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2 anos antes. Primeiro ano do colegial.

— Babacas! — Jimin grunhiu, tentando limpar o resto de gema de ovo de sua camisa do uniforme.

Já fazia alguns meses desde que tinha entrado no colégio e tudo parecia piorar a cada dia.

Como ele iria explicar essa mancha no uniforme para sua tia? Levaria um esporro, isso sim.

Taehyung tinha faltado na aula e isso resultaria em vários ataques vindo dos colegas de classe. Já que o ódio contra Jimin parecia a única coisa que unia aquele bando de trogloditas. E ele não se importava, não mesmo. Era só uma fase, e ele deveria estar feliz por estudar em um colégio como aquele. Doce ilusão.

Mas o problema era que a cada olho roxo que recebia, se tornava mais um dia sem jantar para ele e o irmão, e Jihyun não deveria pagar pelas suas besteiras.

Isso deixava Jimin enraivecido, Jihyun não deveria passar por nada das tantas coisas que tinham acontecido durante todo esse tempo. Mas não era como se o universo se importasse em poupá-lo.

Ele é tão miúdo — lembra de ter dito quando o caçula nasceu, e ainda ressonava tranquilo no colo de sua mãe.

E não tinha mudado muita coisa, Jihyun ainda era um magricela baixinho, por isso a vontade incontrolável de o proteger de tudo. Mas como fazer isso se os abusos vinham de sua própria casa?

Jimin daria tudo para ser um pouco mais inteligente e descobrir um jeito de mudar tudo isso.

As aulas estavam passando rápido, e o garoto esbanjava felicidade. Era aniversário de Jihyun e ele compraria um pedaço de torta da cantina. A preferida do irmão.

Normalmente eles não comiam muitas coisas diferentes, e o mais novo ainda era um moleque chorão que adorava doces.

— Pois não, querido? — a mulher que trabalhava na cantina indagou, assim que o garoto apareceu no balcão, eufórico.

— Uma torta de chocolate, por favor!

— Qual pedaço?

Jimin começou a pensar, queria levar o maior, mas olhou para o dinheiro amassado entre seus dedos, e sabia que não seria suficiente.

Contou suas moedas várias vezes para ter certeza que o valor estava certo, e disse por fim:

— Pode ser um pedaço pequeno, mas que não seja tão pequeno assim!

A mulher que viu tudo pelo vidro do balcão, sentiu o peito apertar. Sabia da morte recente dos pais de Jimin, assim como todos do colégio. Mas não poderia intervir muito, e por isso pegou um pedaço médio e entregou ao garoto.

Jimin agradeceu, convencido que tudo ficaria bem até chegar em casa.

Mas é claro que se dependesse de sorte sua não seria bem assim.

Ao sair apressado do colégio, afim de pegar o ônibus para casa, um de seus colegas de classe — que o observava desde a compra do doce — o seguiu para fora dos portões, junto de outros garotos.

Jimin percebeu na hora que estaria em apuros, mas tinha a esperança de que se não corresse, talvez não chamaria tanto a atenção para si.

— Ei, Park, não acha que é o suficiente comer toda a comida do colégio, tem que roubar pra levar pra casa também? — o mais alto dos três caçoou. Arrancando risos dos outros ao seu lado.

Jimin ainda de costas para os colegas continuou andando, ele queria evitar qualquer briga naquele dia. O que importava mesmo era chegar em casa bem, para que seu irmão não sofresse represálias. Mas os garotos pareciam empenhados em o humilhar, por isso quase chorou de raiva quando sentiu um impacto em suas costas.

Fraternity •jjk+PjmOù les histoires vivent. Découvrez maintenant