Três

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- O que fazia mexendo nas minhas coisas?- Lucas ainda sorri esbanjando simpatia, mesmo que com desconfiança por eu estar mexendo nas coisas dele.

- Me desculpe.- disse vacilando com a voz e me afastando do seu lado do quarto.

- Sem problemas.- ele se senta na cama e pega o celular do bolso.

O observo desfarçadamente e penso em algo que poderia usar para puxar um assunto, olho para o violino no pé da cama e imagino que talvez ele toque.

- Você toca?- pergunto indicando violino com os olhos.

- An? Ah sim! Pelo menos eu tocava antes de quebrar isso.- ele ergue o braço envolta do gesso e sorri.

- Entendi.-

- E você? Toca alguma coisa?-

Me lembrei de ter aprendido algumas notas no piano que tinha no hospital uma vez, com um médico que tocava para crianças com cancêr, conhecia alguns macetes.

- Um pouco de piano.- disse e ele estreitou os olhos por alguns segundos até um sinal agudo tocar por toda a escola.

- Hora de comer.- Lucas diz se lecantando e eu o sigo desajeitando quase implorando por sua amizade.- temos um piano.- Lucas diz depois de um tempo em silêncio.

- Sério?! Onde fica?- pergunto ingênuo, enquanto descemos as grandes escadas brancas de cerâmica.

- Não fica na escola, fica fora daqui, nos prédios abandonados. É lá onde acontecem as melhores festas e alguns jogos. Mas se não me engano, também temos um na sala de música -

Uma sensação entranha percorreu meus ossos, minhas orelhas queimaram por alguns segundos até eu me sentir seguro na pequena multidão de alunos que se formou no refeitório bem iluminado da escola, janelas grandes de vidro ficam do lado direito, mesas e bancos de madeira acomodam os alunos que recebem suas refeições ali mesmo sem que precisem se levantar, vários talheres e pratos um sobe o outro me deixam envergonhado por não saber usar e eu observo como todos fazem.

- Oi Lucas! -um garota animada com traços orientais se senta entre Lucas e eu animada.- Oi garoto novo!- ela olha para mim, seus olhos são escuros e seus cabelos são curtos com mechas vermelho sangue, usa uma gargantilha preta com um pêndulo de lua e roupas pretas com detalhes vermelho, Lucas usa verde, na camisa e calça branca.

- Parece que todos já sabem de você.- Lucas diz sem me olhar e enfia sejá lá o que for na boca.

- Eu amo noites de iniciação, sempre saio bêbada.- a garota oriental diz animada.- A propósito, sou Kira.- ela estende a mão e eu aperto.

-Vênus.- Digo.- O que são noites de iniciação?-

- São quando apresentam um novato para os...-Kira foi interrompida por um som oco da porta do refeitório batendo, um garoto totalmente de preto entrou no recindo esbanjando um sorriso malicioso recebndo um olhar matador de minha tia Joana que estava sentada ao lado das mesas, mesa grande que fica perto da janela, ela esta com alguns professores que comem em silêncio.

Ele se sentou perto de alguns alunos que riam da sutuação, provavelmente seus amigos e também usavam preto, uma garota loira beijou sua bochecha e sorriu.
De repente, enquanto eu o observava, ele se virou para mim, seus olhos se estreitaram de forma curiosa e pensativa, como se tentasse me decifrar, seus olhos castanhos me encaram, estamos olho a olho e não conseguimos parar, eu ainda o oberso por cima dos meu ombros enquanto seguro desajeitado, uma colher.
Ele tem cabelos castanhos bem claros, num corte baixo estilo militar, boca avermelhada e um maxilar marcado que se contrai enquanto nos encaramos sem controle, eu pisco e me força a encarar o prato, mas ainda sinto seus olhos sobre mim.

- Não é uma boa idea.- Kira afirma séria.

- Do quê está falando?- pergunto fingindo estar confuso, eu sei do que ela está falando.

- Jonathan Prierri - Kira não me encara e apenas continua- Cuidado com quem você se envolve por aqui.- Kira se levanta de repente e o sinal magicamente toca me forçando a levantar dali.

Passo pelo corredor formado pelas mesas do refeitório e lá está ele, na última mesa perto da porta, me encarando como um abutre, o cara que quase arrancou meu braço na escada mais cedo.

- Perdeu alguma coisa?!- ele se levanta, seu corpo é forte e ele está queimando em fúria por algo que eu nem imagino o que seja.

- Não eu...-sou interrompido.

- Ela não está mais aqui por sua culpa porra!- ele bate na mesa e se aproxima de mim, sinto cheiro de álcool e cigarro.

- Não é culpa dele!- uma voz desconhecida se aproximou de mim e empurrou o peito do cara louco para longe.- não quero que toque nele!-

- Jéssica era sua pritegida e agora, parece que ele vai ser seu protegido!-
O garoto saiu furioso do refeitório e algumas pessoas olhavam, olhei para a diretora que observava sem reagir, como se aquilo não fosse nada de mais.

Ok, Jonathan Prierre, o garoto proibido acabou de me proteger de um cara desequilibrado.

-Você está bem?- estranhamente ele pergunta, como se me conhecece ou se importasse.

- Sim, ele está.- Lucas segurou meu braço e me puxou me tirando dali ao lado de Kira.

Quem é Jéssica?
Oque está acontecendo?
Qual o problema da minha tia?
Que segredos esse lugar esconde?

Me Chame De Vênus Where stories live. Discover now