Ímpia Menina

56 5 0
                                    

- rascunho.

És menina ímpia,
tentada ao lado aurífero de seu amor;
procuras a lua por paixão, esplandor.
Campos elíseos para seus pés cansados,
E uma cama, embebida em nacárada luz solar, para seu corpo pesado tingido de langoroso candor.

Á noite renasces através de concha valva hialina,
surgindo da espuma para a abóbada, como Vênus levantina.
Velada por escuridão aveluada,
o sono de teu corpo pinga a fora,
para lhe encontrar novamente ao tez da alvorada brumosa,
Que nina-te a dormir com luz jovial-rosa.

És para a noite o pedaço ausente de alma.
És, também, mulher; multiplicada.
Surges como loba salpicada em mil visages, e por tudo, és faminta.
Alífera quando renasces,
testemunhas como bardo,
o fábular de mil estórias.
E o transitar destas ao culminar d'ãncia história;
E és tão infinita quanto Ela,
quando diante da alvura rivalizas tua dor
e um ameno choro choras.

Quando a morna alvorada se levanta,
como paredão adourado de luz diáfana - deleite para primaveril roça olente,
Tornas-te um sonho, e escapas para tua cama cândida, pouco exigente.
A espera do entardecer - da noite poenta,
para acordar-lhe docemente - com um beijo na bochecha albenta.

Levantas tardia,
após deslumbrar-se com as chamas das velas brancas 
Pouco dóceis quando das janelas as luzes lhe escapam,
enfunadas de alaranjados clarões, criando uma áurea suave ao redor desta intrínseca visão:

O geminar da poesia branda;
inspiração simplista que de seus dedos manchados de cera lhe escapa
a fim de lhe arrancar um pedaço da
magra alma.

Esta que deságua em todo escrito,
hai de um dia cair seca,
a ponto de matar cada rosa, cada tulipa, cada lírio-asteca,
Se não renovada a cada temporada,
por outra áurea, por outro visão.
Hai dela, se não chover nas terças e quintas,
De onde virá inspiração se não?

A terna noite é de amante à musa
quando na boca rosa deposita um beijo,
A fim de lhe dizer que não há nada à temer,
Quando alvejas pura criação.

Ela retorna, ao declínio de cada dia, como erma peregrina,
e se estica sobre o céu preguiçosa,
enquanto suave Vitória renasce,
pronta para o semear d'outra estória.
Faminta por frescos versos e
linhas borradas, faminta por tinta e inspiração,
Após o despejar da líquida-alma, com amor, sobre sua nova e querida criação.

Tecelã de Sonhos - Poesia D'águaजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें