Tempestade

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A garagem estava silenciosa quando chegaram. Mark e Jackson saíram primeiro do carro, ambos desnorteados, com rostos carregando culpa e tristeza. A missão tinha sido dada como um sucesso, mas ninguém sabia ainda sobre Jaebum. Não queriam criar pânico entre os agentes, mas, mais do que isso, Jackson e Mark queriam ser aqueles a falarem para Yugyeom e Youngjae o que tinha acontecido. Por isso que, quando chegaram ao andar onde os meninos estavam acompanhando a missão, não tinha choro, gritos ou palavras que poderiam machucar mais ainda. Os meninos, na realidade, os abraçaram entre risos e comemoraram brevemente, entretanto era claro nas expressões tristes que algo tinha dado errado, e isso apenas se confirmou quando em uma olhada rápida Youngjae percebeu que Jaebum não estava com eles.

— Cadê o Jaebum? — Foi o primeiro a perguntar.

Yugyeom olhou em volta também, procurava o amigo há um tempo, mas pensou que ele talvez tivesse passado em algum outro andar antes. As expressões de Mark e Jackson, entretanto, não davam margem para pensar outra coisa: algo tinha dado errado. O Kim, ligeiramente chocado, travou no lugar, os olhos imediatamente buscando Jinyoung, que o encarava como se quisesse remediar uma explosão enorme que logo aconteceria. Youngjae, por outro lado, não conseguiu manter a frieza que ser líder daquele grupo lhe cobrava; com as mãos tremendo mais do que nunca, agarrou os ombros de Jackson, que estava na frente, e o encarou nos olhos como se pudesse dissecar o amigo por completo.

— Cadê ele? — Perguntou com um fio de voz.

— Youngjae, o Jaebum... — A voz de Jackson falhou, então os olhos dele de repente se encheram de lágrimas.

A cena de mais cedo não parava de se repetir em sua mente. Jaebum, a granada, a explosão e os rebeldes os puxando para irem embora. Não tinha mais o que ser feito por Jaebum, logo o prédio estaria cercado tanto de civis quanto de agentes, ficar por ali para tentar resgatá-lo ou recuperar o corpo dele seria um risco grande demais a ser tomado agora que tinham muitas coisas para priorizar. Jackson não entendia porque ele tinha se explodido, se era uma maneira de derrubar os agentes para deixá-los fugir ou se foi por engano, entretanto isso não era mais importante agora, afinal entender os motivos de Jaebum certamente não o traria de volta. Sentia raiva também, de si mesmo e de Mark. Eram mais velhos, responsáveis por ele, não deveriam tê-lo deixado correr muito longe.

— Você está mentindo. — Youngjae vociferou, apertando os ombros do chinês. Os olhos dele também estavam cheios de lágrimas.

— Me desculpa, a gente não conseguiu voltar para buscar ele. — sussurrou.

Yugyeom foi o primeiro a desabar. Como se de repente tivesse perdido o comando do próprio corpo, deixou-se cair no sofá e começou a chorar descontroladamente. Jinyoung não demorou muito mais para apará-lo, abraçando o mais novo com força, também sentindo o rosto queimar pelas lágrimas que não queria derrubar. Bambam estava estático, pela primeira vez sentia que a mente não estava processando absolutamente nada, nem mesmo as informações mais óbvias. Seus olhos caminhavam de Mark, Jackson e Youngjae para Jinyoung e Yugyeom, entretanto o tailandês sentia que algo tivesse sido arrancado de si, sua alma, talvez. Sabia que era uma missão perigosa, entretanto aquilo parecia irreal demais por algum motivo. Sentia que a memória de um Jaebum confiante andando pela base estava sumindo, esvaindo entre seus dedos.

Mark estava igualmente estático, mas seu rosto carregava marcas de uma culpa que nunca iria embora. Jackson chorava, e sentia raiva, e tentava acalmar Youngjae, que estava tão trêmulo e gélido que parecia prestes a desmaiar. Não era simplesmente a perda de um integrante dos rebeldes, era uma perda que os afetava tremendamente, um garoto, o mais novo da equipe, que tinha feito muito nos últimos meses e lentamente os ajudou a melhorar, ainda que tal melhora não fosse realmente perceptível junto de todas as outras coisas que aconteciam tão frenéticas por ali. Jaebum também tinha sido alguém que deu duro para melhorar, pois não queria atrasá-los, assim como foi um amigo, um amante e uma pessoa em quem podiam confiar de olhos fechados. Não tê-lo ali enquanto os civis protestavam de preto na rua a favor dos rebeldes parecia vazio, sem sentindo.

ImperiumWhere stories live. Discover now