Décimo terceiro capítulo

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"Amar você é estar vulnerável, exposto e à mercê de todos os sentimentos intensos. Me rendo tão facilmente às suas palavras e carícias que me abstenho de qualquer capricho meu. Sei que ao acordar e ao desejar-te bom dia, logo se apagaria qualquer dúvida das noites anteriores e as que vieram antes dela. Acredite, o meu medo nada mais é do que autopreservação de andar no escuro. Estou ciente dos efeitos colaterais de amar você... Beijos, sua Emma".

As madeixas de Emma estavam espalhadas pela grande cama de Thomas, enquanto este lia a carta que ela escreveu ao deixá-lo meses atrás. Na época fora irreal o sofrimento, e queria muito dizer que criara uma certa resistência ao abandono, porém ninguém menos do que Thomas Shelby sabia que este fato não era verdade. Sofreria tanto quanto antes.

Observava de uma distância segura o sono pesado da garota, suas vestes compradas com o melhor dos tecidos, sua pele clara em contraste com o tecido escuro da acolchoada, e a paz e tranquilidade que a presença dela trazia à casa silenciosa.

- Não ensinaram a você que é feio ficar encarando as pessoas? - Comentou Emma ainda de olhos fechados e sorrindo, causando um sorriso recíproco ao homem sentado na poltrona bebericando seu líquido no copo de vidro.

- Pessoas bonitas devem ser apreciadas - disse Thomas, fazendo a garota ruborizar com as palavras.

Thomas lutou contra a vontade de voltar à cama, mas precisava partir para o escritório. Emma já estava se vestindo e dando um jeito em seus cabelos revoltos. Enquanto Thomas lhe dava privacidade, ela notou a carta na escrivania.

- Thommy, sobre a carta... - Disse Emma adentrando a sala de estar, encontrando o irmão mais velho de Thomas, Arthur Shelby, conversando com ele - Desculpa, não sabia que estava com companhia - sorriu docemente para o homem com o humor infrequente.

- Isso é loucura... - Disse Arthur ao assimilar a reconciliação de Thomas e Emma. O irmão mais velho de Thomas não era exatamente um exemplo para relacionamentos, apaixonava-se tão rapidamente quanto qualquer um dos irmãos. Mas ele sabia que Emma podia ser a salvação tanto quanto a devastação do líder dos Peaky Blinders.

- Sem a loucura, somos pessoas que obedecem a lei. A loucura liberta tanto quando aprisiona - disse Thomas tragando seu cigarro casualmente.

- Também é bom rever você, Arthur - disse Emma sincera e recebendo a saudação de Arthur que retirou a boina em sinal de cumprimento.

- Vou deixá-la em casa, antes de voltar ao escritório - disse Thomas dando por finalizado o assunto com Arthur. O homem mais velho não sabia disfarçar sua inquietação, diferentemente de Thomas, que se mostrava imparcial com a situação.

Dentro do carro Thomas desculpou-se por não levá-la para um café como tinha planejado. Arthur ocupou a cabeça de Thomas com um possível desvio de dinheiro, e Polly não estava satisfeita com as decisões de Ada de querer ir embora de Birmingham com Karl, sobrinho de Thomas.

- Precisamos conversar, mas acho que não é o momento certo... Está preocupado e não quero causar mais um dilema - comentou Emma, e Thomas segurou a mão da garota como um ato acolhedor.

- Quero que venha morar comigo - disse Thomas oscilando entre Emma e a estrada em movimento.

Emma demorou para responder, e o único reflexo que teve foi retribuir o carinho que ele depositou segurando sua mão enquanto dirigia pelas ruas -Thomas, não conversamos sobre nada ainda. Sobre a minha volta à cidade e sobre a carta na escrivania...

- Estava assustada quando me deixou, e é uma reação compreensível. Mas não vejo motivos para remoer o passado - disse Thomas repousando as duas mãos ao volante com os dedos brancos devido à força.

- Não me sinto confortável sabendo o que você faz, é difícil para mim. Ainda tenho pesadelos ao lembrar do homem que você matou na minha frente e fico apavorada ao pensar que isso é apenas um terço de tudo - disse a garota deixando algumas lágrimas escorrerem.

- Você é mais forte do que pensa. Mostra sua força a cada dia que estamos juntos, do contrário não estaria comigo novamente.

- E mesmo assim me mantém no escuro.

- Achei que optasse pela sua autopreservação - disse Thomas estacionando em frente à pensão que a família Moore estava hospedada.

- Talvez. Não estaria passando novamente pelo mesmo dilema se valorizasse minha vida.

- Uma coisa é certa, Emma. Você pode mudar o que faz, mas não pode mudar o que quer.

- Está insinuando o quê, Sr. Shelby?

- Que deseja acordar nua todos os dias ao meu lado. E, dar emoção à sua vida - disse Thomas erguendo uma sombrancelha.

Emma gargalhou alto e, antes de sair do carro, deixou um beijo nos lábios masculinos. E quando voltou para a pensão sorria de orelha a orelha. Pensou: que se dane a autopreservação.

(Quero agradecer imensamente por acompanhem a história. Um beijo enorme pessoal❤️ PS:. Não esqueçam de votar e comentar, me incentiva um monte..)

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