Capítulo 8

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E aqui estou eu, na casa de Fynn, que é bem maior que a minha, já que eu moro em apartamento e ele numa casa mesmo.

— Pode deixar suas coisas no meu quarto — ele disse. — Fica lá em cima, eu deixei a porta aberta.

Sem dizer nada, subi as escadas e entrei na única porta que estava aberta.
O quarto de Fynn estava arrumado e fiquei pensando se ele é realmente organizado ou só resolveu arrumar porque eu viria.
Coloquei minha mochila em cima da sua cama e desci de volta.
Escutei um barulho de microondas e então soube que Fynn estava na cozinha.

— Eu fiz pipoca de microondas pra gente — falou, sorrindo e tirando a pipoca lá de dentro. — Você gosta de pipoca, né?

— Acho que todo mundo gosta de pipoca.

— Claro.

Ele estava nervoso. Fynn realmente gosta de mim mas ainda é difícil de acreditar. Como ele pode gostar de alguém como eu?
Fynn caminhou de volta para sala e eu fui atrás dele, um pouco nervoso também.
Ele se sentou no sofá que estava com algumas cobertas e fez sinal para que eu me sentasse também. E então Fynn ligou a televisão e colocou na Netflix.

— O que você quer assistir?

— Eu não sei, escolhe você.

— Pra mim tanto faz — ele deu de ombros. — O que importa mesmo é que você esteja aqui.

— Bem — tentei ignorar o fato de que talvez eu esteja vermelho agora. — Podemos começar com um filme de comédia.

Ele foi para a categoria de filmes de comédia e então eu acabei escolhendo As Branquelas.
Mais tarde assistimos a mais filmes de comédias, depois alguns de terror e outros de romance. Inclusive, eu percebi que, toda vez que o casal principal se beijava, Fynn começava a balançar as pernas de um jeito ansioso.
O último filme que eu me lembro de ver passando na TV, era um filme francês e gay chamado Jonas. Depois disso eu peguei no sono, porque meus olhos não aguentavam mais tanto filme.

Eu acordei com um pequeno jato de luz que tentava entrar no quarto, pela cortina que estava um pouco aberta.
Sentei no colchão e olhei para a cama, aonde Fynn ainda estava dormindo. Ele não ficava muito bonito dormindo mas mesmo assim meus olhos não saíram dele. Fynn estava todo torto e um pouco de babá escorria da sua boca. Porém, o que mais me chamou a atenção é que ele tinha ido dormir sem camiseta e, além dele ter um corpo bonito, eu consigo enxergar bem melhor as suas tatuagens agora.
Não aconteceu nada de uau entre eu e Fynn ontem. Algo me diz que ele só vai dar um primeiro passo quando eu deixar, afinal, eu disse pra ele que não tenho nem se quer uma quedinha o que é mentira. E eu esperava que talvez ele me colocasse para dormir na mesma cama que ele e como desculpa dissesse que não tinha colchão e não queria que eu dormisse no sofá. Mas Morgan, você não está em um filme ou coisa assim. Talvez ele enjoe de você e você vai voltar para aquele quarto escuro, vazio, cheirando a morte e com uma arma na própria cabeça. Porque o mundo não é pra você e nada restou.
Escutei alguns passos lá em baixo, provavelmente os pais de Fynn.
Deitei de novo no colchão e fingi dormir. Alguns minutos mais tarde, escutei a cama rangendo e um bocejo. Ele tinha acordado.
Escutei os passos de Fynn e então a sensação de que ele estivesse me observando.

— Morgan — deu uma risada rápida. — Você fica lindo até dormindo.

Na verdade eu não fico lindo dormindo, eu só estou fingindo dormir. E, pra ser mais sincero, eu não fico bonito nem acordado.
Abro meus olhos e finjo me espreguiçar, para ele acreditar que eu acordei agora.

— Bom dia, Morgan.

Fynn estava sorrindo.
Como ele faz pra acordar de bom humor?

— Bom dia, Fynn.

Após colocamos roupas sem ser nossos pijamas, descemos para a cozinha e o senhor e a senhora John, pais de Fynn, estavam lá. Eles eram idênticos ao filho mas Fynn era mesmo a cara do pai, eu diria uma versão maior, porque ele consegue ser mais alto do que seu pai e sua mãe juntos.

— Então você é o famoso Morgan — a senhora John disse, sorrindo e colocando a panqueca que ela tinha preparado para o café no meu prato. — Ouvimos falar muito de você por aqui.

— O se ouvimos! — o senhor John concordou com a esposa e quando eu olhei para Fynn, ele estava com as bochechas queimando de vermelho.
Eu devolvi um sorriso como resposta e comecei a comer as panquecas.

— Está bom, querido? — a senhora John me perguntou. — Faz um tempo que eu não faço panquecas.

— Está ótimo, senhora John.

— Por favor, me chame de Mia, eu sei que estou velha mas não precisa me lembrar disso.

— Ok, Mia.

— Obrigada.

— E você pode me chamar de Freddy. — o senhor John se pronunciou e eu assenti com a cabeça.
Os pais de Fynn eram legais e gentis, bastante gentis. E, também, são aqueles tipos de pais que sabem exatamente como deixar o filho envergonhado. Eles me contaram a forma engraçada como descobriram que Fynn era bissexual. Mia encontrou o filho batendo punheta enquanto assistia pornô gay e imediatamente pediu desculpas e saiu do quarto, depois ela foi contar ao marido e quando Fynn saiu do quarto envergonhando eles tiveram uma hilária conversa sobre ele ser bissexual e entrar em sites que não deveria entrar. E eu com certeza chorei de rir com essa informação, chorei mesmo, enquanto isso Fynn parecia que qualquer hora iria explodir de tão vermelho que estava.

Alô?Where stories live. Discover now