25. Instrumento

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Aviso: Conteúdo gatilho. Violência (Massacres e Mortes) Linguagem inapropriada.

Leia por sua conta e risco.

Assim que acordo, tenho uma breve recordação do sonho. Passo as mãos sobre o rosto frustrado por não ter sido real.

Levanto como sempre disposto a mais um dia e me preparando para ver os estragos em Canto de Lyra. Lavo o rosto e logo começo me vestir, escolhendo uma calça preta e uma camisa branca que acabou ficando um pouco justa no meu corpo. Olho para o chapéu acima do armário, mas ignoro calçando as botas pretas.

Assim como ignoro o chapéu, faço o mesmo com perfume que se encontrava ao lado do chapéu. Até hoje me pergunto por que eu comprei sendo que detesto.

Escuto batidas vindo da porta, pego o baú e empurro para o mesmo lugar tampando a passagem que ninguém poderia ver. Abro vendo em seguida Daiana.

- Bom dia Capitão. - Ela me lança um sorriso animador.

- Bom dia.

- Parece que não teve uma boa noite de sono.

Me recordo do sonho e tento segurar para não sorrir.

- Fala logo o que você quer Daiana. - Meu tom sai um pouco sério dessa vez.

- Só vim saber qual é decisão que irá tomar, todos estão esperando.

Respiro fundo me encostando sobre a mesa, os livros ainda permaneciam lá.

- São decisões não muito fáceis que devo tomar.

- Ao que se refere, Capitão?

E antes que pudesse responder, vejo a figura de Caleb atrás da pequena janela para o convés. Eu odiava quando alguém fazia isso. Me afasto da mesa e caminho até a porta, Daiana me olha confusa, mas logo percebe a fazendo formar uma leve careta porque Caleb estaria encrencado.

Caleb se afasta rapidamente enquanto eu encostava no batente da porta. Ele engole em seco tentando disfarçar como se procurasse por algo.

- Caleb. - O chamo fazendo ele me olhar.

- Si-sim, Capitão?

- Já que gosta de ser ficar supervisionando e escutando o que não deve porque não vai cuidar dos canhões?

- É o que estou supervisionando o convés, Capitão.

- Mas estou dando essa função a você agora. Então anda logo! - Meu tom severo fez ele apenas balançar a cabeça e se afastar.

Logo volto para dentro fechando a porta.

- Você sempre pega pesado com ele.

- Ele também não ajuda.

- Isso é verdade.

- Está com dó dele? - Pergunto pegando os livros sobre a mesa e colocando no lugar.

- Para ser sincera não.

Solto uma risada sem humor, então encaro os olhos afiados dela:

- Sobre a decisão falarei com todos reunidos.

- É tão grave? - Daiana soa preocupada.

Balanço a cabeça levemente negando, fazendo ela suspirar de alívio, mas logo ela volta perguntar:

- Mas e a princesa lá?

Daiana mais do que todos queria se livrar da Ellie, as duas não se gostam de jeito nenhum.

Dois Corações, Uma Válvula Onde histórias criam vida. Descubra agora