ANTHONY D'EVILL
-Veja quem nos deu o ar de sua graça!
-Não seja grosso! - Victoria me repreende antes que eu sinta seu tapa em minha nuca - Harry viajou por longas horas, precisava descansar. Como estás, querido?
-Sentindo-me um pouco mais humano.
-Imagino que seu cérebro não tenha se recuperado totalmente, não é? - Zombo ao vê-lo descer os últimos degraus da escada.
-O que quer dizer com isso?
Sinalizo para uma das novas serviçais da casa, a pobre garota o olha com os olhos arregalados e rosto corado. Por um instante posso jurar que ela deixará a pilha de lençóis que está segurando cair no chão. Harry a olha sem entender, logo seus olhos pousam em mim procurando uma resposta para tudo.
-Camisa, meu caro.
Harry olha para o próprio tronco desnudo antes de se dar conta, solta algumas maldições antes de correr escadaria acima para tornar-se apresentável. A pobre criada desapareceu em algum momento após se recuperar do choque. Tão jovem e virginal.
-Já não basta nossa fama de selvagens, seremos todos libertinos. - Balanço a cabeça para Vic, que tenta inutilmente segurar o riso - Onde erramos na criação de nossos irmãos?
-Harry ainda não possui sua fama. - Isaac resmunga ao passar por perto, lendo um jornal enquanto caminha para a sala de visitas - Você é o libertino da família.
-Realmente precisamos dele nesta casa?
-Eu o amo, precisa aceitar este fato, Tony.
-Você poderia ter se casado com um vigário. Seguir as palavras de Deus, prestas serviços a comunidade local como uma boa moça centrada.
-Aceite, Anthony! - A voz de Isaac ecoa pelas paredes e reviro os olhos.
-Cale a boca, Isaac!
-Você também o estima, não negue isso.
-Anthony arrancará o próprio braço antes de assumir isso em voz alta. - Harry declara ao descer as escadas, completamente vestido dessa vez.
-Como se sente sabendo que acabas de traumatizar uma garota pura?
-Você já se revelou para todas as mulheres desta casa que não partilham de seu sangue, não é anda que memórias ou relatos não a tenham explicado.
-Por que nenhum de vocês respeita meu lugar como o primogênito desta família?
-Respeitamos. - Vic dá dois tapinhas em meu ombros antes de preparar-se para a sala onde o marido está - Apenas quando nos convém.
-Eu deveria ter me livrado de todos vocês quando tive a chance.
-Não o fez, então arque com as consequências. - Entramos na sala amarela, onde meu detestável cunhado já se encontra com meus outros dois fardos, também chamados de irmãs - Harry, já conheceste a noiva de Anthony?
-Noiva? A última vez que soube Anthony havia rompido com uma viúva da Elbenia.
-Veja o que fala perto das suas irmãs, idiota. - O repreendo. Charlie nos olha com bastante interesse e Lilibeth decidiu que outra vez não somos dignos de sua atenção, focando em um livro diferente do dia anterior.
-Tony está cortejando a Grace. - Charlie pula nos braços de Harry, que a segura fortemente antes de se sentar - A minha preceptora.
-Oh! Grace? Aquela mesma Grace que fora declarado proibida?
Maldição!
-Sim. - Dou de ombros, esforçando-me para manter uma aparência indiferente - Coisas acontecem a todo instante.
-Inclusive com as proibidas, pelo que vejo.
-Você não está com fome ou algo assim? Esteve desmaiado a mais de doze horas naquele quarto. Come alguma coisa.
E ocupe a maldita boca por tempo suficiente para não irritar-me.
-Verdadeiramente gostaria de saber quando terei oportunidade para conhecer minha cunhada.
-Você já a conhece e não toque nela!
-A conheço como preceptora de nossa irmãzinha, não como minha cunhada. Pensando bem, temos certeza que ela é certa da cabeça? A garota aceitou casar-se com Anthony!
-Certamente ela é mais ajuizada que a azarada que o escolher.
-Saiba que eu serei um marido muito melhor.
-Meninos, por gentileza, tenhamos uma conversa madura, sim? - Vic fala enquanto nos serve de chá - Ontem, antes que chegasse, estivemos com Grace e sua família. O pai era o médico da região e morreu alguns anos atrás em um confronto trágico na capital, a mãe está prestes a casar outra vez e irmã é criança.
-Mary é muito divertida, ela ajudou-me a trancafiar Tony e Grace na estufa!
-Eu já lhe disse o quanto é minha irmã favorita, Charlie? - Harry beija sua cabeça, mas logo é golpeado pelo livro de Elizabeth.
-Lilibeth, isso doeu!
-Ótimo! Essa era a intenção!
-Terá a oportunidade de conhecê-la amanhã, Harry. Hoje ela passaria o dia com a família e o noivo de sua mãe.
-Você pretendem acelerarem o casamento?
-Não, não seria bom para ela. As pessoa falariam.
Mas entendo o que Harry quer dizer. Nosso avô está prestes a morrer e se não nos casarmos antes, nosso enlace só poderá ser concluído - no mínimo - seis meses após seu enterro. Minhas irmãs usarão roupas de luto durante um ano e após os seis primeiros meses passarão para o meio luto, onde poderão retomar algumas de suas atividades sociais, como pequenos casamentos ou festas íntimas, nada de comparecer a grande bailes, especialmente na capital.
São as regras sociais e todo esse arranjo é feito com a intenção de demonstrar respeito pelo morto, é um período que nos permite sofrer a perda sem a preocupação e receber visitas e comparecer a festas nos forçando a parecer felizes, quando estamos devastados. É um momento de nos focarmos na família e preservarmos a memória do ente querido que perdemos.
Harry será o novo Conde de Wendwood assim que o caixão de nosso avô for enterrado. Suas propriedades, os títulos e toda a responsabilidade cairão sob seus ombros e meu irmão se verá obrigado a assumir o posto sem demonstrar a menor fraqueza. Pessoas dependerão dele.
Victoria será obrigada a refugiar-se na propriedade do marido e em sua melhor hipótese poderá visitar nossos pais - que também estarão reclusos - aqui em Brightdown. Charlie continuará com suas aulas e Elizabeth voltará para a Escola de Damas trajando roupas de luto.
Não tenho muito conhecimento sobre o vestuário feminino, mas sei que as cores são importes para mostrar em que fase do luto se encontra.
É uma fase muito complicada e mais uma vez repreendo-me por não esclarecido sobre todos esses detalhes com Grace. Farei isso amanhã.
ESTÁ A LER
Visconde Indecente - Os D'Evill 02
RomanceEssa é uma história de minha autoria, ou seja, DIREITOS AUTORAIS. É sempre bom lembrar que plágio é CRIME! Ele é teimoso. Ela é irritante. Ele é o filho do marquês. Ela é a preceptora. Anthony D'Evill nunca fugiu tanto de casamento como nos últimos...