Capítulo 11

23.1K 3.2K 499
                                    

Hellou babies, vamos conversar um pouquinho antes de irmos ao que realmente interessa, né?

O problema todo ainda não foi solucionado, mas como ocorreu com outros autores decidi voltar a postar por minha própria conta e risco. Odeio passar tanto tempo longe, escrever é uma espécie de terapia para mim então aqui estou. Vamos seguir com nossas vidas e se algo mudar aviso a vocês, ok? Ainda temos muitas histórias para contar aqui - NÃO ESTOU DIZENDO APENAS DESSE LIVRO - e definitivamente não podemos parar! Amém irmões?

kkkkk Beijinhos e boa leitura <3
**********************************************************

GRACE EDGELL

-Chegou cedo hoje! - Mr. Donald, o mordomo da casa, recebeu-me com um singelo sorriso. Ele é um senhor e costuma interagir muito comigo, mas poucas vezes que o fez fora cordial.

Essa é uma característica interessante dos serviçais de Bright Hall, todos são gentis e cordiais, os mais antigos se tratam com intimidade e o calor em seus olhos delata como são uma família. Todos trabalham aqui a gerações e sentem-se honrados em servir aos D'Evill. Faço parte de um seleto grupo de criados recém-chegados e confesso que me senti acolhida por todos.

Em contrapartida, a fama do Marquês e seu pequeno clã é que são reclusos. Lembro-me dos boatos a respeito de Lady Victoria D'Evill quando estava na Escola para Damas, sua família tem a fama de serem liberais com ideias revolucionárias - tolas, aos olhos de muitos. Todos comentam como permitem liberdades para os filhos, algumas bastante escandalosas.

Pude constatar isso com meus próprios olhos quando vi lady Charlotte em sua montaria pela primeira vez, ela não usa selas laterais e para completar meu espanto a garota trajava calças. Felizmente a senhora Carrie, a cozinheira-chefe, ajudou-me a manter minha compostura e explicou que entre os limites da propriedade era permitido que tanto a marquesa quanto suas filhas montassem vestidas daquela forma.

Charlie aproveita de seu período usando calças para aprontar todos os tipos de coisa. Sobe em árvores, escala paredes e várias outras atividades que uma dama nunca poderia fazer. De início pensei que a marquesa não cuidava de sua filha com o devido pulso, mas então compreendi que sua abordagem de criação era diferente da que estou habituada. Seus filhos tem modos e sabem portar-se com excelência quando precisam - digo isso pois vi Charlotte tornar-se uma perfeita dama com a marquesa de Zidenville os visitou, três dias depois que eu comecei a trabalhar na casa.

A diferença está no fato de que em casa, entre eles, cada um tem a liberdade de ser como realmente é sem medo de repressões. Eles têm ciência de seus deveres e obrigações da mesma forma que sabem o momento certo de se portarem em devida ocasião.

-Não dormi muito bem durante a noite, acabei despertando um pouco mais cedo e decidi adiantar meu trabalho. Como está, Mr. Donald?

-A casa está em clima pesado hoje, creio que não conseguirá trabalhar antes do almoço, Grace.

-Por que diz isso?

-Lorde Anthony recebeu uma carta da marquesa nas primeiras horas do dia, ficou trancado no escritório desde então e quando lady Charlotte acordou ele falou com ela.

-Não sabes de mais nada, Mr. Donald?

-Não, senhorita. Infelizmente temo que as notícias não sejam boas, acredita-se que a saúde do conde piorou mais rápido que o esperado.

-Céus, o que faremos agora?

-Não podemos fazer nada. Deixe que milorde lide com a irmã, ele saberá a melhor maneira de conduzir tudo.

Não tenho uma opinião sobre toda essa situação. Charlie é apenas uma criança e por mais que Anthony seja seu irmão, minha obrigação é estar ao seu lado, certo? Quero dizer, ela não é uma obrigação para mim, infelizmente fugi de todos os âmbitos profissionais e me apeguei muito àquela garotinha levada. Imaginar que ela pode estar sendo incomodada de alguma forma me deixa desconfortável.

-Precisam de ajuda aqui?

-Oh! Não, querida. As coisas estão sob controle aqui, mas obrigada. - A cozinheira me lança um sorriso dócil e tento lhe retribuir apesar da tensão que havia se instalado sobre meus ombros.

-Vou andar um pouco pelo jardim, logo estou de volta para verificar lady Charlotte, tudo bem?

Com o consentimento de todos fiz meu caminho para fora pela porta traseira, pensei em caminhar para as estufas, mas se Charlie me encontrasse em seu santuário em um momento de dor provavelmente correria na direção contrária, por isso decidi ir para os estábulos. Das baias consigo ter uma visão boa do caminho de cascalho que leva a estufa e surpreendentemente não há cavalariços por aqui agora, assim como sinto falta de alguns cavalos das baias.

Entre as muitas baias concentro-me nas últimas, perto da saída. Coincidentemente dois cavalos conhecidos estão ali, um branco e um negro, os mesmos que Charlie e Anthony montavam quando cheguei com minha irmã aqui.

Ter deixado Mary com Layla antes de sair foi um bálsamo para meu tormento, uma sensação de segurança que agora é necessário. Posso estar exagerando? É claro que posso, mas todo cuidado é necessário com crianças e agora essa situação com Charlotte, ela é tão apegada a família. Na primeira semana de trabalho Charlie tagarelou bastante sobre cada membro de sua família e pelo que pude entender o conde é o último que restou de seus avós, tanto paternos quanto maternos.

-Imagino que conseguirá retomar suas aulas somente após o almoço, senhorita Edgell.

Pulo para longe da porta da baia e levo minhas mãos ao peito por conta do susto. Tanta coisa para ele estar fazendo, havia a necessidade de aparecer exatamente aqui? Certo que é a propriedade de sua família e ele pode transitar para onde quiser, mas por que no momento em que estou aqui? Não seja idiota, Grace, ele não poderia adivinhar que você está aqui.

-Perdoe-me milorde, não pensei que alguém fosse aparecer por aqui agora.

Péssima coisa de se falar, não pensei realmente em nada quando entrei aqui. Eu já tenho dificuldade em me soltar com pessoas desconhecidas, a timidez por vezes fala alto e o fato de lorde Anthony conseguir me deixar ainda mais nervosa acaba comigo.

-Tive uma conversa difícil com minha irmã. -A ponta para o cavalo negro diante de mim - Cavalgar é uma boa distração.

-Entendo. - Uno minhas mãos nas costas e fito alguns fios de feno espalhados pelo chão, escapando pela porta da baia - E como ela está?

-Mal, mas é de sua natureza ficar sozinha para digerir notícias ruins. Deixe-a por um tempo, quando se sentir melhor a própria irá lhe procurar.

Incapaz de falar apenas assenti em resposta e pude ouvir passos lentos aproximarem de mim. Por precaução discretamente recuei um pouco.

-Melhor retornar para a casa, ver se a senhora Carie precisa de ajuda. - Ele não precisa saber que essa é uma desculpa tosca para me afastar, não é?

-Está fugindo de mim, senhorita Edgell?

Sim.

-Claro que não, milorde. Apenas não é certo ficarmos sozinhos. Milorde é solteiro assim como eu, é inadequado.

-Minha família não é a melhor em seguir as regras de etiqueta, senhorita.

-Não sou parte de sua família, senhor.

-Por que está fugindo?

-Não estou fugindo.

-Está tentando.

-Eu... Eu já lhe disse, senhor. Não é certo.

-Sabe cavalgar, Grace?

Visconde Indecente - Os D'Evill 02Onde as histórias ganham vida. Descobre agora