Décimo nono capítulo

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Thomas Shelby estacionou o Mustang intencionalmente em frente à Shelby Company Limited. Fez o caminho pensando na viagem que tinha feito há poucos dias, quando negociou com May Carleton. O homem sorriu ao lembrar dos lances que ambos tinham dado pelo belo cavalo no leilão. Não negociaria com a domadora de cavalos se esta não fosse tão boa no que fazia.

A intenção do gângster era terminar a reunião com os irmãos e encontrar Emma, fazia semanas que não se viam e ele tinha proposto que morassem juntos. Esperava a resposta da pianista. Porém, a reunião com os irmãos durou muito mais tempo do que previa e, além de ter colocado em ordem a problemática envolvendo o jornalista e Arthur, tinha em mãos a carta do Mr. Moore.

A carta formal convida os membros da corporação Shelby para uma festa no salão principal da mansão Moore. Isso seria interessante, pensava Thomas. Ficou algumas semanas fora, e o velho banqueiro já tinha construído sua moradia fixa em Birmingham. Convencido da resposta de Emma, pensava que o pai da moça tivera um gasto desnecessário mobiliando o quarto da filha mais velha, pois esta mudaria para a casa do homem de negócios.

Estava tarde quando Thomas retornou ao automóvel, dirigia pelas ruas de Birmingham com destino a sua própria casa. Encontrou surpreso a inusitada presença de May Carleton apreciando a bebida escura no recipiente transparente.

- Surpreso?

Perguntou a morena sentada elegantemente no grande e espaçoso sofá localizado no centro da casa. Thomas apenas sorriu, como sempre fazia. Não seria grosso com a nova subordinada, mesmo que no passado tivessem um envolvimento caloroso.

- Polly deu meu novo endereço?

Questionou Thommy, servindo-se também de bebida. Ofereceu um cigarro a May, que não recusou. Juntos acenderam seus cigarros, e o gângster guardou o restante do tabaco no bolso interno do sobretudo preto.

- Você foi embora cedo demais, pensei que tivesse acontecido alguma coisa. De qualquer maneira, sabia onde te encontrar. Tem uma bela mansão.

- Contratempos, pode ficar como agradecimento da sua hospitalidade das minhas últimas viagens - concluiu Thomas sentado no sofá oposto, a clareira estava acessa e emanava calor pelo ambiente. Não precisava dar ordens, e os empregados já estavam colocando um segundo lugar à mesa.

***

O inverno dificultava o treinamento dos equinos, não culparia Mrs. Carleton pelo declínio dos animais. Mas esta não fazia menção de deixar Birmingham cedo, ou ela ainda teria esperança de novamente ter envolvimento com o líder dos Peaky Blinders e abusasse da hospitalidade deste.

- Veja o que temos aqui, Thomas. Uma bela companhia para o baile do banqueiro - Polly Gray estava estimulando a viúva domadora de cavalos a participar do baile de hoje, mas May sabia quando era desejada e também quando era conveniente sua presença. Formulou o plano de ir embora à noite, uma saída indiferente.

- Convidados não convidam - disse Thomas secamente, e foi o suficiente para Carleton.

***

Thomas Shelby sempre foi um nome muito conhecido, alguns dos convidados do Mr. Moore acreditavam que grande parte do peso que o nome Shelby carregava era uma mentira. Alguns conheciam Thomas pela corrida de cavalos legalizadas, outros conheciam como o cigano e gângster que era. Mas ninguém tinha ousadia de enfrentá-lo de verdade.

Os irmãos chegaram a festa e receberam olhares curiosos, alguns temendo por encrenca e outras por volúpia. Sim, eles exalavam masculinidade e sensualidade.

- Esme não está, irmão. Pode pensar em outras formas de divertimento sem ser casa com um campo para criar galinhas - debochou Arthur do irmão mais novo, John. Esme, esposa de John, tinha ficado em casa com as crianças enquanto John acompanhava os irmãos à festividade.

