7. Aberração

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Scorpius e Albus encontravam-se em seu dormitório, deitados lado a lado, olhos focados no teto. Conversavam sobre assuntos diversos, tentando se distraírem naquele domingo tedioso onde não se animavam para sair e tampouco tinham vontade de estudar. Gostavam de ficar sozinhos no subterrâneo e esverdeado salão comunal da Sonserina, o que lhes dava a sensação de estarem em paz sem os murmurinhos alheios que os colegas sussurravam sobre eles. No entanto, por localizar-se abaixo do lago, o refúgio de Slytherin era sempre um ambiente frio e úmido, e sair para tomar um Sol fazia-se muito necessário.

Foi com muito esforço que Scorpius Malfoy enfim convenceu Albus a sair um pouco e caminhar nos jardins da escola. Já nos corredores, ambos conversavam e tinham em mente ficar em baixo da árvore de sempre, que acabaram adotando como um lugar oficial para ele. Caminhavam serenamente sob a grama aparada, a poucos paços da árvore citada quando Scorpius foi arremessado bravamente ao chão. Albus agachou-se rapidamente ao lado do amigo, que segurava a mão na cabeça, ambos tentando entender o que houvera ali.

— Vocês são loucos? O que estavam pensando?! —  berrou Albus, a fúria em sua voz

Rose vinha correndo. Alguns alunos brincavam avidamente com um balaço, que fora fortemente acertado na cabeça de Malfoy, que agora se levantava lentamente, a cabeça dolorida. Os alunos que participavam da brincadeira se aproximaram. Não se tratava apenas apenas de um time, até porque ali não era o local adequado para treinos. Eram alunos de casas misturadas, porém, sua maioria sendo composta por grifonórios. Karl Jenkins, que estava no mesmo ano que Albus e Scorpius, foi em se manifestou primeiro:

—  Opa, acho que acertei ele sem querer — disse entre risos, demonstrando que não havia remorso algum em seu feito. 

— Preste mais atenção da próxima vez, Jenkins. — respondeu Albus, sua voz firme.

— Não foi nada — Scorpius falou mais para Albus se acalmar do que para qualquer outro. Pegou o amigo pelo braço e levou em direção à sombra da árvore em que pretendiam ficar.

— Esse aborto da Sonserina se ofende com qualquer coisa - resmungou Jenkins para os amigos.

— Só se você mexer com o namoradinho dele — comentou entre risos Yann Fredericks. Os garotos voltaram a se reunir ao restante do grupo que tornou a jogar. Rose estava entre os que jogavam. Lily e Hugo sentados ao canto, assistindo e comentando. Na maioria das vezes, para Albus, era como se não tivesse família ali. Sentia como se Scorpius fosse a única pessoa com quem compartilhava bons sentimentos em Hogwarts. De longe, Lily o observava, com um olhar de receio e piedade do irmão.

— Eu odeio eles —  declarou Albus para o amigo, ambos agora estavam sentados, as costas no tronco largo e escuro da árvore.

— Não precisa odiar se apenas ignorar.

— Como consegue ser tão sereno, Scorpius? Como pode? Olha o que falam sobre nós —  indignou-se Albus

— Já conversamos sobre isso, não? — Scorpius o olhava sério — Não vão mudar se perceberem que estão nos magoando. Só ignore. 

Scorpius lhe deu um olhar do tipo de quem presta condolências e segurou sua mão. Eles olham nos olhos um do outro, de mãos dadas e ficam assim por um tempo, até que Albus sorriu e deitou a cabeça no ombro do amigo, a brisa leve lhes batendo no rosto.

Hugo puxou a manga da blusa de Lily Luna, que estava folheando um livro. Apontou com a cabeça para os dois garotos e olhou de volta para a prima, esperando uma reação. Lily olhou para o irmão semi deitado no ombro do amigo ao longe e deu de ombros, como se não lhe importasse com quem ele estava, contanto que estivesse bem. Rosa, que prestava atenção nos dois mais novos, esticou o pescoço para ver entre os jogadores o que Hugo havia mostrado a Lily. Localizou Albus e Scorpius e revirou os olhos ao ver os dois grudados sob a árvore. Sem perceber que estavam sendo observados, Scorpius beijou delicadamente a testa de Albus, que ainda de olhos fechados respondeu com um leve sorriso.

Spells | ScorbusWhere stories live. Discover now