Como Anjo Serafim Caído

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suavidade da luagem,
tecida fina em candura,
mesmo ao ser feroz,
a vagar junto da arcaica noite sacarina,
seu véu virginal alabastrino cai por mantas
ao tornar-se prateado;
pungente e viscoso, como ventre d'uma deusa arisca.

o lume que alui por terra,
assim como estrela-da-manhã que por este solo já rugiu,
é ardente como sol de meio-dia,
e por entre acordes d'uma branda lira,
à véspera da noite tonta,
torna-se melodia - amelopiando a chegada da estação nívea.

a noite vernal enluarada,
rodeada da brisa marina,
deriva-se da mais vetusta religião;
é saborosa como benção,
alimenta a alma e o coração,
embuída em delírios, ébrias de sonhos míticos,
é malina e muitas vezes pueril.
são resguardadas por éolos cândidos,
que tornam as afáveis dos pés às mãos.

no mar-de-vênus colheram vida e Visão;
encontram-se todos juntos,
apenas na estação alva-vernal.
a luagem pinga pela noite,
e escorre até o mar-breu,
o zéfiro entoa e dança,
guiando até si,
o querido inverno juvenil.

de junho à agosto
tudo merge-se em bacanaria febril;
constante delírio,
opulente como ave-do-paraíso
assobiando antigas cantigas,
dançadas por anjo serafim caído.

em setembro o sono é derramado,
e acalanta suavemente.
langorosas, derretem em sonhos tenros, nacarinos e cálidos,
e o inverno, a beira-mar selênica,
é colhido ao amanhecer pálido;
"Até junho, querida lira, faço-o ternamente,
do árido ar veranil, ao cair do níveo inverno alado"

langorosas, derretem em sonhos tenros, nacarinos e cálidos,e o inverno, a beira-mar selênica, é colhido ao amanhecer pálido;"Até junho, querida lira, faço-o ternamente,do árido ar veranil, ao cair do níveo inverno alado"

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Tecelã de Sonhos - Poesia D'águaWhere stories live. Discover now