- Cale a boca, Arthur - riu John tirando os braços do irmão do entorno de seus ombros.

Thomas estava se divertindo com os comentários dos irmãos, mas estava procurando alguém em especial. Ele não era inocente ao ponto de não perceber olhares das moças e das mulheres comprometidas que lhe eram direcionados.

- Senhores, seja bem-vindos. Fico contente com a presença de todos. Mr. Shelby, quero apresentá-lo a minha esposa, Mrs. Moore - disse o banqueiro orgulhoso com a esposa aparentemente mais nova que próprio marido.

Mrs. Moore sabia do envolvimento de Thomas e Emma, pensava consigo mesma como Emma, tão sem graça na opinião da madrasta, tinha chamado a atenção de um homem com uma áurea tão escura e ao mesmo tempo atraente. Thomas Shelby era a personificação de Hades, pensava a senhora bem conservada ao lado do marido capitalista.

Um pouco distante do grupo, Thomas encontrou Emma dançando nos braços de alguém. Ela estava sorrindo, um sorriso genuíno. Ficou chateado, desejava que seus sorrisos fossem dirigidos a ele. Ninguém conseguia ler as expressões faciais de Thomas, mas John entendeu o olhar que o irmão lhe deu, precisava que alguém conduzisse a conversa para Thomas se retirar e, então, John o fez.

Thomas caminhou tranquilamente pelo salão, esperou até o final da música que estava tocando para que Jonathan Campbell se afastasse um pouco. Não o confrontaria, não em uma festa e muito menos em público.

- Campbell, vejo que está se divertindo - sorriu Thomas, aquele sorriso determinado e debochado.

- Estou me divertindo muito esta noite, Sr. Shelby - rebateu Jonathan, preocupado por estar distante. Não estavam mais perto da multidão no centro do salão e nem longe o suficiente para estarem sozinhos. Assegurou-se, afinal, precisava investigar Thomas. - Um reencontro, quanto tempo não estamos juntos no mesmo ambiente.

- A última vez foi na guerra, estou em débito com você. Salvou a minha vida, Campbell. Porém, em relação a Emma, isso muda.

- Uma ameaça, Sr. Shelby? - Perguntou o jornalista, logo Emma apareceu entre os dois, surpresa por estarem juntos. Thomas estaria procurando por ela, como ela estava procurando por ele?

- Sr. Campbell, estou me perguntando se já se conhecem - perguntou Emma ao colocar uma das mãos nos ombros do jornalista.

- Espero que não esteja cansada para me conceder uma dança, linda - Thomas a tomou nos braços, deixando Emma ruborizada e feliz com o sentimento de calor em que era envolvida.

- Uma dança, Thommy. Professor, se não se importa - Jonathan apenas concordou.

***

- Não pense que não sei o que estava fazendo, Sr.Shelby - comentou Emma já distante do professor e envolvida na dança com Thomas, que já sorria com a perspicácia da moça.

- Srta. Moore, seja mais específica, por favor - sorria o homem bem vestido, conduzindo a pianista pelo salão. A sensação era a de que ambos estavam sozinhos naquele salão decorado com branco e prata chamativo, diferente de Emma que vestia o verde mais puro e belo de todos.

- Tenho um pressentimento de que o professor Jonathan Campbell não me chamará para próximos bailes - ela disse entregando um sorriso. Tão encantadora. Se Emma pudesse se ver como Thomas a via, nenhuma insegurança seria coesa.

- Se for um homem inteligente, não fará mais convites - disse Thomas possessivo. Consequentemente Emma negou com a cabeça rindo de Thomas. - Porque estarei aqui para fazê-los. Eu te amo, Emma.

(Fizeram uma boa leitura? Espero que sim❤️ Os votos e os comentários me ajudam muito. Obrigada por tudo!)

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⏰ Last updated: Sep 16, 2020 ⏰

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