Cidade de Luz

157 26 9
                                    

Jaebum ajeitou sua jaqueta, fitando-se no espelho atentamente. Seus fios negros agora tinham nuances de roxo em algumas mechas, ele queria ter feito algo que combinasse com seus olhos, mas acabou por ficar um pouco escuro demais, quase da cor original de seu cabelo, entretanto o visual acabou não ficando nada mal. No sol ou na luz branca o brilho era bonito, apesar de ser bem chamativo certas vezes — o que era engraçado levando em conta que Jaebum era bem normal comparado ao restante da população. Não era nada realmente extravagante, conhecia pessoas na escola que tinham feito pior.

O uniforme por baixo da jaqueta de couro velha estava meio amassado, a gravata desleixadamente ajeitada de uma forma que não parecesse tão ruim assim, mas era o seu tipo de vestimenta normal. Não deixava as calças jeans escuras de lado, gostava de ver a pele exposta entre os rasgos, sentia-se estranhamente bem vestido. O esmalte preto já lhe saía das unhas, contudo Jaebum não pintaria novamente até que o esmalte tivesse por fim sumido. Era preguiçoso demais para isso. Nos pés usava um par de tênis preto com rosas vermelhas prensadas sobre o tecido, criando um alto relevo legal. Jaebum mesmo customizara a peça, costumava ficar bem entediado nos fins de semana.

Por fim vestiu sua máscara e arrumou os brincos e piercings nas orelhas, enfeitando seus dedos com os vários anéis que colecionava e enfiando o painel material no bolso da jaqueta, bem seguro. Perdê-lo o faria enfrentar uma burocracia que chegava a dar sono só de pensar no trabalho que teria para exigir do governo um painel novo. Pegou a mochila sobre a cama e saiu do quarto, trancando-o com um código diferente dessa vez. Se Yugyeom não fosse tão irritante, não precisaria mudá-lo toda semana, mas como seu melhor amigo insistia em deixá-lo bravo, precisava garantir sua segurança atentamente.

Depois de mudar todos os dígitos, dirigiu-se a cozinha rapidamente, encontrando Yugyeom quase cochilando sobre a mesa. Sorriu ameno, puxando-lhe os fios bagunçados, observando como a expressão serena que forrava o rosto tão belo mudou rapidamente, adquirindo um tom pesado, talvez de raiva por ter sido despertado de tal forma. O olho de cor vermelho sangue fitou-o impaciente, enquanto o outro, azul como o céu da noite, manteve-se escondido sob a pálpebra. Jaebum riu baixinho, sua mão pousou sobre a bochecha dele, seus olhos focando nos cílios longos do mais novo. Achava o tamanho deles fascinante.

— Vamos, não quero chegar atrasado.

Yugyeom fez careta, juntando suas coisas, logo se afastando do melhor amigo.

— Engraçado você dizer isso quando o único que enrolou aqui foi você.

— Que mau humor! — caminhou até a porta com o outro atrás de si, ainda mantendo um sorrisinho. Encher Yugyeom logo de manhã o deixava feliz. — Acordou do lado errado, foi?

— Sequer dormi — murmurou, bocejando.

Jaebum franziu o cenho, virando-se para o melhor amigo, preocupado.

— Insônia de novo?

— Sim. — assentiu, dando de ombros como se esse problema não o perturbasse há meses. — Talvez seja por causa da escola, as provas estão me estressando mais que o normal.

— Você deveria perguntar à sua mãe sobre isso. — destrancou a porta da frente com seu cartão, atravessando-a e observando Yugyeom fechá-la com cuidado, afinal o mínimo dos choques poderia quebrá-la e nenhum dos dois gostaria de gastar com um conserto. — Quer dizer, ela é médica, e é sua mãe, então...

— Não entendi sua lógica, mas acho que compreendo. — espreguiçou o corpo grande, gemendo arrastado na medida que seus músculos e ossos reclamavam pela esticada generosa. — Ela vai me matar, aposto.

— Talvez. — sorriu, rumando até as escadas com as mãos nos bolsos. — Mas é para o seu bem.

— Nunca achei que iria ouvir que morrer me faria bem de alguma forma.

ImperiumWhere stories live. Discover now