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Sexto capítulo

As irmãs aproveitaram cada minuto da viajem, a mais nova ficou encantada com as pessoas apressadas embarcando no trem. Emmy se perguntava para onde iriam todas aquelas pessoas, qual o destino de cada uma delas e se as famílias esperavam ansiosamente pela sua chegada.

Emma estava adorando acompanhar a curiosidade da irmã. Pouco antes de desembarcarem, prometeu à irmã que a levaria para tomar um refresco no melhor restaurante de Birmingham. 

Podia se notar em cada membro da família Moore uma reação diferente ao final do destino. Emmy, curiosidade; Sr. Moore, ambição; Sra. Moore, inquietação; e Emma, saudade. 

Sr. Moore exigia a melhor pensão para acomodar sua família, e umas de suas exigências com os proprietários da pensão era que sempre estivessem a sua disposição e lhe servissem o melhor que tinham no cardápio. 

- Podíamos aproveitar e fazer a refeição em um desses restaurantes - pediu Emmy. Queria explorar a culinária da cidade, e Sr. Moore achou desnecessário esse desgaste de energia, afinal, a pensão que estavam tinha do bom e do melhor. 

- Faremos o seguinte, levo Emmy para almoçar no restaurante que gosto muito aqui perto, e o senhor pode descansar, meu pai, como deseja – disse a jovem pianista.

Emmy era muito parecida com Emma na infância.

A semelhança era gritante na aparência das irmãs. Pele clara e cabelos escuros que tinham cachos ondulados e faziam o molde perfeito. Emma perdeu as contas de quantas vezes escovou os cabelos da irmã e a ajudou nas disciplinas. 

- Gostou? É uma nova bebida, bem docinha - comentou Emma, fazendo a irmã provar o xarope que a indústria estava engarrafando e comercializando na época.

 A atenção da moça foi desviada por um instante, direcionada pela grande janela da entrada principal do restaurante. Havia um homem guiando uma bela égua pelas ruas movimentadas. 

Emma pensou na sorte de não ter chamado a atenção de Thomas. Que assunto tratar depois de longos meses? Não tinha nada em mente, só uma saudade imensa que não admitia sentir. Em Birmingham era comum os cavalos e automóveis dividirem as ruas, fábricas soltarem a fumaça preta que rodavam as esquinas e crianças correrem pelo meio-fio.

Emmy, depois de algumas voltas, não estava mais disposta, e precisava descansar. Quando voltaram à noite para a pensão, a Sra. Moore já tinha se recolhido junto ao Sr. Moore. Emma tinha o ingresso para a sessão de cinema que tinha comprado, deixou a irmã na pensão descansando e foi aproveitar seu filme. 

Poucas pessoas estavam na sala de cinema, podia-se contar nos dedos a quantidade de gente. Alguns casais envolvidos e Emma absorvida no filme de cores preto e branco. Sentiu a almofada de seu acento murchar, alegando a presença de alguém. Surpresa, deparou-se com a presença de Thomas. 

- Perdeu a metade do filme - comenta a garota baixinho, mesmo sabendo que ninguém o impediria de invadir a sessão no início, meio ou fim do filme. Algo no seu interior dizia que ele viria. Sorriu cruzando suas pernas espontaneamente, uma mania involuntária. 

- Este filme está em cartaz há um bom tempo, ninguém vem aqui realmente para vê-lo, disse olhando para a grande tela a sua frente. 

Pelos cantos dos olhos, Emma sentiu que ele não vacilou em momento algum para desviar o olhar da projeção. Ele estava sério e provavelmente queria uma explicação pelo sumiço repentino. 

- Vi seus homens seguindo a mim e a minha irmã, hoje mais cedo. Não gosto disso, Thommy, disse Emma querendo explicações. Ela não pediu por proteção. O sentimento de meses atrás a consumia novamente, frustração e amor. 

- Não posso deixar que corra perigo sem poder estar por perto. 

Thomas encontrou o olhar de Emma. Ela podia brigar novamente com ele e até mesmo discutir com ele, mas pelo menos teria uma noite de sono tranquila. 

- Não quer que eu corra perigo. Mas mesmo assim está aqui – disse ela, contagiando-o quando a tomou em um beijo de saudade. Era bom estar de volta, pensou Emma.

(Eu amooo vcs, obrigada por lerem❤️)