Capítulo 7

220 35 23
                                    

— Por que vocês foram embora? — Alicce perguntou, enquanto eu mordi um pedaço do sanduíche que fiz em casa para não ter que comer a comida nojenta da escola. Fynn, eu percebi, olhava para os meus lábios de um jeito que fazia minha pele arrepiar. Ele não é só bonito de tirar o fôlego, ele todo em si é de tirar o fôlego. — Sabe, deveriam ter ficado até a coroação da rainha e o rei do baile da primavera.

— Por quê? — Fynn perguntou, finalmente afastando o olhar de mim. — Por acaso fomos o rei e o rei do baile?

— Sim! — exclamou. — Como descobriu?

— Idiota — revirou os olhos. — Até parece. Eu e ele somos dois homens e pra constar eu sou negro, ninguém votaria na gente.

— Está bem, é claro que foi aquele babaca do Hunter e a Charlie, namorada dele — admitiu. — Porque Hunter é o capitão do time de futebol, é alto, forte, branco e rico. E a namorada é líder de torcida, branca, rica, magra, aqueles peitos com certeza são silicone e ela usa tanta maquiagem que parece uma palhaça.

Todos na mesa explodiram em risada com o comentário de Alicce, inclusive eu.
O sinal tocou então todos saíram da mesa. Agora eu tinha aula de educação física e essa aula eu tinha com Hunter e Charlie. Coincidência? Eu acho que não.
Despedi-me de todos ali e quando cheguei em Fynn, deixei um beijo na sua bochecha, porque, senhor, minha mãe tem razão, se ele tem uma quedinha que já virou um acidente por mim, quem sou eu para desperdiçar? Ele é bonito, sexy e, principalmente, eu tenho certeza de que ele não vai escapar quando souber o que se passa na minha cabeça. Porém, eu ainda me pergunto, se vale a pena contar ou me apaixonar. Até me pergunto se vale a pena ter amigos. Eu tenho medo de pessoas, mas me esforço para não ter.

— Vamos Morgan! — o senhor Smith, professor de educação física gritou. — Você também Luka!

Segurei para não mostrar o dedo do meio para ele e ao mesmo tempo fiquei feliz por não ser o único desanimado com a aula.
O senhor Smith soprou seu apito barulhento, como sinal para que todos parassem. Professores de educação física que tem apitos com certeza são os piores.
Então, foi quando eu vi, Fynn estava parado frente a frente com o senhor Smith.
Ele olhou para mim e eu rapidamente olhei para os lados me perguntando aonde eu poderia me esconder. Eu estava todo suado, ainda mais que eu não tirava meu moletom porque eu não posso. Ainda bem que a minha escola não é do tipo que faz uniformes para as aulas de educação física, só se você fizer parte do time de futebol americano, natação ou basquete. Apesar disso, o pessoal só se importa com o futebol americano. Observando Fynn agora, me pergunto se ele não joga basquete. Ele é alto o suficiente para isso.
Ele trocou mais algumas palavras com o senhor Smith e eu quase congelei quando o professor literalmente gritou para todo mundo ouvir:

— Morgan Thompson! Fynn quer falar com você.

Todo mundo me olhou e eu apenas caminhei até Fynn que sorria radiante, tentando ignorar os olhares que estavam literalmente me queimando as costas.
Quando estávamos em um canto mais afastado da quadra, o senhor Smith tocou o apito idiota dele e todos voltaram a jogar.

— Então, eu estava na aula de química e a professora queria que eu desse um recado pro senhor Smith — ele começou a falar. — Eu sabia que você tinha aula de educação física agora então eu aceitei vim trazer o recado só pra depois ver você.

Jesus, isso é tão a cara dele. Tão Fynn John.

— Ok, você já está me vendo.

— Você não tira o moletom nem na aula de educação física? — torceu o nariz. — Não está fazendo calor aí dentro?

— Não.

— Bem, eu ia te chamar para ir ao cinema de novo, mas eu pensei e achei melhor uma maratona de filmes.

— Maratona de filmes?

— É, na minha casa, sexta à noite. Pode ser? — ele parecia desesperado pela minha resposta. — Meus pais não vão estar em casa e você pode dormir lá se quiser.

"Meus pais não vão estar em casa" é quase como se ele estivesse me convidado para transar. Às vezes eu acho que ele não pensa antes de falar.

— Pode ser.

Seu sorriso desesperado se transformou em um sincero e grande demais.
Ele é todo bobo, todo ele mesmo.

— Legal — Fynn me deu um beijo na bochecha. Acho que pra ele era o certo a se fazer porque eu dei um beijo nele antes de vim pra essa aula. — Vou indo, tchau.

— Tchau.

Então saiu e eu tive que voltar para a aula, envergonhando, porque todo mundo estava me olhando curioso.

Alô?Where stories live. Discover now