Capítulo 32

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Baoshan se recolheu em seu quarto, pois odiava voar e sempre precisava dormir depois de uma viagem. O voo até Macau durou apenas três horas e eles chegaram ainda antes do anoitecer. Wuxian se viu sozinho e completamente livre para explorar o hotel.

Eles estavam classificados como hóspedes executivos, ou seja, não eram do grupo mais baixo, mas também não eram do mais alto. O convite da tia autorizava que ela levasse até dois acompanhantes que fossem participar da graduação dos estudantes e o consumo no hotel era liberado desde que não envolvesse artigos de luxo ou exclusivos.

Wuxian tomou o próprio cartão que permitia o acesso aos serviços do hotel e decidiu saber onde estava a parte mais legal daquele resort: o bar. Ele sabia que não poderia beber e muito menos ficar de ressaca, mas no dia seguinte, após as atividades com os graduandos, planejava explorar sem medo de ser feliz. Por ter menos de dezoito anos ele não poderia acessar diretamente, mas a tia não era crítica nesse sentido e faria os pedidos por ele.

Baoshan só voltaria ao normal depois de dormir muitíssimo bem, então Wuxian estava se sentindo particularmente aventureiro para desbravar tudo o que tinha ali para ser oferecido.

Enquanto haviam seguido pelas avenidas da cidade, ele percebeu que a arquitetura tinha um aspecto bastante diferente do que se via no resto do país. Parecia ocidental demais e não estava falando das torres que exalavam tecnologia, mas sim das construções que se mesclavam com as casas chinesas tradicionais.

Ele havia perguntado para o motorista e o homem apenas desconversou dizendo que aquilo não era interessante para um jovem, mas sim os cassinos e casas de show espalhados por todo o lugar. Independente disso não era como se algo do gênero fosse chamar muito a sua atenção de qualquer maneira.

Não demorou para que naquela tarde Wuxian soubesse exatamente onde ficava cada um dos entretenimentos da torre, dentre as quatro, onde ele e a tia estavam já que o hotel contava com um sistema de navegação próprio com uma tela em cada corredor demonstrando tudo que aquele cartão poderia dar acesso.

Se negando a ficar mofando no quarto Wuxian se dirigiu para o restaurante. A variedade do cardápio contava com culinária tanto oriental quanto ocidental. Era para ninguém pôr defeito e considerando que já estava naquele horário nebuloso que você não sabe se lancha ou janta, preferiu fazer dois em um.

Já satisfeito com a refeição, descobriu que o hotel era tão imenso que tinha uma área toda voltada para a exposição de arte. Mesmo não sendo o maior fã de estudos maçantes sobre decorar movimentos artísticos que nem sequer lhe agradavam não conseguiu permanecer indiferente as pinturas espalhadas pelos corredores do hotel que reproduziam paisagens bucólicas da China antiga e mitologia.

No primeiro andar e com pouco movimento ficava a exposição permanente e no segundo pavimento da galeria acontecia o que parecia ser uma exposição exclusiva de um cara chamado Damien Hirst fechada para alguns convidados.

"Provavelmente deve ser algum artista vendendo obras toscas para os endinheirados metidos a conhecedores de arte ter o que conversar quando quiserem pagar de cultos". Wuxian se lembrou do que Huaisang lhe disse já que nunca gostou dessas exposições feitas para serem punhetas intelectuais sem qualquer criatividade dos supostos artistas.

O amigo preferia muito mais o grafite das ruas, a expressividade de danças dos guetos, os espetáculos das drags e das putas. Wuxian mais de uma vez viu o Nie mais novo falar que ali exalava criação e vontade de encantar já que partia da alma, se não da alegria ao menos do desespero. Ele achava isso o máximo e passou a entender que não havia vergonha dizer que preferia o retrato produzido pelo desenhista anônimo na praça em detrimento a um Kandinsky da vida e sua falta de significado.

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