16. Mentiras

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E aqui estou eu, tendo que aturar a filha do meu maior inimigo.

Se as ondas do mar fossem arrependimentos, já teriam me engolido por inteiro.

Mas minha ira pela garota não era fato dela ser quem ela era ou de quem ela é filha.

Minha revolta era o que ela me causava. Das sensações estranhas que ela despertava dentro de mim. Eu não podia deixar que isso me controlasse.

Daiana ficou uma fera quando soube que a garota estava aqui, pois a mesma havia atacado por trás deixando Daiana desmaiada, que por sorte foi encontrada por Jev.

Se fosse pela minha vingança, Daiana já tinha acabado com a pobre garota. Mas algo em mim impede, isso não é nada bom.

A princesa de Tidal Bridge acordou apenas depois de 2 dias, mas assim que acordou acredito que não foi tão bem recebida, muito menos por Daiana que saia da minha sala enfurecida com as escolhas da nova aliada.

Depois de alguns minutos a garota entra em meu quarto acompanhada de Liam. Como sempre ele não sorria assim como eu.

Eu peço para Liam nos deixar a sós, porém sinto medo onde essa conversa pode parar.

Olho para a princesa, me sentindo totalmente perdido sobre o que dizer e fazer. Eu a olho vendo o quanto é bonita, ela não parecia a mesma garota que fugia assustada há duas noites atrás, isso me faz voltar a questionar sobre o que o mar pretende com tudo isso.

E antes que eu possa dizer algo, ela mesma toma iniciativa de uma forma bem afiada. Isso me intriga e muito. Como ela ousava, sendo que nunca alguém já havia falado assim comigo?

Eu tentaria jogar o jogo dela pois queria saber o motivo dela fugir dos próprios guardas, queria poder entende-la e saber o porquê dela fazer meu coração disparar assim tão forte.

Vejo irritação em sua face quando a chamo de maluca. Acredito que deve esta me xingando por inúmeros nomes nada bonitos.

Mas eu não podia deixa-la me enfrentar, ninguém nunca ousou a fazer isso. Ninguém se levantava contra mim como ela levanta, isso me irrita. Já não basta o sentimentos estranho que me causa, agora isso? Me enfrentando sem medo, porém o pior é que isso me atrai mais ainda a ela.

Me aproximo dela, mas sinto arrependido pois cada passo aquela sensação estranha só aumenta. Tento disfarçar.

Mas o que eu desejava nessa conversa era chegar em um acordo com ela, pois o que eu mais desejava dela era a cabeça do seu pai.

E como a vi na festa pelo o comportamento dos dois e suas atitudes sobre fugir, talvez vá querer o mesmo.

- Eu só desejo algo de você. - Sussurro com a voz um pouco rouca, como odeio quando minha voz sai assim.

- Eu não tenho nada a te oferecer. - Rebate.

Como eu estava odiando a forma que ela me deixava por dentro, tão inquieto, com um coração pulsando forte no peito. Eu tinha que fazer algo a respeito. Eu poderia por medo nela talvez.

Então tenho uma ideia, uma ideia péssima, mas era uma ideia. Sempre meu olhar foi o medo das pessoas.

- Será que não? - Volta analisar a princesa de cima a baixo.

Mas quando olhar para seu rosto, percebo que causei mais do que um simples medo. Ela estava pálida e apavorada.

Acredito que o olhar que dei a ela não foi uma boa ideia, isso só piorou mais ainda.

Mas eu não podia voltar atrás, pois meu plano de mantê-la longe de mim para desaparecer todos esses efeitos estranhos que ela me causa sumiram era mais preciso do que ter a cabeça de seu pai.

Claro que a princesa se explode com isso me dizendo inúmeras palavras, porém acabo me perdendo em seus doces lábios que deixavam escapar cada xingamento, isso me intriga pois nunca imaginei uma princesa como ela agir dessa forma e isso me arranca uma risada.

Uma risada? Há uma década que eu não ria! O que ela fez comigo?

Ela fica perdida do por que de eu está rindo. Preciso arrumar uma desculpa para fugir da verdade por trás desse riso.

- Você é a graça, pois nenhum momento referi em tocar em você, muito menos da forma suja que está pensando. Não sou esse tipo de homem, alteza. - Digo quase cuspindo a última palavra. Tento jogar a culpa sobre ela por seus pensamentos, só para esconder a verdade. Como eu estava sendo tão baixo. - Acredito que deveria "baixar a crista" e parar de julgar as pessoas sem ao menos conhece-la , pois pouco me importa sua opinião sobre si mesma pois sem dúvidas vai continuar sendo assim até o fim dos seus miseráveis dias, princesa!

E eu fiz isso, jogando a culpa sobre ela, criando mentiras para esconder o que sinto - apesar que não entendo nada do que estou sentindo agora-.

Chamo Liam novamente para leva-la. Não aguento sentir isso. Eu sinto meu coração bater no mesmo ritmo que o dela. Mas que porra estava acontecendo comigo?

Ela não tinha culpa, porém eu quero afasta-la, eu precisava afasta-la.

E fiz isso através de mais mentiras dizendo de uma forma bem cruel em poucas palavras em seu ouvido.

- E a propósito não tem nada em você que me atrai além de repugnância. - Sussurro descaradamente a mentira.

Pois meu coração a deseja mais do que ter minha liberdade de velejar pelo mar. Eu me sinto acorrentado a ela, porém não consigo vê isso como algo ruim, ao contrário disso, a sensação era muito boa.

Assim que ela sai, finalmente posso fechar a porta para manter a verdade presa ali comigo.

Dois Corações, Uma Válvula Where stories live. Discover now