Capítulo 21 - Puta Que Pariu! (corrigido)

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Este capítulo acontece logo a seguir ao anterior, na parte que a Ashley vai embora.

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Vincent Pov. On

  Fiquei a olhar para a minha mão. Enquanto a Ashley ia embora. Então isto aconteceu... tenho de fazer o curativo disto, mexi os meus dedos, eles estão bons. E também comer algo antes que caia para o lado. Tirei um lenço do bolso e enrolei-o à volta da mão, terá que servir. Fui devagar segurando-me pela parede até a cozinha e... ah, foda-se o que é que o Phonny está aqui a fazer?

— Caralho Vincent o que aconteceu — ele estava sentado a beber o que penso que seria um café, e a comer algo, o que é bom, só veremos se manterá a rotina. — Temos que fazer um curativo na tua mão. Vem comigo.

— Nem penses, preciso de comer antes de mais nada. Se não caio ao chão — fui procurar por algo no frigorífico, tinha bolo! Perfeito, só espero que seja fresco, cortei uma fatia pus num prato e sentei-me na mesa.

  O Phonny levantou-se e foi a algum lado. Que demore, e que quando voltar eu que já não esteja aqui. Comi um bocado do bolo, já comi melhor, preferia uma maçã. Isto é difícil de estar zangado com ele, o tempo vai passando e eu estou a esquecer, ou a perder desculpas para estar zangado com ele.

  Fico a pensar nele, de novo. Eh, a quem quero enganar eu não paro de pensar nele. Até quando beijei a Claire eu tava a imaginar que era o Phonny. Estava tão escuro quando o conheci, ele não gostou de mim no início. E eu muito menos. Ele é arrumadinho, cabelo sempre arranjado, roupa engomada. Digamos o completo oposto se mim. Toma banho todos os dias, põe perfume... será que eu tenho perfume em casa? Dou uma gargalhada, ele é tudo o que odeio numa pessoa, era como eu era quando era mais novo. E mesmo assim, parece que a faísca que demos no início era amor, e não ódio. Devo de admitir que ódio e amor não são muito diferentes.

— Uh...

Será que se eu tivesse sido mais intrometido, ele teria ficado comigo? Tenho tantas questões, tantos "e se", quantas coisas poderia ter feito. Voltar atrás e mudar, se calhar perguntar se ele me amava, ou dizer mais cedo que o amava. Como seria as coisas?

— Vincent? Estás a ouvir? — levanto a cabeça e vejo que o Phonny voltou. Com sorte ele vai só pensar que eu tou a sentir-me mal e não a pensar nele. Tinha um kit de primeiros socorros. Já estava aberto, tinha o básico para fazer o curativo. — A tua mão.

— Ah, sim — respondo e estico a minha mão para ele, examinar, ele tirou os óculos dele e eu, perco-me nos olhos dele. Ele toca a minha mão e sinto um arrepio pelo corpo todo. Foda-se não pensei que estivesse assim tão carente.

  Ele começa a examinar a minha mão com tanto cuidado. Limpou o sangue, e depois começou a desinfetar. Olhou para mim, para ter a certeza que eu não me queixei com a dor. Infelizmente já estou habituado a sentir dor. Fiquei a olhar para ele, tinha tanto cuidado comigo, tanto carinho. E eu sei que ele gosta de mim. Devia era de dizer-me.

  Começou a pôr a ligadura na minha mão. Apertou com mais força, e eu queixei-me. Ele olhou para mim aflito.

— Ah, estás bem? — o Phonny avaliou-me de cima a baixo.

— Claro que estou. Podes continuar.

  Ele continuou. Serias assim tão cuidadoso se eu fosse outra pessoa? Voltei a olhar para a cara dele, estava concentrado na minha mão, que nem notava os meus olhares nele. Eu amo olhar para a cara dele quando está concentrado, o jeito que os lábios dele não param quietos, a tremelicar — quero beijá-los, quero fazê-los meus, pô-los vermelhos e inchados de tantos beijos meus que receberam... Que fantasia doce. Os olhos coloridos dele olham nos meus, tão desbotados. Até nisso ele é o oposto de mim.
Sinto os lábios dele na minha mão, quase como se fosse uma magia que iria ajudar a curar a minha ferida mais rápido. Rio.

Cinco Noites Com Humantronics (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora