4. A Carta de Draco Malfoy

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Scorpius acordou antes de todos os outros rapazes de seu dormitório. Tinha em mente se trocar e sair antes de todos, até mesmo de Albus. Ajeitou o uniforme no corpo, calçou os sapados e tentou esticar o edredom na cama quando ouviu a voz do amigo.

— Você sabe que as camas se arrumam sozinhas – cochichou Albus, uma voz sonolenta.

— Não, elas não se arrumam sozinhas. Ainda existem Elfos trabalhando aqui e você saberia disso se tivesse lido Hogwarts: uma história – respondeu sério, sem ao menos olhar para o amigo.

Antes que Albus pudesse responder, Scorpius pegou o material e caminhou para fora do dormitório, sem ao menos dar uma olhada para trás. Albus fechou os olhos e respirou fundo. Não podia deixar que as coisas ficassem estranhas entre ele e seu único e melhor amigo. Levantou e esticou os braços em uma tentativa de se espreguiçar; trocou de roupa e pegou alguns livros sem ter certeza das aulas que teria. Caminhou até o grande salão na esperança de que fosse encontrar o melhor amigo tomando o café da manhã.

Scorpius não estava no salão principal como Albus imaginará que o amigo estaria, e ele não fazia ideia de onde encontrá-lo. Talvez esteja na biblioteca, Albus pensou. Mas quando ele chegou lá, a biblioteca não tinha mais do que três alunos e nenhum deles era quem ele procurava.

***

Scorpius estava no corujal. O pergaminho, a pena e o tinteiro sob uma bancada. Ele queria tanto conversar com seu pai, mas não sabia como fazê-lo. Resolveu que escreveria uma carta que dissesse o essencial, mas que não assustasse o pai com todos os detalhes, então resolveu omitir algumas partes. Assim, ele fez.

"Olá, pai. Escrevo esta carta porque coisas me aconteceram durante esta primeira semana em Hogwarts. Sei que nunca conversamos sobre isso e que talvez por uma carta não seja a melhor forma, mas ainda assim preciso falar. Será que você se apaixonou durante seu tempo em Hogwarts?

Bom, eu acho que isto está acontecendo comigo. Beijei uma pessoa. Não sei como continuar daqui pra frente. O que acha que devo fazer? Por favor, sei que não somos grandes amigos, mas preciso de você agora.

Seu filho,

Scorpius."

Scorpius respirou fundo, ainda incerto se deveria mandar aquilo para o pai. Ele o acharia um idiota? Talvez. Duvidou que o pai tivesse algum conselho romântico. Ele estivera em Hogwarts durante a grande guerra bruxa – lutando do lado errado ­– pensou consigo mesmo. Obviamente não teve tempo para tais bobagens adolescentes. Ele selou e endereçou a carta, entregando à uma coruja-da-igreja antes que sua insegurança falasse mais alto e desistisse de enviá-la.

***

Estava a caminho da primeira aula quando avistou Albus, que caminhou em sua direção com um olhar piedoso. Scorpius continuou parado exatamente a onde estava, observando o amigo se aproximar.

— Por favor – suplicou Albus, as mãos agora segurando o rosto de Scorpius — Prometemos que não nos afastaríamos mais, se lembra? – Scorpius assentiu levemente, eles olhavam nos olhos um do outro.

— Não quero perder você, Malfoy. Não posso – sussurrou Albus, sua voz fraca e chorosa — Vamos conversar sobre isso mais tarde, certo?

— Certo. – concordou Scorpius e Albus soltou as mãos de seu rosto. Ambos tornaram a caminhar pelo corredor rumo à aula. Se alguém tinha assistido àquele momento, eles não repararam. Estavam novamente lado a lado e era o que importava.

***

— Precisamos falar com a Murta – comentou Scorpius, enquanto deixavam a sala de Transfiguração

Spells | ScorbusWhere stories live. Discover now