Sétimo capítulo

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Emma não conseguia distinguir se o filme era pouco atrativo ou se o escuro do cinema era o que tornava o cenário propício para um beijo envolvente. Dividida entre se envolver ou comutar os sentimentos, resolveu apenas se abster dos incessantes pensamentos de errado e certo.

Thomas novamente sentiu o afago da moça, afeição e doçura do toque da dama. Os dedos de Emma faziam um percurso tentador pelos cabelos sedosos dele. E finalmente o líder dos Peaky Blinders sentiu a tranquilidade e paz de que precisava.

Para ele, ela era como as pinturas expostas nos museus. Uma beleza distinta. Trazia consigo uma bagagem de repertório que todos deveriam apreciar. Mas ele não se considerava alguém que soubesse expressar bem seus sentimentos ou que pudesse descrevê-los em palavras certas.

- Para onde estamos indo? - questionou a pianista deixando o cinema para trás e acompanhando Thomas até o carro.

Ele tinha uma fascinação por cavalos. os equinos que os Shelby adquiriam para as corridas eram o orgulho de Thomas. E ele fez suspense até a chegada ao estábulo, mas ela reconheceu o lugar mesmo ainda dentro do automóvel.

- Quero montar - comentou Emma já disposta, e Thomas sabia que ela e ele dividiam do mesmo magnetismo. Escolheram seus animais e andaram lado a lado pela longa trilha de mata, e nem mesmo o sereno da noite os impediu de soltarem boas gargalhadas.

- O que fez nesses últimos meses? - perguntou a garota voltando lado a lado com a égua em que há pouco tempo estava montada. Thomas tragou o cigarro soltando a fumaça dos pulmões e afivelou os garanhões.

- Negócios com seu pai - ele sorriu conduzindo ela até o veículo. Antes de entrar, Emma virou-se para ele e levou a mão até o seu peitoral, como se pedisse para parar antes de prosseguir o percurso. - Mas acredito que isto já é de conhecimento seu.

- Não costumo me envolver nas convenções do meu pai. Só achei curiosa a sua aproximação e o fato de tê-lo procurado. - Nada mais foi dito. Thomas não queria entrar em detalhes, Emma já devia saber que o pai era audacioso.

O gângster estacionou em frente à pensão e, antes que Emma descesse do carro, confessou que sentiu saudades dela. Thommy permitiu-se demonstrar exultação segurando a mão de Emma. Deixando-a surpresa.

- Também senti sua falta - ela o envolveu entre os lábios e se despediu antes de deixá-lo para trás. Ele aguardou ela entrar no prédio segura e partiu.

Já na pensão, a Sra. Moore espiava pela janela, e com apenas o abajur ligado esperava por Emma. A moça desejou-lhe boa noite com os bons modos que aprendera durante sua vida e se direcionou ao quarto, mas foi impedida pela madrasta com milhares de questionamentos invasivos.

- Acordada a essa hora? - comentou o Sr. Moore com o pijama que Emma e Emmy deram para ele no seu aniversário de sessenta anos.

- Sim, meu bem. Eu e Emma estávamos comentando sobre as entrevistas com os candidatos para a vaga de datilografia que foram realizadas hoje. E advinha, sua filha quer concorrer ao lugar - Emma queria rebater, mas estava exausta demais e já se passavam das duas horas da manhã.

- Não vejo problemas, assim acaba se familiarizando com o escritório, minha filha - disse o homem, feliz por poder contar com a filha mais velha para os negócios.

- Perfeito, assim nossa querida Emma consegue pôr em prática o que aprendeu nos sete meses do curso de datilografia.

Emma se despediu de todos e foi rumo ao quarto com sucesso desta vez. Deitada na cama, permitiu-se condoer de fúria e cansaço. Lembrou-se do tempo do curso, quando conheceu pouquíssimas pessoas e fez amizade com o jovem professor Jonathan Campbell. E Lizzie Stark, uma das únicas pessoas com quem trocou algumas poucas palavras.

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