Seis

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Início da 3° semana de 21 restantes, 5 meses e uma semana.

Annie naquela noite depois que a pequena Cloé havia ido embora, foi se deitar. Aquele dia havia sido cansativo para ela, e ela preferia deitar-se cedo já que provavelmente a dor desagradável do câncer iria acorda-la.

Dito e feito.

Eram quatro da manhã quando uma pontada forte rompeu pelo abdômen de Annie, ela tentou puxar o ar pela boca, parecia ter levado um murro na boca do estômago, talvez o murro fosse menos forte. Três pontadas vieram de uma vez, e antes que Annie conseguisse alcançar a gaveta  com seus remédios, forçou-se a dobrar o corpo sobre os joelhos. Trincou os dentes sentindo a garganta coçar, agora vinha a pior parte, uma tosse seca irrompeu de sua boca e junto com a saliva o gosto amargo do sangue, Annie levou a mão a boca, limpando por fora, mas a coisa estava pior do que ela imaginou.

— PAI! — gritou.

Miguel tirava um cochilo, fazia três semanas que ele não dormia direito esperando que algo do tipo acontecesse, que Annie gritasse por seu nome. Ele abriu os olhos e levantou-se as pressas correndo pelos corredores de sua casa, Sandra que tinha o quarto perto do de Annie não pôde deixar de ouvi-la e assim, levantou também, chegando no quarto de Annie junto com Miguel.

Ele ascendeu a luz e travou ao ver Annie debruçada sobre o corpo, uma das mãos suja de sangue, e os olhos gelados pedindo a morte.

—  Sa-Sandra...— Ele não sabia o que fazer, devia pegar o carro ou socorrer Annie? — E-eu, eu...

— Você vai pegar o carro, eu levo ela lá para baixo. — Sandra falou para a solução de todos.

Miguel desceu as escadas o mais rápido que podia, tropeçando em alguns degraus ele conseguiu chegar ao lado de fora. Caminhou até o carro e tentou abrir a porta, mas ela simplesmente não abria, suas mãos estavam tremendo sua respiração estava acelerada, ele estava com medo de perder a filha, precisava levar ela ao médico o mais rápido que podia, mas a droga da porta não abria. Sem pensar muito, Miguel fechou o punho com força e antes de acertar o vidro escuro do carro, seu braço foi impedido por uma força surpreendente.

— Você precisa da chave! — Kevin disse, a calma que o rapaz transmitia era incrível. Ele piscava os olhos com um tremendo controle, Miguel parecia ter controlado o fôlego e voltado a respirar agora.

— V-você tem razão, eu tenho que encontrar a chave. — ele levou as mãos a calça a procura da chave, mas ela nem ao menos tinha bolso.

— Acredito que ela esteja dentro de sua casa...— Kevin se aproximou um pouco mais dele, Miguel se sentia baixo ao lado do garoto, ele era mais alto quando se observava de perto.

— Você tem razão. — Miguel repetiu.

— O que aconteceu? Acha que consegue dirigir assim?

— Annie. — foi o que o pai conseguira dizer. Kevin assentiu e tirou uma mão do bolso da calça para massagear o queixo.

— Então pegue a chave e deixe que eu dirija. — ele disse, calmo.

— Não, não. Eu consigo dirigir, você tem Cloé para cuidar, vou pegar as chaves e amanhã lhe dou notícias.

Kevin segurou os ombros do homem que levantou o olhar azul para o garoto.

— Tem certeza?

— Tenho.

Kevin o soltou e deixou que ele voltasse ao controle. Da janela de sua casa ficou analisando tudo, o rosto severo e trincado. Ele queria ajudar, mas não desobedeceria a Miguel, viu Annie nos braços dele, sendo colocada no banco de trás e segundos seguintes o carro partiu.

Quando Annie for Where stories live. Discover now