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Décimo sétimo capítulo

(Flashback)
- Também estou com saudades, papai. Diga a Emmy que levarei lembrancinhas quando regressar.

O telefone fixo da pensão onde estava hospedada era parecido com o que tinha em casa, de certa forma era reconfortante. Emma sabia que se segurasse a longa linha daria interferência na ligação, então a evitou mesmo que se sentisse tentada a enrolar os dedos naquela extensa linha preta.

Ao encerrar a ligação e pagar por ela, Emma dirigiu-se até às ruas de Birmingham. Teria aula naquela manhã e empenhava-se para não chegar atrasada. Os carros não davam preferência aos pedestres e o calor que fazia não podia ser apenas efeito do ar, tinha em mente que as fábricas colaboravam com seus enormes fumeiros (chaminés) trabalhados no carvão.

Como tinha alguns minutos antes da aula começar, pensou em comprar um bolinho na cafeteria próxima ao curso. Procurou um banco próximo à bancada e fez seu pedido. Logo presenciou a cena de dois homens bem vestidos entrando na cafeteria que no momento não estava movimentada.

- Pela proteção, senhores - disse o senhor que recém tinha atendido Emma entregando-lhes um embrulho com dinheiro.

Os homens não se pronunciaram, apenas deixaram o local e o dono do estabelecimento frustado. Realmente, Birmingham tinha suas peculiaridades.

- Desculpe pela intromissão, mas quem são aqueles homens?

A instrumentista já havia passado tempo suficiente naquela cidade e conhecido um homem distinto do qual sabia apenas o primeiro nome, Thomas. Ele também usava armas das quais ela não fazia ideia para que eram usadas. Mas suspeitava da ligação dos homens a Thomas.

- Peaky Blinders, senhorita. A gangue da região que cuida dos próprios interesses quando lhes convém.

Aquela conversa se arrastou durante o dia nos pensamentos da moça. Peaky Blinders. O que seriam? O que faziam?

- Seus pensamentos estão onde? - perguntou Lizzie tirando Emma dos desvaneios.

- Como? - Lizzie novamente repetiu a pergunta, desta vez Emma conseguiu focar no que a colega havia falado - Nada demais, Birmingham é instigante.

- Bem-vinda ao inferno que é Birmingham - Comenta Lizzie, para não se magoar com a grosseria. Emma dizia a si mesma que talvez Lizzie tivesse seus motivos para odiar aquela cidade.

                     
                                ***

(Atualmente)
- Lizzie? Não esperava te encontrar aqui... - disse Emma surpresa por encontrar sua ex-colega de datilografa na recepção de Thomas.

- Não seria uma surpresa, estou há um bom tempo trabalhando aqui. É bom revê-la Emma.

Emma queria ter retribuído as palavras, mas sentia que o clima não estava bom. Algo no fundo de seu coração dizia para ser cuidadosa em relação a Lizzie.

- Thomas está?

As lembranças que Emma tinha de Lizzie não eram todas agradáveis, sabia que ela era uma mulher sagaz e ambiciosa. Igual a Thomas, isso já era motivo para se sentir um pouco abalada pela presença forte que era Lizzie Stark.

- Não, houve um contratempo e o Sr.Shelby precisou ir embora mais cedo. Quer deixar algum recado?

- Só avise que Emma Moore esteve aqui... Obrigada, Lizzie - disse a garota com o restante de confiança, e sua saída foi interrompida por Lizzie.

- Emma, soube da festa do Sr.Moore. Espero encontrá-la lá.

Lizzie sabia que Thomas andava diferente, tendo mudado seu jeito com ela. Nunca mais tiveram um momento a sós. Ele a ajudara a deixar a vida promíscua, e ela se perdeu nos sentimentos referentes a ele.
Agora ela entendia os planos de Polly Gray de tê-la convidado a comparecer à festa do banqueiro.

- Nos vemos na festa, Lizzie.

                           ***

(Flashback)
Emma procurava as chaves dentro da bolsa, estava uma bagunça os compartimentos, e achar o objeto pequeno era uma missão frustrante. Quando finalmente estava no quarto da pensão, jogou os sapatos para o canto do móvel e desfez o penteado com as próprias mãos, pois estava cansada para procurar a escova no meio da bagunça.

- Que susto, Thomas! - Com as mãos no peito, ela deu passos até que estivesse frente ao homem de terno alinhado.

- Estou com a chave reserva - comentou já roubando um beijo terno e saudoso.

A noite trazia consigo o clima propício para os amantes. Emma sentia as mãos de Thomas em sua cintura, massageando e acariciando. Precisava ficar nas pontas dos pés para alcançá-lo, e isso era animador.

(Obrigada por lerem♥️)