Vita Nuova, 1294.

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Primeira Versão.

Para o meu amor, Lily.

I. 

Acendemos as brandas velas e dançamos
sob o brilho terno de dias cândidos e desdenhados,

A noite surgiu de trás da floresta de ébano, tão delicada
trazendo junto a ti convidados - para enfrentarmos a solidão, 
com o bálsamo suave do desejo brado.

Profundamente a ataviar o céu, a ninfa alabastrina - musa de todo poeta - mãe desvanecida do mistério, derramando sua luz tão fantasmagórica, 
fundindo-se na escuridão líquida da noite, levemente - tornando-se excêntrico espectro, pálida.
Como as flores prevalecendo à neve, e o bruto candor do inverno - uma visão tão delicada, onírica, tal qual uma fábula de magia fragmentada, vívida e aguçada.

O terno reflexo de sua luz caiu, 
trazendo o divino ao âmago de belas coisas rasas;
como as pequenas ondas sedosas,

de lá para cá, desbandando em dança banal,
imperturbáveis por nosso desejar méleo, agradando nossos pés gentilmente,
e, finalmente, dançando uma última vez,
antes da nossa partida divina,
como o dia partindo para desmanchar-se em sono nacarado,
enquanto a ambígua noite desperta 
para glorificar sua metade esotérica da vida.

Partiremos como noite e dia

E nos veremos novamente, 
através de nossa língua materna, 
em sua pura lactescência
quando a língua flutua ao falarmos "sonhar" 
e volta novamente ao seu macio leito, lúrida a descansar.

II.

O romantismo inerente e a nostalgia melancólica proveniente às noites crescentes - apenas contemplação mortal?

-- Se estas apaixonado, pequenas coisas tomam a forma do romantismo. eu amo uma garota, personificação doce do erótico. Anafada de desejo, êxtase. Banhada em candor líquido, faminta por viver e amar. Epítome do lírico. 

III.

Minha violeta retornou,
suas mãos transbordando com um chorus de beija-flores,
batendo suavemente na minha porta negra,
carregando em seu peito um jardim 
e aos seus olhos o reflexo de eros; um amor agridoce, tentado em forma de louvor.

Deu-me suas mãos e levou-me para o mar 

Adentramos nossa casa indomada.

IV.

Doce mel, 
posso escrever mil versos De você
e transformá-los em metáforas finamente tecidas,
mas nada nunca será tão romântico, verdadeiro
quanto seus lábios cerejas e seu rítmico cântico,
sua respiração suave e seu tom sussurrante, 
derretendo em paixão iridescente; transformando a noite em 
vermelho brilhante com seu amor sagrado e ofuscante.

V.

Finalmente, lhe vi, através dos olhos d'um poeta amoroso,
e através dos olhos d'um devoto - ajoelhando-se para te adorar,
todas as noites, ao lado de uma vela de mel - a cor dos teus olhos no nascer do sol de apolo-dourado, em uma alvorada crescente salpicada em jovial rosa.
E fiz minhas palavras caírem com santidade,
por toda linha e todo verso esvoaçante, 
eu tenho você em meus dedos 
e em minha mente inquieta. 
E além de um poema de amor, lhe dedicarei cada ideia borrado de tinta e cada fresca linha de que minhas páginas flutuarem.

És minha fonte do criar, és musa e és deusa. És o abismo em que me atiro quando minha alma seca não há mais palavras para derramar.

VI.

Eu te vi
espreguiçando-se contra uma nuvem clara-laranja
Eu te vi
através da sombra d'um sonho níveo

E eu te beijei, castamente, em seus lábios nácaros,
numa noite enfeitiçada, sobre o mar nu e sensível.

E nós nascemos novamente, 
através do abraço raso d'uma concha vazia.
Um chorus de olhos lacrimejantes veio da rochosa beira-mar,
os pássaros cantaram para nós
a doce sinfonia do renascimento ...

VII.

Finalmente nos encontramos
na empírica, mesmo que fora deste plano, terra olente. A partir de um passo fora do mar - recomeço; um novo poema; uma nova alegoria. 

Seus lábios tão doces como cerejas, macios como as asas níveas de uma pomba cor sangria, desvanecida como o tintilar da caneta contra a folha, um verso, uma storia; o começo d'uma nova vida.

Tecelã de Sonhos - Poesia D'águaWhere stories live. Discover now