei chateada

Andrew: Que rapariga? - perguntou confuso

Eu: Também não sei, só sei que depois de não conseguir entrar no teatro, fui até um bar ali perto e fiquei a beber sozinha. Apareceu um rapaz chamado Louis, que foi super simpático, e que depois acabou por me levar a casa porque eu não estava em condições de ir sozinha e já nem sabia a morada do apartamento onde estávamos.

Andrew: Deixaste que um desconhecido te levasse a casa? - perguntou num tom de repreensão

Eu: Eu sei, mas na altura estava bêbeda e não estava a pensar claramente. Quando estávamos a chegar ao apartamento, vimos o Harry com a tal rapariga. Ficámos os dois perplexos e então decidi ir dormir no quarto de hotel de Louis

Andrew estava com uma cara super surpreendida e, ao mesmo tempo, divertida. Não o podia censurar, agora que pensava em toda a aventura que foi Paris, também não podia acreditar em tudo o que tinha acontecido e nas decisões que tinha tomado, de cabeça quente,

Eu: Então eu fui dormir para o quarto de Louis e, na manhã seguinte, quando acordei, ele disse-me que Harry estava na entrada, á minha espera. Eu nem lhe tinha dito onde estava!

Andrew: Então como é que ele te encontrou? - perguntou confuso

Eu: Nessa altura, eu estava a pensar que ele tinha imensos segredos e comecei a imaginar que ele fosse um agente secreto- ri da minha idiotice- Mas enfim, Louis acabou por me ajudar a fugir de Harry, levando-me pela porta das traseiras e então apanhei um avião para Londres, onde passei o dia de ontem com os meus pais. Para minha surpresa, Harry também apareceu lá

Andrew: E tinhas-lhe dito que estavas lá? - perguntou confuso

Eu: Desde o momento em que o vi com a rapariga, até a minha mãe me convencer a falar com ele, não trocámos uma única palavra, então não

Andrew: E como é que ele sabia então?

Eu: Depois de falar sobre ele com a minha mãe, ela meteu-me a pensar e convenceu-me a falar com ele, então mandei-lhe mensagem porque, tenho de admitir, naquela altura estava com medo de o encarar sozinha

Andrew: E o que é que ele disse? - perguntou ansioso

Eu: Que tinha usado o Snapchat para me encontrar - revirei os olhos

Mal a frase saiu da minha boca, Andrew começou a rir sem parar e eu compreendia o porquê, afinal toda a situação parecia ridícula

Andrew: E quanto á rapariga, o que disse ele? - perguntou depois de parar de rir

Eu: Não falámos sobre isso- encolhi os ombros - Disse-lhe que falaríamos quando eu voltasse

Andrew: Espero que estejas pronta para essa conversa, porque o Harry vem aí- disse fazendo sinal para a porta da livraria

O meu coração falhou um batimento e, de repente, todo o meu corpo foi inundado pelos nervos. Não sabia se estava pronta para aquela conversa, mas sabia que, provavelmente, teria de a ter de qualquer forma, pois Harry não me deixaria fugir novamente.

Eu: Não te vás embora- sussurrei para Andrew mal ouvi o barulho da porta abrir

Harry: Alexa - sussurrou quando se aproximou de mim

Eu: Harry- disse meio reticente