Capítulo 16

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— Fynn! — minha mãe deu um berro. — Querido, que bom vê-lo aqui!

— Olá, Sophie.

— Oi mãe — eu disse. — O Fynn pode ficar para o almoço?

— Claro que sim — sorriu. — Fique a vontade, meu bem. O almoço já está quase pronto.

Fiz sinal para que Fynn me seguisse e ele veio logo atrás de mim, então subimos para o meu quarto.

— Pode deixar suas coisas em qualquer lugar e não repara na bagunça.

Me sentei na cama e Fynn também se sentou comigo depois de deixar sua bolsa caída em um canto do meu quarto.
Olhei pela janela e lá estava a vizinha curiosa, porém a ignorei.

— Fynn.

— Sim?

— Posso te contar uma coisa?

— Você pode me contar qualquer coisa.

— Bem, você lembra do dia em que me ligou para me convidar para o baile? — ele balançou a cabeça. — Você me salvou nesse dia.

— Como assim te salvei?

— Eu ia me matar naquele dia e bem na hora que você ligou eu resolvi parar para atender.

— Meu Deus — Fynn parecia surpreso, eu também ficaria se estivesse no lugar dele. — Isso é sério?

— Sim — respondi. — E eu fico feliz por ter resolvido te atender.

— Eu também fico muito feliz que você tenha me atendido — ele colocou sua mão entre meu pescoço e minha bochecha. — Não consigo imaginar um mundo bom sem que você esteja nele, eu ficaria arrasado se você tivesse se matado.

— Mas você nem me conhecia direito.

— Isso é verdade, mas eu já me preocupava com você.

Coloquei minha mão em cima da dele. Ficamos em silêncio por um tempo até ele se aproximar para me beijar. Eu também não consigo imaginar um mundo bom sem Fynn.

— Desculpa interromper, pombinhos — minha irmã apareceu, de repente, pendurada na porta do meu quarto. — Mas a mamãe está chamando para o almoço.

— Já estamos indo.

Ela deu de ombros e então saiu. Antes de sair do quarto também dei um último beijo em Fynn, e só aí que descemos de volta para a cozinha. Já fazia um tempo que eu não me sentia tão bem.

Retirei minhas roupas e entrei de baixo da água quente no chuveiro. Pela primeira vez olhei para o meu corpo sem sentir nojo, principalmente para os meus braços cheio de cortes antigos e alguns recentes. Entre tantas feridas, achei a flor que Fynn tinha desenhando mais cedo. Dei um sorrisinho e a beijei, antes dela desaparecer por conta da água e o sabão.

Meus dias com certeza estão melhores, já faz um tempo que não penso em nada relacionado ao suicídio, passo mais tempo sorrindo do que chorando e as cicatrizes na minha pele não fazem mais diferença. Eu tenho uma boa família, mesmo que papai faça falta. Tenho bons amigos e com certeza um bom namorado.

— Qual você acha que vai ser o tema da prova de redação? — Fynn perguntou, apoiando sua cabeça na minha perna. E eu puxei meu livro antes que ele deitasse em cima dele. — Estou meio nervoso, não escrevo tão bem quanto você.

As provas de fim de ano estão chegando, e mesmo que eu e Fynn só tenhamos uma aula juntos que é redação, temos estudado. Às vezes somos uma completa distração, porque ficamos nos beijando ao invés de focar, mas ao mesmo tempo é bom porque Fynn me ajuda no que eu não sei e eu o ajudo com o que ele não sabe.

— Não faço ideia, mas não se preocupe, não vai ser nada muito difícil — dei de ombros. — Redação é o menor dos nossos problemas, em meio a química, física, matemática, redação não é nada demais.

Fynn se levantou e me beijou. Ficamos um tempo assim até que resolvemos que já estava na hora de voltar a estudar, e assim fizemos.

Alô?Where stories live. Discover now