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— Jihyun! Acorda.

Alguém já te falou que no final da tempestade vem o sol e com ele o arco íris? Obviamente quase todos já ouviram essa frase centenas de vezes. E é claro que o arco íris chega, mas ninguém diz que a tal tempestade vai durar o suficiente para te fazer cogitar a se deixar afogar.

Para Park Jimin por exemplo, a tempestade já durava anos, especificamente desde a morte dos seus pais.

Ele e o irmão mais novo foram deixados na casa dos tios, e acharam que poderiam viver e aguentar até a maioridade do mais velho.

Mas não foi o que aconteceu. Sinceramente, Park nunca foi uma pessoa orgulhosa, muito menos cheia de ego. Má alimentação, higiene precária, falta de apoio financeiro e emocional. Ele poderia aguentar tudo com a promessa de um dia tirar o caçula dali e irem viver bem longe daquela gente.

Mas quando viu a única pessoa que tinha na vida, apanhando de um covarde que se dizia sua família, foi o máximo que conseguiu aguentar. Por isso fugiram daquele inferno.

Mas como dois garotos de dezoito e quinze anos fariam para sobreviver em uma cidade como Seul? Onde a juventude era vista como o primórdio e as leis eram demasiadamente rigorosas.

— Anda logo garoto. — o mais velho arremessou o travesseiro no tronco do outro que se encolhia embaixo dos cobertores grossos. — Temos que sair daqui antes que o velho chegue.

Com o choque do travesseiro em seu corpo magricela, o garoto resmungou manhoso, odiava acordar mais cedo que o necessário só para evitar um encontro com o dono do galpão onde dormiam escondidos todos os dias. A verdade era que o velho ChulMoo, deixava que Jimin ficasse durante a noite ali, só porque o garoto cuidava do local até o amanhecer. Mas ele nem sonhava que o rapaz além de praticamente morar no lugar, ainda levava o irmão.

E tudo piorava no inverno, já que quando saiam ainda estava escuro e muito gelado.

O frio na madrugada era rotineiro, e Jimin nem cogitava a ideia de se dar ao luxo de dormir aquecido, se isso significasse ouvir os dentes do irmão mais novo rangendo pela temperatura baixa. Então com a desculpa de que não sentia frio, agasalhava-se com os moletons que tinha, e cedia os dois cobertores para o mais novo.

Depois de ter saído da casa dos tios com o irmão, o garoto se viu completamente perdido. Não tinham para onde ir, e se pedisse ajuda da polícia ou do estado, só teria duas alternativas: ou voltar para as garras do marido violento de sua tia, ou os dois iriam viver em abrigos separados. Já que seu irmão caçula ainda não tinha dezesseis e não poderia ficar com jovens adultos.

E isso era inegociável, Jihyun tinha deixado bem claro que não queria em hipótese alguma ficar longe de Jimin. Era eles contra tudo e todos, e seria sempre assim.

Por isso fingiam estar bem, tomavam banho alí todos os dias quando chegavam para dormir, e quando o velho desligava a água antes de sair, ficavam sujos mesmo, ou tentavam usar os chuveiros do colégio. Era assim todos os dias, comiam o que podiam no refeitório da escola, e algumas coisas que Jimin conseguia no trabalho meio período que tinha em um restaurante — que ele conseguiu graças há dias e dias de insistência com o dono — e assim seguiam a vida, escondendo a situação miserável de todos.

— Eu não vou falar de novo, moleque! — Jimin esbravejou alterado. Todo dia passava pelo mesmo sufoco de ter que acordar seu irmão.

— Estou indo. Você é muito mal humorado! — o mais novo bradou, chateado.

Park até pensou em retrucar, dizendo que é óbvio que ficaria mal humorado na situação que vivia. Mas isso só serviria para deixar Jihyun chateado, então tratou de terminar de esconder suas coisas dentro da mochila grande e escondê-la no canto no galpão, assim como as coisas de Jihyun.

Fraternity •jjk+PjmWhere stories live. Discover now