Capítulo 20 - Os papéis

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INÊS – Eu não quero que você fique com ele, não quero que se aproxime e que tenha contato porque ele é um homem mal.– ela soluçou nos braços do filho.

EMILIANO – Eu te amo, mamãe, eu não vou te deixar. Eu te amo mais que tudo, chefa!– ele chorava com a mãe e Victoriano suspirou aliviado ao vê-lo dar aquela resposta tão calorosa. Foram alguns minutos abraçados os três em dizer nada, até que Emiliano segurou o rosto da mãe e lhe perguntou.– Mãe, eu sou fruto de um abuso. Meu pai abusou de você para que eu nascesse?

Inês sentiu o corpo todo responder, é o tipo de notícias que não se dá a um filho, que não se pode dizer para que ele não sofra. Ela sentiu que mentir naquele momento era a pior das escolhas. Mas não iria mentir porque estava no momento da verdade com o filho.

VITORIANO– Emiliano, algumas coisas não devem ser ditas. Não importa mais essas coisas, filho querido.– ele se aproximou e ficou mais perto dos dois.– O que importa é que temos você, você está aqui e queremos que seja feliz ao nosso lado.– tocou o rosto dele com amor.– Você não precisa de nada dele.

INÊS – Isso, meu amor, você não precisa de nada dele!– ela falou deitando sua cabeça no peito do filho com amor e sentindo que ele seria o mais correto dos homens sempre, diferente do pai.

EMILIANO – Mamãe, eu preciso saber porque não posso mais viver com nenhuma mentira!– ele tocou Inês e a apertou contra seu peito.– Eu quero que me diga porque eu mereço entender e saber como as coisas foram.

Inês se afastou do filho e sentiu-se mal, tudo pareceu girar. Victoriano percebeu que ela não se sentia bem quando colocou a mão na barriga e fechou os olhos. Foi até ela e fez com que ela se sentasse na cadeira. Emiliano também foi até a mãe e se abaixou se colocando entre as pernas dela com carinho, ajoelhado e dando atenção.

INÊS – Eu amo você, meu filho, você é a parte mais importante de minha vida!– ela proferiu sorrindo para ele com a expressão de alegria estampada nos olhos.– Eu não penso na forma como você foi feito, nem no pai que você tem!– ela tocou o rosto do filho e ele chorava.

Foram mais lágrimas e ela não precisou dizer mais nada, sim, Emiliano era fruto de um abuso, filho de um abusador, mas ele não era como seu pai. Inês tinha conseguido fazer o que era certo, criá-lo com todo amor do mundo e fazer dele um homem especial.

EMILIANO – Chefa, você precisa descansar, precisa comer alguma coisa e descansar.– ele beijou ela com carinho.– Por hoje já chega, eu não quero saber de mais nada, não quero ouvir mais nada sobre esse homem que fez tanto mal a você.– ele sentenciou e segurou nas mãos dela beijando em seguida.

INÊS – Meu filho, eu quero que fique longe dele, preciso que fique longe dele.– era um pedido suplicante e tanto ele quanto Victoriano perceberam o medo que ela ainda sentia de Loreto depois de todos aqueles anos.

VICTORIANO– Emiliano, você não precisa de um pai como ele, você sempre terá a mim!– ele sorriu batendo no ombro do jovem e sorrindo.

Foram mais alguns minutos e Emiliano saiu ainda aturdido e cheio de tensão. Não tinha dita a nenhum dos dois, mas aquilo não ficaria por isso mesmo, não, não ficaria. Ele teria o seu momento com aquele homem que tinha feito tanto mal a sua mãe. Chegaria em breve, talvez até, naquele mesmo dia.

Sendo assim, Emiliano, planejou o momento de acerto que teria com seu pai, distante de todos e consciente de que poderia não ser um momento muito agradável. Inês e Victoriano foram para o quarto e depois de beber um copo de água com açúcar, ela suspirou e o olhou.

INÊS – Victoriano... meu amor, eu preciso que me ouça...– ela pegou a mão dele, estava deitada e se sentia tonta ainda, era a tensão daquele momento com o filho.

LAS AMAZONAS - LA - VIVENDO NOSSO AMOR - SEGUNDA TEMPORADAOnde histórias criam vida. Descubra agora