Sete

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Continuação da 3° semana

Annie não pôde acreditar em quem via quando a porta fora aberta, ela nem ao menos sabia o que pensar ou sentir, olhou para o pai ao seu lado que não conseguia tirar os olhos dos pés, o homem alto e forte parecia tão indefeso agora...E Sandra, Sandra tinha os olhos em outro lugar, na outra porta do carro a qual Annie deslizou o olhar sentindo que nem deveria o fazer, e então se sentiu destruída.

— Vocês estão de brincadeira comigo? — ela até se surpreendeu quando a voz saiu potente, era a força da raiva.

— Annie...— o pai começou.

Ela levantou seu dedo indicador tentando expressar o que queria dizer, mas não conseguiu.

— Eu vim assim que soube!— a voz da mãe de Annie soou, a mulher olhava para a filha como se não a reconhecesse mais, mas tinha um olhar de admiração, Annie não era mais uma menininha, os cabelos tinham uma cor interessante, o rosto aveludado e oval, os olhos do pai. Tudo era do pai, ela não tinha nada que fazia jus a Sofia. — Annie...Eu...

No entanto Annie odiou ouvir a voz de pena de sua mãe, e logo em seguida uma voz mais mimosa saiu detrás de Sofia e todos olharam para a criança de cabelos escuros e olhos acastanhados. Era seu irmão.

— Mamãe, essa é Annie?! — foi o que ele disse. Parecia ter uns quatro anos e ao contrário da irmã, ele tinha tudo de Sofia.

— É, querido, essa é sua irmã! — A mulher não desviou os olhos da filha.

Domingo, um dia depois, início da 4° semana. 02:30 da madrugada.

Annie nem havia dormido, no quarto ao lado do seu estava sua mãe e seu irmão. Annie chorava, quis chorar ao ver a mãe massagear os cabelos de James, seu irmão, quis gritar quando o pai ofereceu aquela  casa para estádia da mulher com quem ainda era casado no papel. Annie nem queria ver seu pai depois disso, se sentia traída, decepcionada.

Caminhou até a janela enquanto secava as lágrimas. Olhou para varanda do vizinho e encontrou Kevin, que com a cabeça a chamou, seria bom sair e pensar um pouco. Conversar com alguém que não a conhecia seria mais leve, não sentiria a pena de Kevin em cima de sí.

Colocou seu xale sobre as roupas de dormir que se resumiam em um vestido de laicra que batia no joelho, pegou Blush no colo que parecia animado para sair também e antes de ir, se olhou no espelho, não queria aparentar estar chorando para o vizinho.

Minutos depois ela encontrou Kevin do outro lado da rua e caminhou até ele, agora aquela ideia parecia descabida, o que ela iria dizer a ele? O que eles iriam conversar, ou como ela ia agir ao lado dele? Kevin parecia mais bonito desde que o vira na última vez, e os olhos dele mesmo de longe Annie percebeu, estavam mais alegres, ele nunca parecia sorrir, mas seus olhos diziam tudo.

— Boa noite, vizinha! — ele iniciou e ao ouvir sua voz rouca, Annie se acalmou, ele tinha uns vinte centímetros a mais que ela e um físico que demonstrava proteção a qualquer um que estava ao seu lado, mas foi a sua voz que levou Annie a se sentir segura, e ela se esqueceu o que parecia lhe fazer mal.

— Boa noite, Kevin!

A voz serena de Annie fez com que ele olhasse seus olhos, ele logo percebeu um rubor diferente em sua pele, os olhos pareciam mais fundos e a pontinha do nariz, vermelha, ele deduziu que chorava.

— Eu quis levar Cloé até você hoje, mas achei que você deveria estar cansada depois da viagem...— testou, ele queria perguntar a ela se estava tudo bem, mas se conteve.

— Meu pai falou da viagem?

Começaram a andar, pra onde, essa era a questão.

— Só disse que iam passar um tempo longe, não me disse muito! — mentiu.

Quando Annie for Where stories live. Discover now