Torno-me Brumal

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melopeia da lua
soa acalente no valsar
que move-me por um céu nocturo
na quietude do vagar.

clamo a ti veemência
clamo a ti raiva
e clamo a ti, ares
clamo por natureza,
bruta e arrogante;
suavidade maculada
em nua essência.

na caligem da noite
faço juz da gana
arranco meu coração cálido
e o devoro cru.
torno me tecelã
de meu próprio sonho
o teço em linhas d'uma lactescência
nascida de aurora respingante.

torno-me brumal
ebúrnea a vagar
adornada de asas minhas
mariposeando o dançar.

clamo ao languor
que deixe-me a valsar
uma última vez - em tornos aos astros diáfanos.

clamo aos céus
deixa-me vagar - sem coração a bater,
sem elã ao invernar.
paz diurna ao ter - eu -
lúgubre a valsar.

Tecelã de Sonhos - Poesia D'águaWhere stories live. Discover now