Capítulo 8 - Secando as lágrimas

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Vitoriano a amparou mais, que espécie de dor era aquela que a paralisava? Inês era corajosa e sorridente e muito direta. O que poderia fazer com que ela se sentisse tão frágil? O que poderia ser tão profundo a ponto de tirá-la do centro...

VITORIANO– Inês, meu amor, me diga o que aquele maldito fez...– a respiração já se acelerando, estava em chamas.

INÊS– Loreto me violentou, Vitoriano, ele me violentou...

Vitoriano sentiu todo seu corpo retesar. A força de um leão em fúria passou por todo seu corpo, ele queria que aquelas palavras não fossem a verdade. Não podia ser, Inês tinha sido violentada?

Isso explicaria tudo, isso explicaria ela ter ido embora, explicaria ela não ter se explicado ou despedido no passado, explicaria ela ser a pessoa que ela era agora, cheia de cuidados e firme em si mesma.

Uma violação, essa era definição exata para um estupro. Quando uma mulher é estupra, ela perde o seu centro, sua razão, suas esperanças. Ao ser tomada a força, as mulher perde aquilo que tem de mais sagrado, sua liberdade.

Um estupro é a violação do corpo, do coração e a da alma de uma mulher. Quando a palavra não, não é respeitada, a pessoa agredida fica sem saber como se defender. E por que devemos ter que nos defender uns dos outros?

Nenhuma mulher merece ser estuprada. Não importa sua cor, crença, etnia, religião ou escolha de profissão. Não é a culpa de nenhuma mulher, nem de algo que ela tenha feito, o estupro. Um agressão sempre será culpa do agressor! Isso tem que ser entendido e refletido em todas as instâncias do convívio social.

Inês era a vítima, vitima de uma sociedade que puni a vítima e dá margem aos agressores de continuarem impunes. Inês não merecia passar por isso porque nenhuma mulher merece! Vitoriano a apertou com força contra seu corpo. Ela precisava de segurança. Ele daria agora a segurança que ela não deixou que ele ofertasse antes.

VITORIANO – Por Deus, Inês...– ele suspirou sofrendo com aquelas lágrimas que saíam dela sem uma forma exata de definição, era por tudo, por tudo que havia passado e por tudo que tinha medo de voltar a passar.– Eu sinto tanto, meu amor, eu sinto tanto!

E como é comum aos homens que tem sentimentos, ele chorou, chorou por ela, pela dor de guardar sozinha aquele peso, de ser solitária em sua dor, de perder o amor por conta daquela desgraça.

INÊS – Eu queria te contar, mas eu não tive forças, eu não tive, meu amor, eu não tive...– chorando abraçada a ele, pareceu que o peso de uma vida lhe saía das costas e ela por fim, podia voltar a viver.

VITORIANO –Você viveu com isso sozinha todo esse tempo, meu amor, só você e essa verdade tão triste. Eu sinto muito, muito, muito mesmo.– ele puxou o rosto dela e segurou com suas duas mãos para que ela olhasse para ele.– Você não foi porque não me amava, você foi por medo, por vergonha.

Ela não conseguia olhá-lo, sentia-se tão mal, tão triste, tão fora de lugar, tão exposta com todas aquelas verdades. Seus olhos se fecharam e ela não olhou para ele, não conseguiria nunca mais olhar para ele depois de revelar aquela verdade.

VITORIANO – Meu amor, minha Morenita, você não teve culpa, você não fez nada errado.–secou as lagrimas dela.

Vitoriano era um homem e ele não precisava tomar mulheres a força. Homens de verdade não precisam de outro artifício além do amor para terem uma mulher. Quando uma mulher é amada, ela se dá! Se dá por prazer, por amor, por respeito ao outro. Se dá por momentos únicos e por uma vida inteira.

INÊS – Eu sinto tanto nojo, tanta raiva, tanta tristeza.– ela abaixou a cabeça.

Vitoriano a pegou e com carinho se sentou na cama e a colocou em seu colo. Inês tinha os olhos avermelhados de dor e lágrimas e ele a tocou.

