Capítulo 3

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- Pessoal - todos na mesa ergueram seus olhares para a gente e eu percebi que era o mesmo grupo de pessoas na sala de aula que tinham observado eu e Fynn conversando antes da aula de redação começar. - Esse aqui é o Morgan.

- Finalmente estamos te conhecendo pessoalmente, Morgan! - uma garota com o cabelo curto, todo pintado de rosa e com todos os tipo de piercings que você pode imaginar no rosto fez sinal para eu sentar ao lado dela. Eu sentei, mesmo que hesitando um pouco. - Não aguentava só ouvir o Fynn falar de você.

- Alicce! - Fynn protestou, com o rosto corado e se sentou na mesa de frente para mim.

- Olha, Morgan, ele é um completo stalker, ainda dá tempo de fugir.

Fynn deu um leve soco no braço dela e os dois começaram a rir.

- Não liga para ela, Morgan.

- Então, eu sou a Alicce - ela estendeu a mão para mim. - Prazer em te conhecer.

- O prazer é todo meu. - apertei sua mão de volta, sorrindo.
Então, todos na mesa começaram a se apresentar para mim.
Kate era prima de Fynn, tinha o mesmo tom de pele escuro e cachos mais adoráveis do que o do primo. Oscar era o típico nerd do grupo, tinha um óculos grande e redondo e por causa disso seu apelido era "Harry Potter". E, por fim, os irmãos gêmeos, o Alexander que eles chamam de Alex e a Anny. Os dois tem cabelos loiros, olhos azuis e a pele branca, o que os diferencia é que eles são um casal de irmãos, uma menina e um menino, mas não duvido nada que se Anny ou Alex se vestirem como o gênero oposto vão ficar muito parecidos.

- Então, você realmente aceitou ir ao baile com meu primo? - Kate perguntou. - Nem chegou a se perguntar como ele conseguiu seu número?

- Não. - respondi, encolhendo os ombros, envergonhando. Eu realmente não parei um segundo para me perguntar como Fynn conseguiu meu número.

- Eu disse que ele era um completo stalker - Alicce me cutucou. - Corre e salve sua vida!

- Não sou stalker! - Fynn protestou e ela gargalhou alto. - Ele estava no grupo da escola, apenas isso.

Verdade, eu tinha me esquecido disso, eu estou no grupo da escola, porém, nunca li nenhuma mensagem ou coisa assim porque ele está silenciado.
O sinal tocou, fazendo com que todos fossem saíndo do refeitório.

- Você tem aula do que agora? - Alex, o gêmeo de Anny perguntou para mim.

- Física.

- Legal! - Alicce exclamou. - Eu e a Kate também, por que não vem com a gente?

Eu assenti e então todos nós nos levantamos da mesa. Antes que eu saísse para a aula de física junto das meninas, Fynn colocou a mão no meu ombro e com aquele sorriso totalmente provocante, disse:

- Eu falei que não seria ruim conhecer eles.

Dei de ombros como resposta e Fynn sorriu mais ainda, antes de sair.

- Então, Morgan, você tem algum tipo de quedinha pelo meu primo ou algo assim? - Kate me perguntou, enquanto andávamos pelo corredor. Eu não podia acreditar que pela primeira vez eu estava andado por eles acompanhando de pessoas reais.

- Eu não sei.

- Então por que aceitou ir ao baile?

- Bem, talvez seja legal - ergo o olhar para as duas. - Mas ele é bonito.

- Bonito de tirar o fôlego? - Alicce questionou, com um sorriso malicioso estampando no rosto. Acho que já entendi, esse grupinho de amigos do Fynn adoram sorrir.

- É.

As duas se olharam e, óbvio, sorriram. Aposto que vão contar isso mais tarde para o Fynn. Droga! Eu e minha boca grande.
Entrando na sala de física, elas me convidaram para sentar perto delas e essa foi a primeira aula depois de muito tempo que eu levei bronca do professor por estar conversando demais.
Fynn tem razão, não foi ruim conhecer seus amigos, mas eu com certeza, nunca vou deixar com que eles e o próprio Fynn se aproximem demais. Nunca vou deixar que tirem 100% da minha máscara.

Fechei meu armário e me despedi dos gêmeos. A minha última aula tinha sido com Alex e Anny, tínhamos aula de geografia e história juntos.
Coloquei meus fones de ouvidos e fui andado até a saída da escola. E, então, quando sinto uma mão em meu ombro percebo que tem algo de errado com meu disfarce de invisibilidade. Ou, talvez, o disfarce não funcione com ele.

- Fynn?

Retirei meus fones.

- Você não quer uma carona?

- Não, obrigado, minha casa não é longe e eu não quero incomodar.

- Você não é incômodo - ele pegou o que parecia ser as chaves do carro. - Vem logo.

Sem muitas opções, eu o sigo até o estacionamento da escola. Seu carro é um Fiat vermelho.

- Esse carro é seu?

- Não - ele responde, abrindo a porta para mim. - É do meu pai, ainda estou juntando dinheiro para comprar meu próprio carro.

Entro no carro, coloco o sinto de segurança e Fynn também entra, dando partida no Fiat.

- Aonde você mora?

- Na rua de baixo.

- Realmente não é longe - diz, já saindo do estacionamento. - Vamos chegar lá em menos de 5 minutos.

- Eu disse que não era necessário me trazer.

Ele me observa por um tempo e então volta o olhar para a rua.

- A Alicce e a Kate me disseram que você acha que eu sou lindo de tirar o fôlego, verdade?

Aí que merda, eu sabia que isso iria acontecer.

- S-sim.

Fynn sorriu, o maior e irritante sorriso de hoje.

- Eu também te acho lindo de tirar o fôlego.

Ele só pode estar brincando.
Fynn chega na minha rua e eu mostro um apartamento e ele estaciona o carro.

- Obrigado pela carona - abro a porta. - Até.

- Até amanhã.

Fecho e entro aliviado.
Que dia foi esse?
O porteiro me olha com uma cara estranha, afinal, eu sempre volto para a casa a pé e bem sozinho. Ele sabe que eu sou gay, porque desde que eu me assumi para a minha mãe, ela faz questão de contar para todo mundo. E, se ela se encontra com alguém homofóbico, é capaz de começar uma discussão feia. E é por isso que o porteiro me olha daquele jeito e então pergunta:

- Está namorando, Morgan? A senhora Thompson sabe disso?

- Ele não é meu namorado.

As portas do elevador se abrem e eu subo para o meu andar.

Alô?Onde histórias criam vida. Descubra agora