Fynn colocou sua bolsa no chão e de lá tirou seu estojo. Ele abriu o estojo e pegou uma caneta preta.
— Me dê o seu braço.
— Meu braço? — ele balançou a cabeça e então eu estendi meu braço. — O que você está pensando em fazer, em?
— Você vai ver, apenas espere.
Fynn levantou as mangas do meu moletom e começou a desenhar, mas eu não conseguia ver o que ele estava desenhado.
— Pronto.
Ele se afastou, guardando a caneta e me dando visão para o meu braço, ele tinha desenhado uma flor ali no meio dos meus machucados.
— Uma flor?
— Sim — ele me mostrou seu braço. — Eu também fiz uma no meu.
— Fynn, não estou te entendendo.
— Toda vez que você pensar em se machucar mas eu não estiver por perto, imagina que essa flor sou eu, e se você corta-lá obviamente vai estar me machucando — disse, enquanto abaixava a manga do meu moletom. — Cuide bem da sua flor, eu vou cuidar muito bem da minha, pode ser?
— Fynn.
— O que?
— Eu te amo.
Ele sorriu.
— Eu também te amo, Morgan.
Sem pensar duas vezes, o puxei para um beijo. Eu com certeza nunca tinha me sentindo tão feliz antes.
* * *
— Não queria dizer nada não — Alicce enfiou um punhado de batatas fritas na boca. — Mas eu vi que vocês mataram aula e só voltaram agora pro intervalo.
— Deixa os nossos pombinhos apaixonados — Kate disse. — Deixa eles.
Comecei a rir mas logo parei quando senti a mão de Fynn segurar a minha de baixo da mesa. Olhei para ele e lá estava ele com aquele sorriso. Apertei sua mão de volta. Eu o amo tanto, tanto.
De repente, o sinal tocou, e eu me senti mal porque não queria ir para aula, nenhuma delas era de redação e a única aula que tenho com Fynn é essa.— Morgan — ele me deu um selinho. — Até depois das aulas.
— Até depois.
Todos na mesa se levantaram e cada um seguiu um rumo diferente para uma aula diferente. Quando as aulas acabaram, eu simplesmente corri até onde eu sabia que podia encontrar Fynn: no estacionamento. E ele estava lá, encostado na sua bicicleta já que seu pai não pode emprestar o carro hoje.
Nunca vou conseguir descrever o que eu sinto, nem se for em um poema, mas a forma que me sinto amado e que amo Fynn é completamente incrível.— Olá, moço, vem sempre aqui? — ele perguntou, com um sorriso. — Vai querer uma carona para casa?
— Sim, porém eu quero mais uma coisa.
— O que?
— Quero companhia em casa.
— Companhia? — ele sorriu mais ainda. — Pode ter certeza que você vai ter.
Nos beijamos.
— Quer dizer que além de ser um maldito negro você é gay? — me afastei de Fynn, a tempo de ver Lily, a tal da garota Barbie. — Eu sabia, você é nojento!
— O que você quer, Lily?
— O que eu quero? — ela questionou, em tom sarcástico. A pergunta de Fynn só parecia ter deixado ela mais irritada. — Você me fez passar uma humilhação hoje e ainda fiquei com zero!
— Sabe de uma coisa, Lily? Eu também me senti humilhado quando você disse aquelas coisas horríveis pra mim — ele subiu em cima da bicicleta e eu percebi que aquilo era um sinal para que eu subisse também, então subi. — E pode ter certeza, essa não vai ser a primeira vez que a vida vai te humilhar, mesmo que você viva em uma bolha grande de proteção e não sai muito dela.
— Você parece um velho falando.
— Pra começo de conversar eu nem queria estar falando com você.
Fynn começou a pedalar e eu encarei a cara fechada de Lily até sairmos.
— Foi hoje a entrega do trabalho de biologia? — perguntei. — Ela estava tão puta.
— Sim foi hoje — ele começou a rir. — Você deveria ter visto, foi bem engraçado.
— Imagino.
Também comecei a rir.
— Morgan, sabe de uma coisa?
— O que?
— Eu te amo muito.
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Alô?
RomanceMorgan Thompson é mais um adolescente da cidade de Picton na Nova Zelândia que cansou da vida, literalmente. Então, em um dia de coragem, ele finalmente decidi que vai colocar um fim em tudo e sentir-se em paz. Ele escreve a melhor carta de suicídio...