Imperium

O inferno

Jaebum não sabia onde estava, mas tampouco se preocupava com isso. Ouvia vozes ao fundo, sua cabeça doía e um zumbido chato o incomodava tremendamente, provavelmente por causa da explosão ter acontecido muito perto de si. Tentou se levantar, mas o corpo estava preso em uma cadeira por cordas bem firmes. Suspirou, tentou olhar em volta, entretanto tudo que seu campo visual o permitia ver era um galpão velho e mal iluminado. Pensou em gritar, mas tal ato soou ridiculamente perigoso na sua cabeça depois que pensou melhor sobre ele. Não tinha motivos para estar ali, era apenas um garoto qualquer. Logo o soltariam, ele esperava.

Justo os rebeldes. Por que Jaebum nasceu tão sortudo?

— O garoto acordou, chame o Kim. Malditos, ele vai arrancar nossas cabeças quando o ver amarrado aqui. — Uma voz rouca soou atrás de si, Jaebum imediatamente fechou os olhos, assustado.

— Não tinha como deixá-lo solto! Se ele fugisse, seria pior.

— Você que explique isso ao chefe, então. — ouviu um resmungo, e de repente sua cadeira foi virada. O solavanco fez seu corpo se agitar, mas as cordas o seguraram no lugar. Fitou os dois homens que nunca vira na vida, eles estavam armados até a boca e não tinham as melhores das expressões. Implorar naquele momento pareceu bom. Jaebum abriu a boca para gritar, mas foi cortado antes. — Calma, garoto, ninguém vai te machucar. Ninguém aqui é louco de fazer isso, não com você.

Calou-se imediatamente, segurando dentro de si todas as súplicas que estava pronto para fazer. Um barulho soou ao fundo, parecia que alguém tinha acabado de arrastar um grande portão. Não demorou nem um minuto para um grupo de homens surgir da escuridão e, para a surpresa de Jaebum, quem os liderava era um velho conhecido seu. Arregalou os olhos, realmente chocado. Não sabia se estava feliz ou muito irritado; certamente confuso, mas não se limitava apenas a isso, encontrava-se em uma bagunça de sentimentos. Tinha quase morrido sabe-se-lá quanto tempo atrás e agora encarava o melhor amigo carregando uma arma. Coisas demais para um dia só.

— Você deveria ter me ouvido! — Yugyeom disse com uma feição assustadora, claramente bravo. A arma na mão dele pareceu extremamente perigosa enquanto os braços se agitavam no ar de forma nervosa. — Eu pedi que me esperasse no ponto!

— O que está acontecendo? — foi a primeira coisa que pensou em perguntar, completamente nervoso. — Por que eu estou preso? Yugyeom, o que você fez?

O olhar do Kim foi até seu corpo e ele imediatamente virou-se para um dos homens. Pela forma que recuaram imediatamente, ele era temido entre eles. Jaebum estava surpreso pela segunda vez, não sabia que seu amigo fofo e gentil conseguia expressar tanta raiva pelos olhos da forma que estava fazendo. Se não o conhecesse, nunca entraria no caminho dele pois sabia que poderia facilmente ser intimidado com tal ato, aquele não era um rosto muito amigável. Engoliu a seco tentando ao máximo não deixar claro que estava com um pouquinho de medo do mais novo, mas bem pouquinho.

— O que estão esperando? Desamarre-o! — ralhou, impaciente. Guardou a arma no cós da calça, deixando a blusa cair por cima, escondendo-a.

Um par de mãos foi de encontro as cordas e logo o Im estava solto. Levantou-se desnorteado, sendo aparado pelo melhor amigo, que rapidamente se aproximou e segurou seu corpo fraco e instável. Yugyeom o olhou profundamente nos olhos naquele momento, o vermelho e azul deles deixavam Jaebum nervoso em inúmeros sentidos. Era a primeira vez que olhava para Yugyeom e não sabia exatamente quem estava fitando. Algo muito grande estava prestes a ser revelado, ele sabia, mas não queria lidar com nenhuma bomba ainda. Tinha acabado de ser desamarrado, estava em um galpão velho com uma dezena de homens desconhecidos e seu amigo aparentemente fazia parte de um movimento rebelde.

Muitas coisas para processar de uma vez.

— Hyung...

— Quer saber de uma coisa? Não me explique agora, eu vou para casa. — soltou-se do maior, suspirando. — Não estou pronto para ouvir a verdade que já deduzi.