Dois

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O Carro sacoleja pela estrada difícil de um lugar desconhecido, o cheiro de terra molhada e grama fresca me dão tranquilidade, mas o céu está nublado.

Tenho 16 anos e estou indo morar com minha Tia Joana, a qual é dona e diretora de um internato extremamente famoso na reagião onde se localiza, frequentado por herdeiros de famílias ricas e poderosas de todo o país, pensar que vou viver aqui, me deixa inseguro e com uma sensação estranha na barriga.

Paredes de pedra e uma decoração rústica quase toda em madeira antiga, escadas largas e longas e alguns alunos que andam de um lado para outro com roupas casuais.

É normal que o ano escolar aqui ainda não tenha começado, já que estamos no começo do ano.

Algumas pessoas olham para mim e para minha tia.

- Gostaria que eu levasse sua mala ao quarto senhor Willians?- o motorista pergunta já pegando a mala e ameaçando pegar a mochila que carrego nas costas.

- Não, eu mesmo levo essa.- digo sério - Obrigado.-

O homem caminha subindo as escadas e eu fico sem saber aonde ir.

- Sei que tudo isso é novo pra você, e que se sente deslocado e sozinho, ficamos afastados e você não me conhece, mas espero que possamos nos entender em pouco tempo.- minha tia me olhou por um tempo me lançando um sorriso meigo e simpático.- Seu quarto é o número 27, lado direito do castelo.- disse ela por fim.

O hall de entrada do lugar é grande, há um grande lustre de cristal pendurado no teto, duas escadas, uma na direita e uma na esquerda, e no meio delas uma porta dupla de madeira por onde minha tia acabara de entrar, do lado dirito no pé da escada há outra porta dupla, uma entrada para o refeitório pelo que me parece.

Do lado esquerdo há uma passagem com várias portas onde ficam provavelmente as salas, pelo que sei, a escola tem no máximo, a capacidade lara 100 alunos, de 17 á 18 anos, dividos entre 50 meninos e 50 meninas, nunca passa disso e nunca fica sobrando vaga, ou seja, alguém teve que sair para que eu possa estar aqui hoje.

Meus olhos piscam, e reparo um garoto usando preto no meio da escada me observando de forma hipnótica, é como se ele me esperasse e me conhece, ele não parece feliz de me ver aqui. Alguns alunos parecem usar roupas casauais, na verdade a maioria deles, mas apesar de se vestirem como querem, parece haver um padrão, uma cor que se repete em grupos de amigos.
O garoto que me observa usa preto, um jeans rasgado e uma camisa branca debaixo de um casaco preto, cabelos castanhos um pouco longos e labios grossos rosados, olhos escuros e penetrantes.
Sinto meu rosto queimar e abaixo a cabeça caminhando até a escada, em busca do meu quarto, meu coração acelera enquanto chego mais perto do garoto misterioso e assustador.
Tento passar o mais longe possível dele, mas ele me segura, seu rosto chega perto do meu pescoço enquanto fico paralisado.

- Ela se foi por sua culpa, ela se foi para que você estivesse aqui, você vai pagar.- seu coxixo soa roco e engasgado. Uma onda arrepios percorre meu pescoço me fazendo tremer.
Ele então me solta e continuo parado em choque sem entender oque havia acabado de acontecer.
Me recomponho e passo a mão sobre meu braço agora dolorido, subindo as cansativas escadas. Um corredor grande com muitas portas não me é uma surpresa, lustres pequenos dos dois lados da parede e um tapete enorme no chão que vai do começo ao fim do corredor, um clima amarelado me deixa menos tenso e encontro finalmente, a porta 27, com um pequeno 27 escrito em dourado, a porta é obviamente de madeira e com uma maçaneta também dourada.

Respiro fundo e solto o ar pela boca tomando coragem para abrir a porta.
Seguro a maçaneta fria de metal e abro a mesma.

O quarto é simples, tem apenas uma parede em azul e duas camas, é um quarto pequeno, ao lado das camas tem um móvel de cabeceira e um abajur sobre eles, um pequeno armário na frente das camas e um horário do lado de dentro da porta.

O quarto está vazio, mas meu colega provavelmente já chegou, pois um lado já está bagunçado. Um violino encostado no pé da cama, um caderno aberto e alguns livros como decoração no chão em ordem alfabética, todos de fantasia e romance.
Um poster de um grupo de k-pop enfeita a parede, quatro garotas numa pose perfeita num fundo escuro e meio rosado.
Olho para o caderno e sem querer acaba lendo oque está escrito em uma letra exageradamente perfeita.
"Eles não podem eliminar a terra num jogo de queimada"

Frase estranha e sem sentindo, várias frases do tipo e algo como estratégias para jogar jogos como caça ao tesouro, pelo visto levam as brincadeiras aqui bem a sério.
Ouço a porta e me desequilibro com o susto bagunçando os livros que estavam um sobre o outro em perfeita ordem.

- Me desculpe eu só...-

- Tá tudo de boa. - o garoto me interrompe se abaixando para me ajudar a organizar os livros, ele tem olhos castanhos e pele negra, cabelos grandes com cachos finos e perfeitos, tem um gesso no braço esquerdo e eu olho sem querer.- Gostou do gesso colega?- ele sorri e eu fico sem graça.- sou Lucas, é um prazer novato.-

- Sou Vênus.- digo estendendo a mão e ele estende o gesso, oque nos faz rir.

- Vênus tipo o planeta?- ele diz simpático.

- É, talvez.- sorrio de volta.

Ok, cap 2 pra vocês, comentem por favor.

Me Chame De Vênus Where stories live. Discover now