VITORIANO – Você não precisa mais se sentir assim, porque não importa o que aquele monstro tenha feito, vamos consertar.– olhou para ela chorando e chorou de novo.– Eu não posso mudar o que ele fez com você, mas posso mudar o nosso futuro. Você e eu nãos seremos mais vitimas de ninguém. De mais ninguém!

INÊS – Eu fui embora com ele porque eu tive medo de contar a você.– ela falava desconsolada.– Eu te conheço e sabia que você ia querer matá-lo, ia querer fazer alguma coisa para tentar consertar isso.– ela o tocou no rosto sem olhá-lo.– Mas não tinha conserto, já estava feito. O que você fizesse não mudaria o que ele tinha feito, Vitoriano. Eu escolhi não destruir a sua vida também, porque eu te amava.– ela o beijou com carinho e por fim olhou dentro dos olhos dele.– Eu te amava tanto que não podia sacrificar sua vida também... A minha já estava perdida...

As testas se uniram e os dois choraram, aquele momento era o mais difícil que os dois estavam passando juntos, desde a separação. Inês sentiu que ele lhe aconchegava em seus braços e se sentiu segura, se sentiu próxima, amada, protegida.

VITORIANO – Meu amor, eu sei que você me amava, mas devia ter me contado e nós não teríamos perdido tantos anos de nossa vida.– ele ajeitou os lindo cabelos negros dela.– Aquele maldito destruiu as nossas vidas.

INÊS – Eu pensei tantas coisas, Vitoriano...– ela saiu do colo dele e ficou andando enquanto falava o que sentia.– Eu pensei que você poderia matá-lo, eu pensei que você poderia não me querer mais, que você poderia ficar com nojo de mim, de meu corpo, de minha companhia...

VITORIANO – Meu amor, não diga essas coisas!– ele ficou de pé e se aproximou dela.– Eu nunca sentiria nada ruim por você, Inês, nunca, você é o meu amor! Eu nunca amei mais nenhuma mulher, nem mesmo a mãe de minhas filhas, nem mesmo Diana, que foi uma maravilhosa esposa e você sabe disso.– ele a puxou para ele.– Eu sempre esperei, ainda que com o coração sofrido, cheio de dor e dúvida, que um dia você me colocaria de volta em sua vida....

INÊS – Eu sempre amei você... Eu sempre te amei, Vitoriano, você é o homem da minha da minha vida...– abraçou o corpo dele com loucura.

VITORIANO – E você a mulher da minha... Eu te amo, muito Inês...

O beijo que seguiu era carregado de amor, desejo, de paixão e súplica. Tudo que os dois mais precisavam era um do outro, estarem juntos e por fim viver aquele amor. Inês se deixou envolver, sentindo o mundo parar com aquele homem maravilhoso a tomando em seus braços.

Mas por alguma mágica forma de ver a vida e por um espelho de moralidade que era só dela, Inês se afastou dele e o olhou...

INÊS – Isso é loucura! Você se casou, você tem uma esposa, você tem um amor e...– ela se deu conta de que aquele não era o seu Vitoriano, o seu homem jovem e sozinho do passado, ele agora era aquele homem com um compromisso e um filho a caminho.

VITORIANO – Inês, eu vou me separar de Débora e vou casar com você!– ele foi direto.

INÊS – Por Deus, Vitoriano, você acabou de engravidá-la! Ela está esperando um filho seu!

VITORIANO – Você também!– ele sorriu para ela de modo encantador.

INÊS – Você está louco?– ela o olhou, estava perto de novo.– Eu não posso mais ter filhos, estou velha e ...

VITORIANO – E não toma anticoncepcionais... porque você não tem uma vida sexual...– ele a enlaçou nos braços e a olhou nos olhos.– E estamos fazendo amor desde ontem... Já tem um filho meu na sua barriga. O filho que não tivemos...

INÊS – Vitoriano, não diga essas coisas... Sua esposa está grávida!– falou querendo se livrar dele sem conseguir, aqueles braços eram especiais...

VITORIANO – Ela é a minha atual esposa, mas o meu amor é você...

Obrigada a todos que estão lendo nossas histórias neste dia especial de maratonas... Estamos aqui porque vocês estão aí. Beijos em todos!

LAS AMAZONAS - LA - VIVENDO NOSSO AMOR - SEGUNDA TEMPORADAWhere stories live. Discover now