Doze

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   O Rei, é a peça mais importante no jogo de xadrez.
E apesar do rei ser a mais importante, a rainha é a mais poderosa. Como todas as mulheres, essa peça começou a adquirir sua importância na Idade Média, sua imagem ficou ainda mais forte com a ascenção da adoração a Virgem Maria no século XII.
Mas Henrique provávelmente não sabe disso, seu desejo era que eu escolhesse o rei, a figura que engana á muitos como a mais importante, mas importância, não significa poder.

Diferente de Henrique, eu sou do Clã do sangue, o Clã da rainha, a peça mais poderosa do tabuleiro de xadrez.

O peão é a terra, e o Bispo a água.

Todos gritam meu nome repetidas vezes, assim que Henrique vira meu rosto e minha mão é erguida com a peça para a câmera que nos filma sobre um tripé.
Estamos em algum telão lá fora.

— Seja bem-vindo ao Clã do Sangue.— Uma garota usando vermelho me cumprimenta assim que saio do prédio do fogo.

— Obrigado.— Respondo forçando simpatia, enquanto caminho procurando por algum rosto conhecido, mais pessoas do Clã do sangue me cumprimentam me desejando boas vindas, como se isso fosse mesmo algo bom.
A música já voltou a tocar, algumas pessoas dançam, outras já estão largadas e bêbadas pelo chão.
Avisto finalmente Kira que me encara segurando um copo, Lucas está ao seu lado mas não me olha. Agora ele parece tímido.
Tomo coragem e continuo meu caminho entre a multidão dançante.
Sinto um puxão no braço e meu corpo volta, Jonathan está me segurando, ele me encara, marca o maxilar e eu entendo que tenho que ir com ele, mesmo sem saber para onde exatamente ele quer que eu vá.

Ele me puxa, mas não de forma agressiva, apenas abre caminho para que eu possa passar entre a pequena multidão. Eu apenas o sigo.
Estamos a caminho do prédio da Terra, Jonathan passa rapidamente para trás do mesmo e eu o sigo com os mesmos movimentos.

Há Girassóis, uma grande plantação de Girassóis, a lua clara e brilhante ilumina os mesmo enquanto uma brisa fraca balança suas folhagens ao som de um remix abafado de Umbrella, uma música tão antiga, mas me causa a sensação de nostalgia.

— É lindo.— Digo colocando a mãos nos bolsos do meu moletom.

— Sabia que ia gostar.— Jonathan sorri.

— Porque me trouxe aqui? — O encarei, com uma sombrancelha arqueada, confuso.

— Senta ai.— Ele se sentou e indicou com a cabeça para que eu me sentasse ao seu lado. Me sentei.

— Por que me trouxe aqui?—

— Eu preciso fazer uma coisa.— Ele me encarou e percebi que estávamos próximos demais. — Antes que eu me arrependa.— Jonathan respira de forma lenta e contínua pela boca e sua respiração, atinge minha boca, seus olhos escuros, me encaram como se de dentro para fora, me sinto queimando, meus pelos estão arrepiados, meu corpo está dormente e me sinto flutuar, mas ao mesmo tempo, isso parece errado. Mas antes que eu pudesse pensar em me levantar e fugir, seus lábios tocaram os meus, frios  e trêmulos eles me tocaram.
A mão grande de Jonthan econtrou minha cintura, e institivamente segurei sua nuca, enquanto em um pequeno desespero, pedíamos mais um do outro, em um beijo interminável que sugava nosso oxigênio.

— Jonathan.— Ouvi uma voz chorosa e rouca atrás de mim. Num segundo rápido, nós nos soltamos, era Isa, que correu, fugindo dali e como um predador Jonathan se afastou de mim para ir ao encontro dela. Talvez seja uma ironia, talvez Jonathan sempre vá se afastar de mim para ir ao encontro dela, mas aquilo foi errado.

Oque eu fiz?

Me perguntei enquanto tocava meu lábio com o dedo indicador, encarando os chão e me lembrando da merda que acabei de fazer.

Me Chame De Vênus Onde as histórias ganham vida. Descobre agora